Cotidiano de diarista: Sem café nem vale-transporte, trabalhadora ganha o dia quando há respeito do patrão

Cotidiano de diarista: Sem café nem vale-transporte, trabalhadora ganha o dia quando há respeito do patrão

Integrante de uma categoria formada por quase 6 milhões de pessoas, trabalhadora da zona Leste pega pesado na limpeza doméstica enquanto lida com preconceitos, ingratidão e falta de direitos. Maria Amélia é a terceira entrevista da série “Diário do Corre”, que traz relatos de pessoas periféricas que estão no trabalho autônomo

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Reportagem e roteiro: André Santos. Revisão de roteiro: Thiago Borges. Captação de imagens, edição de áudio e trilha sonora: Vitori Jumapili. Edição e finalização de imagens: Pedro Salvador. Identidade visual: Rafael Cristiano. Distribuição: Vênuz Capel

Maria Amélia, 59, é moradora do Jardim Samara, na zona Leste de São Paulo, e trabalha como diarista há 28 anos. Ela conta que costuma atuar em casas próximas à sua residência, onde mora com o marido e 2 netas, porque em geral quem contrata seus serviços se recusa a pagar o vale-transporte ou até mesmo a alimentação.

“Existem pessoas que não te oferecem nem alimento. Você chega para trabalhar e não tem direito a um café. E isso não tô falando de ter um pão. É um café. Possivelmente, você vai parar numa lanchonete, numa padaria, vai fazer ali o seu desjejum para poder trabalhar. São raros os que te abrem a porta da casa, da geladeira e do armário”, conta.

De acordo com o IBGE, atualmente o Brasil conta com quase 6 milhões de pessoas que exercem o serviço doméstico, sendo 92% mulheres – 65% delas são negras. Desse total, apenas 1,5 milhão têm registro trabalhista. As outras 4,3 milhões de pessoas da categoria trabalham na informalidade e chegam a receber até 40% a menos de quem tem carteira assinada.

Vale lembrar que profissionais que trabalham até 2 dias da semana na mesma casa não se enquadram em uma relação trabalhista, portanto não há obrigação de pagamento de encargos como INSS ou FGTS, por exemplo.

“O patrão já contrata para a diária justamente para não ter vínculo com você. São raros os patrões que te dão esse auxílio, te dão alguma ajuda”, desabafa a diarista.

Amélia é mãe de um egresso do sistema carcerário e dependente químico, e conta que já sofreu represálias e perdeu clientes por isso – uma situação que a marcou pela dor. A diarista diz entender que não estabelecerá relações de amizade com quem a contrata, mas exige que a respeitem e a tratem com dignidade.

“O gostoso da profissão é você chegar na casa da pessoa e ser recebido bem. Com isso, já não precisa te dar nada, cara. Te valorizou, o teu trampo, te tratou bem durante o dia, consegue ter um diálogo com você, já ganhamos o dia”, conta.

Clique e assista todos os episódios da série aqui!

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