Guilherme Boulos X Ricardo Nunes: As principais propostas dos candidatos para as periferias de SP

Guilherme Boulos X Ricardo Nunes: As principais propostas dos candidatos para as periferias de SP

Candidato do PSOL quer descentralizar oportunidades para combater desigualdades, enquanto atual prefeito do MDB destaca empreendedorismo e parcerias com a iniciativa privada em políticas públicas

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Quem olha pelas quebradas de São Paulo, afinal?

Tanto o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) quanto o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) citam as periferias em seus discursos, nos debates e planos de governo. Nunes, que nasceu no Parque Santo Antônio (zona Sul), se apresenta como “cria” – mas hoje mora da ponte pra lá. Boulos, da zona Oeste, atravessou a ponte e vive no Campo Limpo – até sem luz ele ficou no apagão mais recente.

Com os resultados apertados na primeira rodada das eleições municipais, ambos pretendem priorizar os territórios periféricos em suas atividades de campanha. Mas o que, de fato, os candidatos propõem para as localidades em que reside a maior parte da população paulistana?

A Periferia em Movimento se debruçou, novamente, sobre os programas de governo de Boulos e Nunes. A seguir, você confere um breve perfil e as principais propostas dos concorrentes.

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Guilherme Boulos (PSOL) - 42 anos, homem cis, branco, casado, deputado federal. Patrimônio: R$ 199 mil. Vice: Marta Suplicy (PT)

Guilherme Boulos (PSOL)

Guilherme Boulos (PSOL)

O candidato do PSOL é um homem cis branco de 42 anos, casado e pai de duas filhas, professor, psicanalista e com um patrimônio pessoal de R$ 199 mil. Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) por cerca de duas décadas, em 2022 foi eleito o deputado federal mais votado no Estado de São Paulo, com 1 milhão de votos.

Com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) como vice e apoio do Presidente Lula, Guilherme Boulos se propõe a reduzir as desigualdades entre centro e periferias. O candidato identifica o crescimento urbano desordenado como um dos principais problemas da cidade e, por isso, que reduzir as distâncias com a descentralização de serviços e oportunidades.

Aqui, você confere o programa de governo de Boulos na íntegra. Aqui, o que já reunimos sobre as propostas do candidato para segurança e direitos humanos; crise climática; transformação digital; e combate à fome. E abaixo, os principais pontos voltados às periferias paulistanas, citadas 19 vezes no documento de 40 páginas:

Trabalho e renda: Boulos incorporou o Jovem Empreendedor – uma proposta da ex-adversária Tabata Amaral (PSB) para incentivar o empreendedorismo da juventude. Também quer criar o CEU Profissões para jovens a partir dos 15 anos, com formação profissional e suporte ao empreendedorismo em áreas como programação, tecnologia da informação, meio ambiente, moda e outros.

Mais trabalho e renda: Criar um plano de desenvolvimento local com benefícios fiscais e estímulo ao crédito, especialmente para jovens; e simplificar a abertura de pequenas e médias empresas nas periferias. Também prevê a criação de Centros de Apoio aos Trabalhadores de Aplicativo, com unidades nos 96 distritos paulistanos.

Economia solidária: Fortalecer a economia popular e as cooperativas para fomentar e apoiar empreendimentos; e abrir cozinhas solidárias e restaurantes populares para combater a fome e garantir acesso à alimentação de qualidade.

Educação: Construir 22 CEUs, no sentido original de integrar educação, cultura e lazer. Também prevê implantar o ensino em tempo integral em todas as escolas, com atividades culturais e esportivas no contraturno; e ampliar o acesso ao Transporte Escolar Gratuito (TEG) para diminuir a evasão escolar.

Saúde: Com 330 mil pessoas aguardando exames e 220 mil à espera de cirurgia, promete ampliar o acesso à atenção básica e criar 16 unidades do Poupatempo da Saúde, com especialidades médicas e exames nas periferias. Também pretende abrir novos Centros Municipais para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e ampliar a rede de proteção à população com 60 anos de idade ou mais, com Centros-Dia, entre outros espaços.

