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Reportagem e roteiro: André Santos. Revisão de roteiro: Thiago Borges. Captação de imagens, edição de áudio e trilha sonora: Vitori Jumapili. Edição e finalização de imagens: Pedro Salvador. Identidade visual: Rafael Cristiano. Distribuição: Vênuz Capel
Thamara Foz é modelo, estudante de dança e atua nas plataformas de venda de conteúdo adulto há 2 anos. A jovem de 22 anos foi motivada pela segurança de estar em seu próprio lar, em vez de se arriscar pelas ruas da cidade, visto que é uma travesti, grupo de pessoas que é alvo constante de violências de gênero.
“É bem melhor trabalhar em casa e tal, ao vivo, com notebook, do que você trabalhar em rua de prostituição. Eu já precisei também, então foi um avanço conseguir ficar na minha casa tranquila, sem ser tocada. Porque, querendo ou não, a rua é um lugar que às vezes você corre o maior risco”, conta a moradora do Grajaú, Extremo Sul de São Paulo.
De acordo com o Dossiê de Assassinatos e Violência Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2022, um estudo viabilizado pela Antra (Articulação Nacional de Travestis e Transexuais), o Brasil é o país que mais mata pessoas trans pelo 14° ano seguido ao mesmo tempo em que é o que mais consome pornografia trans.
A modelo conta que gosta da flexibilidade de horários que o ofício traz, uma vez que ela pode decidir a hora em que vai trabalhar. Além disso, conta que consegue se manter financeiramente estável e valoriza o tempo que sobra para investir em outras atividades e capacitações pessoais e profissionais, como as aulas de dança e trabalhos paralelos com publicidade.
No entanto, apesar de planejar seu futuro, Thamara sofre com incertezas referentes a sua aposentadoria e confessa nunca ter cogitado nenhum tipo de movimento nesse sentido.
“Eu quero ficar bem, quero viver as coisas que eu sempre quis viver e ocupar os lugares que eu sempre quis. Então, é importante estudar alguma coisa, tá trabalhando num trampo registrado… mas eu não sei se eu conseguiria. Será que eu vou me aposentar, gente? Será que eu vou ficar velha? Eu não sei”, desabafa.