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No final de agosto, estudantes de quatro a dezessete anos da Escola Estadual Condomínio Carioba/Recanto Marisa viveram um dia de repórter. Promovida pelo coletivo Periferia em Movimento, a oficina de jornalismo integrou a programação da Virada Sustentável no Extremo Sul e consiste em difundir as técnicas de reportagem para estimular a produção de conteúdo sem intermediários.

Cerca de 20 crianças e adolescentes participaram da atividade nessa escola de lata localizada no Jardim Monte Verde, uma península banhada pela represa Billings no distrito do Grajaú, Extremo Sul de São Paulo. O bairro é um dos inúmeros que surgiram na região nas últimas duas décadas.

Para saber o que os próprios moradores pensam do Jardim Monte Verde, os participantes saíram às ruas para entrevistá-los.

Para Luciana Mendes, de 42 anos, a segurança é falha e a escola não é boa. “Os professores não têm interesse em dar aula”, conta ela, que vive no local há 20 anos. “Queria morar no Morumbi”, continua.

José Carlos, 53, reivindica melhorias nas ruas. Ele vive há 17 anos no bairro e, desde então, poucas ruas receberam pavimentação.

O asfalto também é um dos pedidos de Maria Cícera, 50, que vive há 16 na região. “Já gostei muito do bairro mas hoje não está tão bom”, diz ela, que trabalha na única escola da região.

O estudante Gabriel Campos Cardoso, 15, se mudou para São Paulo no ano passado. O jovem baiano sente saudades do clima e das paisagens da terrinha, mas não desanima. Aos finais de semana, ensina crianças e adolescentes a jogar capoeira na EE Condomínio Carioba.

Apesar das reclamações, no geral o clima é satisfação no Jardim Monte Verde. O estudante palmeirense Rubens, de 14 anos, reclama da localização do bairro mas gosta da convivência com os outros moradores. “Aqui a gente é livre”, conta.

“Gosto do bairro por conta da tranquilidade. Só acho que precisa melhorar a infraestrutura e o saneamento, além do transporte, que é precário”, diz a dona de casa Jocilene Lourenço, 55, dos quais 22 anos passou na região. Jocilene cursa pedagogia e trabalha voluntariamente no programa Escola da Família, onde faz trabalhos artesanais.

As percepções sobre o território são variáveis. O alagoano José Alberto, 52, veio para São Paulo em busca de uma vida melhor e, por muito tempo, viveu no bairro do Socorro. Aposentado, se mudou para a margem da represa e considera o Jardim Monte Verde “sossegado”. “Apesar de tudo que tem pra arrumar, aqui é o melhor lugar para se viver”, conclui.

 

CONFIRA FOTOS DA OFICINA

Essa reportagem foi apurada coletivamente por estudantes da Escola Estadual Condomínio Carioba/Recanto Marisa durante atividade da Virada Sustentável no Extremo Sul de São Paulo

Orientação: Thiago Borges, Paula Lopes Menezes e Marianne Bufalo

Texto final: Thiago Borges

Agradecimentos: Coletivo Imargem, Equipe da Virada Sustentável no Extremo Sul, direção da Escola Estadual Condomínio Carioba/Recanto Marisa e a todos que contribuíram com essa atividade.

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