Em sétima edição, Feira Literária da Zona Sul discute papel da arte em tempos de desinformação

Em sétima edição, Feira Literária da Zona Sul discute papel da arte em tempos de desinformação

Com programação na internet, FELIZS acontece entre 18 e 25 de setembro. Confira destaques da programação

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Tempo de leitura: 6 minutos

Com a programação voltada para as plataformas digitais, ao longo de sete dias consecutivos, a feira literária irá promover debates, shows musicais, intervenções artísticas, oficinas com alunos de escolas públicas e o Festival “Tem uma arte no meio do redemoinho”.

Com programação voltada para a internet, entre os dias 18 e 25 de setembro acontece a sétima edição da Feira Literária da Zona Sul (FELIZS), que reflete e reúne potências do movimento cultural que aflora nas últimas décadas nas periferias. Com a proposta de pensar sobre a existência humana em um tempo em que a morte se tornou algo banal, o evento promove debates, shows, intervenções artísticas, oficinas e festivais.

“Nesse momento de grande turbulência política do Brasil, a Feira Literária da Zona Sul quer ser uma plataforma de informação crítica, cumprindo o papel que a arte sempre fez nas periferias, que é promover pensamento crítico nos moradores”, afirma Diane Padial, idealizadora da FELIZS.

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Segundo Silvia Tavares, uma das curadoras da programação, a feira literária dará destaque para mesas literárias que vão debater como a arte indígena e o afrofuturismo têm sido plataformas de informação histórica para sensibilizar as pessoas a refletir e enxergar a realidade à sua volta.

“Ao avaliar o impacto da desinformação, o negacionismo, as fake news e o descaso governamental que ampliou o número de mortes causadas pela pandemia de covid-19 no cotidiano da população preta, periférica e indígena, nós decidimos levar para a FELIZS a importância de coletivos, autores independentes, selos editoriais e grupos culturais que fomentam a arte indígena e o afrofuturismo”, explica a curadora.

Entre esses debates, o Marco Temporal deve ser bastante abordado por Daniel Munduruku, professor e escritor que vai discutir como a literatura indígena aborda os pactos políticos que atentam contra a vida da população dos povos originários.

Já o direito ao luto e cuidados com a saúde mental também aparecem na programação da FELIZS, como forma de debater a importância da literatura como um experimento terapêutico possível para vivenciar e superar esses momentos de constante pressão psicológica.

FELIZS 2017 (Foto: Fabio Feijão)

Território educador

Seguindo a tradição das edições anteriores, a abertura da FELIZS conta com a participação do Sarau do Binho, às 18h de sábado (18/9). A intervenção poética será transmitida no Youtube e Facebook da feira literária.

Já no domingo (19/9), acontece a intervenção “Livros no Ponto”, que propõe entregar gratuitamente livros infantis e de literatura em pontos de ônibus da Estrada do Campo Limpo (zona Sul de São Paulo).

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Assim como a Feira Literária da Zona Sul tem sua existência vinculada à história do Sarau do Binho, o Grupo Candearte e Geraldo Magela também fazem parte da cena cultural das periferias do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, pois o distrito faz divisa com o município de Taboão da Serra (SP). Por isso, Magela é o homenageado deste ano.

Patrono da cultura popular de Taboão, ele contribui com a preservação da tradição de danças populares, como o coco, o bumba meu boi, a ciranda e o cacuriá, ritmos que fazem parte do imaginário de migrantes nordestinos que escolheram as periferias nos anos 1970 e 1980 para construir família.

“Além de grande artista, Magela é um dos fundadores do Grupo Candearte, coletivo que transformou uma antiga associação de moradores do Parque Marabá em um centro cultural comunitário que celebra, difunde, aproxima e forma moradores do território com atividades culturais que valorizam a cultura popular brasileira”, conta Suzi Soares, uma das produtoras da FELIZS.

Festival “Tem uma arte no meio do redemoinho”

Como artistas independentes das periferias reinventaram suas produções no período de isolamento social e que ainda não acabou chegou ao fim?

Essa é a pergunta norteadora que mobilizou a equipe de organização da FELIZS a construir o Festival “Tem uma arte no meio do redemoinho”, que terá a exibição de vídeo-depoimentos de artistas que irão fazer relatos de suas experiências. O festival conta com 20 convidades da poesia, literatura, artes visuais, artes cênicas e da música.

Ao longo da programação da FELIZS, haverá momentos exclusivos dedicados a participação de convidades especiais que marcam a história da arte nas periferias, como o poeta Akins Kinte, Thata Alves, Dandara Pilar, Cleydson Catarina, Serginho Poeta, Fernanda Coimbra, Aloysio Letra, Daniel Minchoni, Michel Yakini, Ermi Panzo, entre outros.

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