Movimentos das periferias e mandatos populares resistem a ataques de Ricardo Nunes e Tarcísio

Movimentos das periferias e mandatos populares resistem a ataques de Ricardo Nunes e Tarcísio

Em 2024, precarização e terceirização de serviços públicos e militarização da vida avançaram sob as gestões de direita no município e estado de São Paulo. Mas a resistência também se fortaleceu. Próximo ano deve ser de enfrentamento

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Logo em janeiro, no início do novo ano, a socióloga e pesquisadora Anabela Gonçalves alertou: as candidaturas das eleições que aconteceriam meses depois precisavam entender as angústias das periferias e traduzi-las em propostas concretas.

O que vimos, ao final de outubro, foi o triunfo do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e de partidos aliados na disputa para o comando do município e da Câmara paulistana – não sem ignorar o grande índice de abstenções, votos brancos e nulos nas eleições de 2024, que corresponderam a mais de um terço dos votos totais.

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Nunes, um político tradicional do centrão, deu uma guinada à extrema-direita e atraiu o apoio do bolsonarismo, em uma disputa pautada pela segurança pública e com a presença de alguém mais radical ainda: Pablo Marçal (PRTB). Seu principal aliado é o também bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador do estado.

A gestão de Nunes nos últimos 12 meses foi marcada pela terceirização e pelo descaso, favorecendo empresas privadas em detrimento do serviço público. A população periférica é a mais prejudicada.

Na Periferia em Movimento, iniciamos o ano com as queixas dos movimentos de moradia a respeito do programa Pode Entrar, que deixa entidades de fora da política habitacional. E acompanhamos a greve de docentes da rede municipal, na luta pela melhoria da educação.

Também denunciamos a concessão duvidosa da coleta de lixo, que deixa de fora a maioria das pessoas que trabalham com materiais recicláveis; e do serviço funerário, que elevou os custos para velório, enterro e cremação na cidade.

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Na cultura, foram diversas denúncias relacionadas ao desmonte das políticas públicas, com as propostas de terceirizar casas de cultura e os atrasos em contratações e pagamentos que deixaram artistas até devendo aluguel.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a União dos Movimentos de Moradia (UMM) e o Movimento Cultural das Periferias (MCP) se mobilizaram para pressionar a Prefeitura.

Mas 2025 promete começar com resistência diante das ameaças de aumento na tarifa de ônibus. As candidaturas periféricas eleitas ou reeleitas para a Câmara Municipal prometem mobilização desde a base para frear novos retrocessos.

Naiara do Rosário, da Bancada Feminista (PSOL), quer colocar a periferia no centro do mandato coletivo. A também estreante Keit Lima (PSOL) quer lutar para botar a favela no orçamento. Já Luana Alves (PSOL) prevê fortalecer o trabalho de base, enquanto Dheison Silva (PT) quer disputar corações e mentes nas periferias.

Moderado?

No governo do estado, a gestão de Tarcísio de Freitas investe na terceirização e privatização de serviços como a Sabesp, o Metrô e a CPTM. As falhas recorrentes da concessionária Via Mobilidade e da Enel, na energia elétrica, acendem o alerta sobre medidas que passam coisas essenciais para as empresas privadas.

Na educação, o governo ataca estudantes e docentes com a implementação acelerada de plataformas digitais em detrimento do ensino tradicional e pela proposta de militarizar escolas.

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Mas nada representa mais a gestão de Tarcísio do que o aumento da letalidade policial. Observamos um número recorde de mortes, principalmente da juventude negra, em operações policiais como a “Escudo” e “Verão” na Baixada Santista.

Os movimentos sociais criticam a militarização da segurança pública e o desinvestimento em programas de prevenção à violência, enquanto criam estratégias para estreitar a porta aberta do cárcere.

As denúncias e protestos tiveram algum efeito: houve alguma mudança no comportamento do governador, chamado de “bolsonarista moderado” e apresentado como potencial candidato à Presidência em 2026.

Recuado, ele passou de um “tô nem aí” para protestos diante dos massacres e elogios ao secretário Guilherme Derrite diante do assassinato do menino Ryan, de 4 anos; a críticas à atuação policial mais recentemente, quando policiais foram flagrados jogando um rapaz de um ponte e alvejando outro pelas costas com 12 tiros.

Como será esse comportamento em 2025? Vamos ver. O certo é que o silêncio não é uma opção.

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