A segunda semana de setembro começou com a notícia de que a cidade de São Paulo está com uma das piores qualidades do ar em todo o mundo. Isso é resultado do ar seco, do tempo quente e da fumaça das queimadas que ocorrem no interior do País e cobrem o horizonte da região metropolitana.
A umidade baixa e a temperatura 5 graus acima da média geram problemas de saúde e acendem o alerta: o que está sendo feito ou pensado para enfrentar os eventos climáticos cada vez mais extremos, seja nos períodos de seca ou de chuvas, que também conhecemos bem os estragos?
A Periferia em Movimento analisou os planos de governo das candidaturas para a Prefeitura de São Paulo e traz as principais propostas apresentadas. Clique aqui para acessar as propostas na íntegra.
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Corredores e ônibus verdes
Muitos programas falam em criar corredores verdes para combater ilhas de calor na cidade, como é o caso da deputada Tabata Amaral (PSB) e do deputado Guilherme Boulos (PSOL), que quer utilizar áreas públicas para isso.
Já Marina Helena (Novo) fala em diminuir o IPTU de quem criar espaços verdes em propriedades particulares. A candidata da direita neoliberal, aliás, é uma das mais breves nas propostas apresentadas.
Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, lembra que criou uma secretaria específica para mudanças climáticas e um plano de adaptação, com a ampliação das áreas verdes e abertura de novos parques pela cidade.
Tabata e Boulos também falam em criar novos parques, especialmente nas periferias, aumentando as áreas de lazer para a população. Datena (PSDB) segue a medida e destaca a criação de parques lineares, com “punição” a quem poluir cursos de água.
Outra proposta repetida em vários documentos é a substituição da frota de ônibus por veículos elétricos ou movidos a hidrogênio, algo que já está em curso na gestão do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Boulos, Tabata e Marina Helena citam a proposta.
Para diminuir os deslocamentos e, consequentemente, a emissão de poluentes, Datena propõe gerar trabalho nas periferias com o programa “Territórios do Emprego”, como na região da avenida Jacu-Pêssego (zona Leste).
Altino (PSTU) é mais abrangente. O candidato defende um novo Plano Diretor formulado para organizar a cidade segundo os interesses da classe trabalhadora e levando em consideração as mudanças climáticas.
Para Altino, que é metroviário, isso inclui colocar a rede de transporte público com prioridade para os trilhos e o incentivo a modos ativos de deslocamento, como caminhada e bicicleta, para diminuir a poluição do ar.
Chuvas fortes e proteção das águas
Enquanto finalizamos um dos invernos mais secos dos últimos tempos, em poucos meses começa o verão e a temporada de chuvas fortes. Em 2023, depois de uma tempestade, a cidade enfrentou uma situação traumática: um apagão que durou até uma semana em muitos bairros e deixou milhões sem energia elétrica.
Ricardo Nunes cita que está em curso um plano preventivo de chuvas de verão para minimizar problemas causados por eventos extremos, como enchentes e deslizamentos.
Boulos propõe criar um plano de drenagem para priorizar áreas permeáveis que vai além dos famosos piscinões, como parques lineares, jardins de chuva e micro-reservatórios. O candidato do PSOL também propõe a criação de Centros de Referência de Proteção e Defesa Civil para atuar em situações de desastre.
O deputado federal também defende a urbanização de favelas e melhorias em moradias precárias para aumentar a resiliência dessas comunidades a eventos climáticos extremos.
Tabata (PSB) também indica que pretende implementar projetos de urbanização e regularização fundiária de áreas degradadas, ocupadas desordenadamente e sem infraestrutura.
Nunes (MDB) diz que já está fazendo isso, em especial nas áreas de proteção aos mananciais, com investimentos em habitação, lazer e geração de empregos. Nesse sentido, seu rival Guilherme Boulos promete mais fiscalização e conscientização do povo para proteger as águas, assim como Tabata.
Lixo
Tanto Boulos (PSOL) quanto Altino (PSTU) falam em levar a coleta seletiva para toda a cidade, com parceria com cooperativas de reciclagem para gerar emprego e renda.
Em julho, uma reportagem da Periferia em Movimento mostrou que a Prefeitura de Ricardo Nunes excluiu cerca de 95% das pessoas catadoras do contrato para gestão de resíduos sólidos. A cidade tem cerca de 20 mil pessoas que têm a atividade como fonte principal de renda, mas menos de 1 mil estão integradas às 30 cooperativas conveniadas com a administração pública.
Sem detalhar como, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) tem como principal proposta na área a transformação de lixo em riqueza com foco na reutilização dos recursos. Ele fala em impulsionar a economia com base nas riquezas naturais, preservando a biodiversidade, e investir recursos em regiões de maior vulnerabilidade para proteger o meio ambiente.
Já Ricardo Senese (UP) propõe medidas fora da alçada da Prefeitura, como o controle popular da Amazônia e expulsão dos monopólios estrangeiros da região, assim como de todos os meios de produção, como medida de combater desigualdades que podem ser agravadas pela crise climática.
João Pimenta (PCO) não apresenta propostas específicas. Bebeto Haddad (DC) não tem um plano de governo.
Thiago Borges