Lula e Haddad têm maioria dos votos nas periferias, que conquistam cadeiras no poder Legislativo

Lula e Haddad têm maioria dos votos nas periferias, que conquistam cadeiras no poder Legislativo

Disputas para a Presidência e Governo do Estado vão para o segundo turno. Velhos nomes da política, policiais e digital influencers da direita formam grandes bancadas

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Por Thiago Borges. Foto em destaque: Pedro Ariel Salvador

Fogos de artifício e gritos de comemoração. No Grajaú (Extremo Sul), o clima na noite era de decisão de Copa do Mundo às 20h de domingo (2/10), quando Lula (PT) virou o “placar” da apuração superando o número de votos de Bolsonaro (PL), que liderava até então. Ao término da contagem em todo o País, o petista terminou com 48,43% ante 43,20% do atual mandatário. A disputa presidencial vai para o segundo round, no dia 30 de outubro, mas se dependesse das periferias paulistanas o ex-presidente teria sido eleito neste primeiro turno.

Na cidade de São Paulo, Lula totalizou 47,5% ante 38% do candidato da extrema-direita, que venceu em zonas eleitorais como Vila Formosa (49,3%), Tatuapé (49%) e Mooca (48,7%). Mas Bolsonaro não teve maioria absoluta dos votos em nenhuma zona eleitoral da capital.

Já Lula venceu com ampla margem no Piraporinha (62% a 27%), Grajaú (61,7% a 27,3%), Valo Velho (61% a 27%), Parelheiros (60% a 28%), Cidade Tiradentes (60% a 28%), Capão Redondo (57% a 30%),  Guaianases (55,8% a 33,5%), Perus (55% a 33%), Jardim São Luís (54,5% a 31%), entre outros.

“Espero que, desta vez, não venham com a conversa de que o problema é a periferia que vota na direita”, apontou em suas redes sociais o sambista Tiaraju Pablo D’Andrea, que mora em Itaquera (zona Leste) e é professor de Ciências Sociais no Campus Leste da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Mapas abaixo mostram comparação no País e na cidade de São Paulo. Quanto mais vermelho ou mais azul, maior a quantidade de votos de cada candidato. Fonte: G1 com dados do TSE

Na disputa pelo Governo do Estado, Fernando Haddad (PT) liderava as pesquisas mas ficou atrás de Tarcísio Freitas (Republicanos) no pleito. Considerando todos os 645 municípios paulistas, o candidato de Lula ficou atrás do indicado de Bolsonaro: 35,7% para Haddad ante 42,3% de Tarcísio. Essa eleição marca o fim do domínio de 28 anos do PSDB no Estado.  Rodrigo Garcia deve deixar o Palácio dos Bandeirantes no final do ano após terminar o primeiro turno com 18,4% dos votos.

Na capital paulista, Haddad ficou à frente de Tarcísio (44,3% a 32,5%) e também registrou maioria absoluta de votos nas zonas eleitorais das periferias, como Grajaú (60% a 22%),  Cidade Tiradentes (59,5% a 23,4%),  Parelheiros (58,4% a 23% de Tarcísio), Valo Velho (58,26% a 23%), Piraporinha (58% a 22%), Guaianases (54,4% a 27,8%), entre outras.

Já Tarcísio não superou os 50% dos votos válidos em nenhuma região paulistana e se saiu melhor em Santana (43,2% a 30%), Tatuapé (42,3% a 31%) e Mooca (42,2% a 31,2%), entre outras.

Mapas abaixo mostram comparação no Estado e na cidade de São Paulo. Quanto mais vermelho ou mais azul, maior a quantidade de votos de cada candidato. Fonte: G1 com dados do TSE

Entre os demais municípios da região metropolitana, Lula foi vitorioso em 25 cidades e Bolsonaro em 13, sendo que o petista teve maioria absoluta dos votos em 11 delas, como Francisco Morato (57,9%), Diadema (56,3%), Embu das Artes (53,9%), Itapecerica da Serra (53,8%) e Taboão da Serra (53,3%). Bolsonaro, por sua vez, teve vitória mais contundente em cidades como Guararema (57%) e Mairiporã (53,2%).

Poder Legislativo

Contrariando as pesquisas de intenção de voto, o candidato bolsonarista Marcos Pontes (PL) foi eleito ao Senado com 49,6% dos votos em todo o Estado de São Paulo, à frente do ex-governador e candidato do campo lulista Márcio França (PSB), que obteve 36,2%. Vivian Mendes, da Unidade Popular ao Socialismo (UP), ficou na sexta colocação com 280 mil votos (1,3% do total).

