Criada no Jardim Reimberg, no Grajaú (Extremo Sul de São Paulo), Amanda Paschoal (PSOL) está entre as cinco candidaturas mais votadas na cidade para uma das 55 vagas da Câmara Municipal. Assessora parlamentar da deputada federal Erika Hilton, Amanda também é uma travesti e conquistou 108,5 mil votos na disputa.
Educadora de cursinho da rede Emancipa, Amanda é um dos novos nomes oriundos de movimentos periféricos da cidade a chegar ao Parlamento. Ela chega para fazer companhia a Luana Alves (também do PSOL), também oriunda do Grajaú e do Emancipa, que depois de ganhar em 2020 obteve 83 mil votos e conseguiu se tornar a primeira mulher negra a se reeleger para um novo mandato na cidade de São Paulo.
Outra mandata reeleita foi a de Silvia da Bancada Feminista (PSOL), com 34,5 mil votos. Entre as integrantes da candidatura coletiva, está Naiara do Rosário, outra moradora do Grajaú.
Por outro lado, Elaine do Quilombo Periférico (PSOL) obteve 15,5 mil votos e não conseguiu se reeleger. A candidatura coletiva liderada por uma mulher negra da Cidade Tiradentes desempenhou um mandato antirracista e fortemente ligado à cultura das quebradas.
Jussara Basso (PSB), que era suplente e assumiu em 2023, contou com 3,6 mil votos e também não conseguiu se reeleger. A vereadora é ex-liderança de movimentos por moradia na zona Sul e fez um mandato identificado com pautas periféricas.
Novos nomes: quem entra ou não?
Entre as novidades do próximo mandato, está Keit Lima (PSOL). Moradora da Brasilândia (zona Norte), ex-assessora parlamentar e defensora da “favela no orçamento”, é a terceira vez que ela se candidata a uma disputa parlamentar – e, dessa vez, bateu na trave e entrou. Foram 27,7 mil votos para a candidata.
Quem também estreia na Câmara é Dheison (PT), morador do Grajaú que tem como padrinho político o hoje deputado federal Alfredinho, um nome conhecido da região. Ele obteve 30,5 mil votos.
Enquanto isso, várias candidaturas periféricas ligadas a movimentos populares não obtiveram votação suficiente. É o caso de Geraldo da Bancada Periférica (PT), que chegou perto mas ficou de fora, apesar dos 27,1 mil votos.
Também não se elegeram Deborah Lima (PSOL), com 23,6 mil votos; Carol Iara (PSOL), com 20,4 mil; Carmen Silva (PSB), com 9,7 mil; Chirley Pankará (PSOL), com 9,6 mil; Neon Cunha (PSOL), com 8,2 mil; Danilo Pássaro (PSOL), com 5,5 mil; Mayara Torres (PSB), com 5 mil; Jr. Freitas (PSOL), com 4 mil; Sandrão RZO (PT), com 3,9 mil; Professora Flavia (PSTU), 2,2 mil votos; Erick Ovelha (PSOL), com 1,5 mil votos; e Ingrid Soares (Rede), com 725 votos.
Pessoas que fizeram seus nomes relacionando-os a territórios periféricos e se associaram a partidos de direita também estão fora do novo mandato. É o caso da ex-secretária de Cultura Aline Torres (MDB), que é da Brasilândia. Ela obteve pouco mais de 17 mil votos.
Também ficaram de fora o Advogado Everton (Podemos), com 3,8 mil votos; o cantor Marquinhos Sensação (MDB), com 2,3 mil votos; Daniel da Orpas (MDB), com 2 mil votos; Vagner Fernandes (Solidariedade), de Parelheiros, com 1,4 mil votos; e Emerson Rosa (Nova), do Grajaú, com pouco mais de 1 mil votos.
Velhos rostos e mais do mesmo
Silvão Leite e Silvinho Leite, ambos do União Brasil, vão estrear no Parlamento. Eles tiveram 64 mil e 53,4 mil votos, respectivamente. E apesar do sobrenome adotado, não fazem parte da família Leite, que é liderada por Milton Leite. O atual presidente da Câmara Municipal lançou – e elegeu – seus afilhados políticos. Ele também apoiou a Pastora Sandra Alves (União), eleita com 74 mil votos.
Velhos nomes conhecidos da quebrada retornam à Câmara no próximo ano. Boa parte é da base do atual prefeito, Ricardo Nunes, que lançou mais de 500 candidaturas nesta eleição.
É o caso de Isac Félix (PL), com 62 mil Rodrigo Goulart (PSD), que teve 58 mil votos; Sidney Cruz (MDB), 42 mil votos; e Marcelo Messias (MDB), com 40 mil.
Também compõem a base de Nunes algumas das candidaturas mais votadas, como é o caso do bolsonarista estreante Lucas Pavanato (PL), o vereador mais votado desta eleição, com 161 mil votos. Em segundo lugar, ficou Ana Carolina Oliveira (Podemos), mãe da menina Isabela Nardoni, com 129 mil votos. Dr. Murillo Lima (PP) e Sargento Nantes (PP) vêm em seguida, com 113 e 112 mil votos, respectivamente.
Já a base de Boulos tem apoio de nomes conhecidos, como Helio Rodrigues (PT), com 40 mil votos; João Ananias (PT), com 33 mil; e Jair Tatto (PT), com 30 mil. Luna Zarattini (PT), que assumiu o mandato no meio da vigência, foi reeleita com 100 mil votos. Com mais de 150 candidaturas lançadas, a coligação de Boulos elegeu candidaturas para ocupar 16 das 55 cadeiras disputadas.
O PT conquistou a maior bancada, com 8 vereadores, seguido pelo MDB e o PL, que conquistaram 7 vereadores cada uma das legendas.