Na zona Sul de São Paulo, mulheres periféricas marcham contra violência, pela vida e por direitos

Na zona Sul de São Paulo, mulheres periféricas marcham contra violência, pela vida e por direitos

Combate ao feminicídio marca 29ª Caminhada pela Vida e pela Paz, que anualmente reúne movimentos em ato no Cemitério São Luiz

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Fotos e apuração de Vitori Jumapili. Redação e edição: Thiago Borges

Será que a morte e o esquartejamento de uma mulher não merecem a comoção popular?

No dia 9 de janeiro de 2024, partes do corpo de Márcia da Silva Soares foram encontradas dentro de uma lixeira nas imediações do Terminal Capelinha. Mãe de dois filhos, morta aos 30 anos de idade, o caso de Márcia teve pouca repercussão midiática. 

Para que ela e outras mulheres vítimas de violência não sejam apagadas da história, no último Dia de Finados (2/11) o Fórum em Defesa da Mulher marchou de três pontos diferentes da periferia da zona Sul paulistana (Jardim Ângela, Vila das Belezas e Capão Redondo) até o Cemitério do São Luiz. 

O combate à violência contra meninas e mulheres foi o tema da 29ª Caminhada pela Vida e pela Paz, ato inter-religioso organizado pela Sociedade Santos Mártires, Fórum em Defesa da Vida e Centro de Direitos Humanos e Educação Popular – CDHEP Campo Limpo. 

Anualmente, o evento reúne lideranças religiosas, movimentos sociais, coletivos e organizações da região para reivindicar direitos no cemitério que tornou-se símbolo da epidemia de violência que marcou a região nos anos 1990.

Por mais um ano, a Periferia em Movimento acompanhou a caminhada. Clique e confira as fotos:

Por políticas públicas

“Não podemos aceitar retrocessos, tampouco continuar sendo silenciadas ou marginalizadas, lutamos por uma sociedade justa, igualitária e livre de violências onde todas as mulheres possam usufruir plenamente dos seus direitos”, diz o manifesto da Caminhada deste ano

Além do manifesto, uma carta pedindo a “cesta básica por direitos” foi entregue a autoridades presentes, como Paulo Teixeira (ministro do Desenvolvimento Agrário no governo Lula), a vereadora reeleita Luana Alves (PSOL) e a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL).

“Quando a gente perde a vida de uma mulher por assassinato, é óbvio que o Estado falhou porque o feminicídio é uma morte evitável. (…) Diante disso, é necessário fornecer ajuda, cuidado e acolhimento, que pode ser feito pela sociedade, pelas redes de apoio, redes comunitárias, redes familiares, mas sem sombra de dúvida o poder público é que tem a maior parcela de responsabilidade” – Sâmia Bonfim, deputada federal.

Os casos de violência de gênero cresceram no Brasil em 2023, se comparados com 2022. Segundo o mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os feminicídios subiram 0,8% e chegaram a 1.467 casos em 2023. No ano, foram 258.941 casos de agressões por violência doméstica (alta de 9,8%). As tentativas de feminicídio aumentaram 7,2%, atingindo 2.797 vítimas.

A responsabilidade dos homens

“Na nova terra a mulher terá direitos, não sofrerá humilhações nem preconceitos. O seu trabalho todos vão valorizar, das decisões ela irá participar”.

A caminhada também foi acompanhada por músicas que mencionam o tema.

O caso da Márcia foi relembrado no trajeto e houve a entrega de panfletos com indicações de redes de acolhimento às mulheres por toda São Paulo. 

Criado neste ano, após o episódio de feminicídio, o Fórum em Defesa da Mulher também realiza encontros às 9h de toda segunda sexta-feira do mês na Sociedade Santos Mártires, que fica na rua Luis Baldinato, número 9.

Presentes em número similar ao de mulheres mas com atuação mais tímida no evento, os homens também foram convocados a participar dessa luta. 

“Contamos com todos os homens para ajudar no debate com seus companheiros, levando a consciência do fim da violência de meninas e mulheres para todos os lugares”, ressalta a assistente social Regina Paixão, articuladora do Fórum em Defesa da Vida.

