Em 2024, a gente deseja dignidade e direitos garantidos pra quem está na quebrada. E a inspiração vem de quem já protagoniza essas histórias do lado de cá e que contamos no ano que se passou.
Em geral, são Mulheres de Fé, sejam católicas, evangélicas, benzedeiras ou do candomblé, presentes em espaços sagrados que fincamos o pé para registrar as vivências e reivindicações.
Mães de santo periféricas celebram primeiro Dia do Candomblé com expectativa de “tempos melhores”
Reverenciamos grandes mulheres, como a intelectual Sueli Carneiro, na realização de um festival de funk feito totalmente por elas ou na presença de lideranças importantes do Hip Hop, como Dorothy e Nenesurreal no ano em que o movimento que ajudou a formar nossa identidade comemorou meio século e apresenta novos caminhos e possibilidades a partir das periferias.
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A cultura periférica está mais viva do que nunca, desde as manifestações de persistência até inovações inspiradas em realities ou convenções gigantescas, promovendo a leitura e discutindo ideias em nossos próprios festivais. Tá estampada na camisa do time da várzea e que revela grandes talentos e nos ensina desde cedo como torcer também.
A resistência indígena também foi pauta o ano inteiro, desde o festival Jaraguá é Guarani, na zona Noroeste da capital, até as vivências no território indígena do Extremo Sul que garantem alimento, cultura, memória e existência neste mundo.
Falando em alimentação, lembramos histórias de quem ocupa a terra, planta, colhe e cria meios próprios para combater a fome, como o MST e o programa Agentes Populares de Alimentação.
A gente também dichavou outras ideias, que precisam de um olhar mais aprofundado. E na seção De Lupa na Arte, colamos e conferimos manifestações artísticas produzidas por artistas de periferias. Da funkeira que transformou seu escadão em um museu a céu aberto à peça de teatro que começa no trem e termina na várzea; do livro das catadoras de recicláveis ao stand up comedy na quebrada; da “Améfrica” possível num álbum musical aos afetos de pessoas trans na encruzilhada de Exu.
Também ampliamos os espaços para outros pensamentos. Muita gente deu a letra sobre vários assuntos por aqui, com embasamento.
Discutimos transcestralidade, com memórias e perspectivas de futuro de pessoas trans; Os 20 anos da lei que determina o ensino da história e cultura afrobrasileira nas escolas e os 10 anos das jornadas de junho de 2013 pela tarifa zero; a disputa nos conselhos tutelares e os direitos de crianças e adolescentes; e a luta de mulheres lésbicas e pessoas com deficiência por direitos, afetos, possibilidades.
Se por um lado alargamos a fala, por outro conseguimos sintetizar muitos sentimentos nas aventuras de Dona Mirtes, que chegou pra resumir as ideias em diálogos que a gente precisava ouvir. Por meio de charges e tirinhas, a mulher fala de tudo: da ditadura ao fundamentalismo religioso, com consciência de classe e tratamento justo às crianças.
E é por tanto ouvir “Donas Mirtes” que criamos o “E agora, PEM?”, um tutorial da Periferia em Movimento que busca responder perguntas do dia a dia em formato de podcast e cards, que são enviados por whatsapp direto ao celular das pessoas.
E o que vai ser assunto e mobilizar debates em 2024? Por aqui, na inspiração das histórias que nos mantêm de pé, desejamos um ano com comida, diversão e arte.
Redação PEM