Já na disputa para as 70 cadeiras pertencentes ao Estado na Câmara dos Deputados, São Paulo elegeu lideranças de movimentos sociais com forte eco nas periferias, como Guilherme Boulos (PSOL). Oriundo do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o morador do Campo Limpo (zona Sul da capital) teve mais de 1 milhão de votos, sendo o mais votado dessa eleição.

Erika Hilton (PSOL), criada em Francisco Morato e atual vereadora na capital paulista, teve 256,9 mil votos e também vai para Brasília – ao lado de Duda Salabert (PDT-MG) e Robeyoncé Lima (PSOL-PE), ela é uma das 3 travestis eleitas de forma inédita para o cargo.

E a líder indígena Sonia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas (Apib), obteve 156,9 mil votos e também vai representar São Paulo.

Tábata Amaral (PSB), criada na Cidade Ademar, foi reeleita com 337 mil votos. Lideranças negras importantes, como Orlando Silva (PC do B), que teve 108 mil votos, e Vicentinho (PT), com 82 mil votos, tentaram se reeleger e ficaram de fora.

Já o professor e educador popular Douglas Belchior (PT), de Poá, recebeu 50 mil votos e mais uma vez frustrou a tentativa de chegar à Câmara dos Deputados. Fundador da rede de cursinhos populares Uneafro Brasil, Belchior teve apoio de importantes lideranças do movimento negro, como Sueli Carneiro e Milton Barbosa.

Outras candidaturas periféricas que não conseguiram se eleger são as de Tamires Sampaio (PT), que obteve 25 mil votos; Claudete Alves (PT), com 23,9 mil; Isis Mustafá (UP), com 21 mil votos; e Simony dos Anjos (PSOL), com 1,6 mil.

Por sua vez, velhos nomes conhecidos na quebrada foram eleitos, como Alexandre Leite (União Brasil), com 192 mil votos;  Antonio Carlos Rodrigues (PL), com 73 mil; e Nilto e Jilmar Tatto (ambos do PT), com 151,8 mil votos e 157,8 mil votos, respectivamente. Alfredinho (PT), que é vereador em São Paulo, obteve 97 mil votos na disputa federal e ficou como suplente.

O pleito para a Câmara é marcado pela eleição de policiais e digital influencers. Os delegados Bruno Lima (PP), Palumbo (MDB) e Da Cunha (PP) ganharam 461 mil, 254 mil e 181 mil votos, respectivamente. Outro influenciador eleito é Felipe Becari, famoso por defender a causa animal nas redes sociais e que obteve 178 mil votos.

Paulistas também elegeram expoentes bolsonaristas, como Carla Zambelli (PL), com 946 mil votos; Eduardo Bolsonaro (PL), com 741 mil; e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL), com 640 mil.

Assembleia Legislativa

Na disputa para as 94 cadeiras da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o terceiro nome mais votado foi o da Bancada Feminista (PSOL). A candidatura coletiva foi eleita com 259 mil votos. Já Ediane Maria (PSOL), que também vem do MTST, chega à Assembleia com 175 mil votos, acompanhada pelo Movimento Pretas (PSOL), também coletivo, obteve 106 mil votos. A deputada Leci Brandão (PC do B) foi reeleita com 90,4 mil votos.

Ficaram de fora outras candidaturas periféricas, como a de Keit Lima (PSOL), com 36,7 mil votos; Mariana Felix (PSOL), com 13,9 mil; Quilombo Periférico (PSOL), com 13,7 mil; Emerson Osasco (Rede), com 11,8 mil votos; Keila Pereira (PC do B), com 5,1 mil votos; Bancada Trabalhista (PDT), com 3,5 mil votos; Bruno Ramos (PT), com 3,4 mil votos) e Jesus dos Santos (PC do B), com 2,3 mil votos.

Por sua vez, foram eleitos ou reeleitos nomes conhecidos nas periferias, como Milton Leite Filho (União), com 198 mil votos, Enio Tatto (PT), com 142,7 mil; Maurici (PT), 121 mil; e Caruso (MDB), 82 mil.

Os partidos da base de Tarcísio de Freitas, como Republicanos e PL, ampliaram sua bancada da Alesp para 27 parlamentares, sendo boa parte originária das forças policiais ou com alcance nas redes sociais, tais como  Major Mecca (PL), que teve 224 mil votos; Tomé Abduch (Rep), com 221 mil; Tenente Coimbra (PL), com 209 mil e Capitão Conte Lopes (PL), com 192,4 mil.

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