“Em briga de marido e mulher se mete a colher sim, para que não acabe em morte” – Regina Paixão.

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Fotos e apuração de Vitori Jumapili. Redação e edição: Thiago Borges

Será que a morte e o esquartejamento de uma mulher não merecem a comoção popular?

No dia 9 de janeiro de 2024, partes do corpo de Márcia da Silva Soares foram encontradas dentro de uma lixeira nas imediações do Terminal Capelinha. Mãe de dois filhos, morta aos 30 anos de idade, o caso de Márcia teve pouca repercussão midiática. 

Para que ela e outras mulheres vítimas de violência não sejam apagadas da história, no último Dia de Finados (2/11) o Fórum em Defesa da Mulher marchou de três pontos diferentes da periferia da zona Sul paulistana (Jardim Ângela, Vila das Belezas e Capão Redondo) até o Cemitério do São Luiz. 

O combate à violência contra meninas e mulheres foi o tema da 29ª Caminhada pela Vida e pela Paz, ato inter-religioso organizado pela Sociedade Santos Mártires, Fórum em Defesa da Vida e Centro de Direitos Humanos e Educação Popular – CDHEP Campo Limpo. 

Anualmente, o evento reúne lideranças religiosas, movimentos sociais, coletivos e organizações da região para reivindicar direitos no cemitério que tornou-se símbolo da epidemia de violência que marcou a região nos anos 1990.

Por mais um ano, a Periferia em Movimento acompanhou a caminhada. Clique e confira as fotos:

Por políticas públicas

“Não podemos aceitar retrocessos, tampouco continuar sendo silenciadas ou marginalizadas, lutamos por uma sociedade justa, igualitária e livre de violências onde todas as mulheres possam usufruir plenamente dos seus direitos”, diz o manifesto da Caminhada deste ano

Além do manifesto, uma carta pedindo a “cesta básica por direitos” foi entregue a autoridades presentes, como Paulo Teixeira (ministro do Desenvolvimento Agrário no governo Lula), a vereadora reeleita Luana Alves (PSOL) e a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL).

“Quando a gente perde a vida de uma mulher por assassinato, é óbvio que o Estado falhou porque o feminicídio é uma morte evitável. (…) Diante disso, é necessário fornecer ajuda, cuidado e acolhimento, que pode ser feito pela sociedade, pelas redes de apoio, redes comunitárias, redes familiares, mas sem sombra de dúvida o poder público é que tem a maior parcela de responsabilidade” – Sâmia Bonfim, deputada federal.

Os casos de violência de gênero cresceram no Brasil em 2023, se comparados com 2022. Segundo o mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os feminicídios subiram 0,8% e chegaram a 1.467 casos em 2023. No ano, foram 258.941 casos de agressões por violência doméstica (alta de 9,8%). As tentativas de feminicídio aumentaram 7,2%, atingindo 2.797 vítimas.

A responsabilidade dos homens

“Na nova terra a mulher terá direitos, não sofrerá humilhações nem preconceitos. O seu trabalho todos vão valorizar, das decisões ela irá participar”.

A caminhada também foi acompanhada por músicas que mencionam o tema.

O caso da Márcia foi relembrado no trajeto e houve a entrega de panfletos com indicações de redes de acolhimento às mulheres por toda São Paulo. 

Criado neste ano, após o episódio de feminicídio, o Fórum em Defesa da Mulher também realiza encontros às 9h de toda segunda sexta-feira do mês na Sociedade Santos Mártires, que fica na rua Luis Baldinato, número 9.

Presentes em número similar ao de mulheres mas com atuação mais tímida no evento, os homens também foram convocados a participar dessa luta. 

“Contamos com todos os homens para ajudar no debate com seus companheiros, levando a consciência do fim da violência de meninas e mulheres para todos os lugares”, ressalta a assistente social Regina Paixão, articuladora do Fórum em Defesa da Vida.

“Em briga de marido e mulher se mete a colher sim, para que não acabe em morte” – Regina Paixão.

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