2023 é um ano histórico.
No dia 1º de janeiro, após 4 anos de avanço reacionário e uma campanha eleitoral tensa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltava ao Palácio do Planalto – e a Periferia em Movimento esteve em Brasília para presenciar esse acontecimento. E apenas uma semana depois, bolsonaristas tentaram dar o golpe na República, um indício do que estava por vir.
Por aqui, seguimos pautando a política institucional ao longo do ano, sempre a partir dos interesses das populações periféricas, especialmente de São Paulo.
Avaliamos as principais medidas adotadas pelos governos do Presidente Lula e do governador paulista, o Tarcísio de Freitas, pra combater a fome e a pobreza e gerar trabalho e renda.
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Falamos da inédita Secretaria Nacional de Periferias, que tem a missão de encampar as demandas de territórios periféricos no governo federal. E, em âmbito municipal, discutimos medidas como a possível adoção da tarifa zero pelo prefeito paulistano, o Ricardo Nunes (MDB), que quer se reeleger em 2024. Falando nisso, a gente colou pra ouvir o concorrente direto dele na disputa, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Acompanhamos a disputa, que nem deveria ser política, em cada localidade durante as eleições para os conselhos tutelares – aliás, com as reportagens que geraram a maior audiência que tivemos em todo o ano, o que demonstra a importância do assunto.
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Mas a gente sabe que periferia é luta. Enfrentamento direto com quem tá instituído ali no poder.
E a gente pautou isso também, desde a mobilização contra a terceirização das casas de cultura na cidade de São Paulo até a denúncia de um equipamento cultural fechado há mais de ano em Parelheiros.
Ouvimos e cobramos parlamentares periféricas, além de representantes de órgãos públicos, sempre levando em conta o que os movimentos e coletivos reivindicam. A gente trouxe também a falta de protocolo da Prefeitura paulistana para lidar com racismo nas escolas municipais, explicamos o que tá em jogo com as mudanças no Plano Diretor da cidade e nos planos de privatização de empresas do Estado, como a Sabesp, a CPTM e o Metrô.
O ano de 2024 já está aí e tem mais disputa na política, porque a gente vai ter eleições municipais. As periferias, de novo, estão no centro do debate.
A gente vai ter o poder?
É necessário ouvir o barulho das ruas, e não estamos falando apenas do tradicional “randandandan” dos escapamentos de moto que dominam o som da quebrada nessa época do ano. Outros barulhos evidenciam o que tá pegando: onde a corda tá esticando, tá por um fio ou já arrebentou?
No último ano, o jornalismo de quebrada da Periferia em Movimento esteve mais um ano nas ruas, becos e vielas, com quem fala, grita, faz barulho, mas nem sempre tem a voz respeitada.
Acompanhamos o despejo de famílias em um bairro de Osasco, denunciamos as remoções promovidas pela Prefeitura de São Paulo no Extremo Sul da cidade e o absurdo que justifica a ordem para a retirada de famílias em Cajamar.
Na zona Sul paulistana, movimentos por moradia se mobilizam contra a ameaça de retirada de mais de 10 mil lares e reforçam que “nosso endereço é na luta”.
E a luta é na porta do metrô, das periferias ao centro da cidade.
Trouxemos outros pontos de vista para o que muita gente acha já sabe bem, como o racismo ou os efeitos da distante pandemia, seja na vacinação ou na saúde mental. Destrinchamos toda a complexidade que envolve as drogas K:
Drogas K: Canabinóides sintéticos desafiam profissionais de saúde nas periferias
E colamos para acompanhar e contar o que pensam quem não necessariamente tá nos movimentos. Afinal, o que pensam entregadores de aplicativo, diaristas, trabalhadoras sensuais da internet ou autônomos?
Raiva, paciência, desorientação, estratégia. Qual é a palavra de ordem de 2024?
Se em 2023, a gente produziu mais de 160 conteúdos jornalísticos (sendo mais de 100 reportagens) em formatos diversos (textos, fotos, vídeos, podcasts, infográficos e até charges) e alcançou mais de 1 milhão de pessoas, o que é certo é que estaremos lá para registrar e contar novas histórias.
Em 2024, a Periferia em Movimento completa 15 anos de trajetória. A gente se encontra nas redes, nas ruas e em todos os espaços necessários. Até mais!
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