Cultura: Promete atender a uma das principais pautas do setor, que é aumentar os recursos da pasta para 3% do orçamento municipal, com investimento em programas como o VAI e o Fomento às Periferias, entre outros. Boulos também quer zerar distritos sem bibliotecas, teatros e outros equipamentos culturais e de lazer

Esportes: Quer fomentar grupos, entidades e coletivos esportivos locais e criar Pontos do Esporte nas periferias

Cantinho do Céu, no Grajaú, Extremo Sul de São Paulo

Moradia: Quer implementar o Periferia Viva, um programa de urbanização de favelas e periferias com foco na melhoria de condições de moradia e infraestrutura urbana para pelo menos 100 mil famílias. Também promete regularizar 250 mil imóveis na cidade e construir 50 mil novas unidades habitacionais de interesse social.

Mobilidade: Ampliar a tarifa zero de maneira gradual e com garantia da frota funcionando. Também promete diminuir o tempo de espera dos ônibus e expandir corredores e faixas exclusivas, além de promover a segurança no trânsito.

Meio ambiente: Quer expandir a eletrificação da frota de ônibus e criar um programa de drenagem, com parques lineares e jardins de chuva. Também pretende arborizar áreas públicas e ampliar áreas verdes para diminuir ilhas de calor – em ondas de calor extremo, a diferença na temperatura entre os bairros vizinhos de Paraisópolis e Morumbi chega a 9 graus. Boulos também quer levar a coleta seletiva a todos os distritos do município, com participação das cooperativas.

Segurança: dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e aumentar a presença nas periferias, com foco na prevenção. Outras medidas preveem o combate ao roubo e receptação de celulares e as patrulhas Maria da Penha para enfrentamento à violência doméstica.

Contra o genocídio: Promete um Pacto Municipal de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra para combater a violência institucional e estrutural a partir de programas de cultura, lazer, esporte, formação profissional e empreendedorismo nas regiões periféricas, além de monitorar e prevenir violações de direitos humanos.

Ricardo Nunes (MDB) - 56 anos, homem cis, branco, casado, atual prefeito. Patrimônio: R$ 4,8 milhões. Vice: Coronel Mello Araújo (PL)

Ricardo Nunes (MDB)

Ricardo Nunes (MDB)

O atual prefeito é um homem cis branco de 56 anos, casado e pai de três filhos, além de um neto. Ele é empresário e tem um patrimônio pessoal de R$ 4,8 milhões. Dono de uma empresa de comunicação na zona Sul paulistana e da Nikkei, de controle de pragas, por meio da qual se aproximou de outros políticos locais e foi eleito vereador pela primeira vez em 2012. Em 2021, sucedeu o prefeito Bruno Covas (PSDB) quando morreu.

Ricardo Nunes acumula denúncias de agressão à esposa, de favorecimento a amizades no convênio de creches e de obras sem licitação. Apoiado pelo governador Tarcísio (Republicanos) e pelo ex-Presidente Jair Bolsonaro (PL), acatou a reivindicação do direitista para colocar como vice o Coronel Mello Araújo, ex-comandante da Rota que defende abordagem policial diferenciada nos Jardins e nas periferias.

Além de narrar a própria história como alguém oriundo do Extremo Sul de São Paulo, ele cita periferias, favelas e suas variações 18 vezes em 35 páginas, e como o esforço individual foi fundamental para prosperar na vida. O empreendedorismo e as parcerias com a iniciativa privada, aliás, marcam uma diferenciação em relação a Boulos.

Aqui, você confere o programa de governo de Nunes na íntegra. Aqui, o que já reunimos sobre as propostas do candidato para segurança e direitos humanos; crise climática; transformação digital; e combate à fome. E abaixo, os principais pontos voltados às periferias paulistanas:

Trabalho e Renda: Criar novos espaços TEIA para estimular o empreendedorismo nas quebradas, além de fomentar o desenvolvimento tecnológico e inteligência artificial para gerar novos negócios em territórios periféricos. Nesse sentido, ele destaca que vai implantar polos de ensino de empreendedorismo em 58 CEUs.

Educação: Ignora os escândalos relacionados à máfia das creches conveniadas e destaca que a fila de espera foi zerada. Entre as propostas, pretende ampliar o ensino em tempo integral da educação infantil até o primeiro ano do ensino fundamental.

Protesto realizado por agentes culturais em março de 2024 contra atrasos de pagamento da gestão Ricardo Nunes, em São Paulo (imagem: reprodução Brasil de Fato)

Protesto realizado por agentes culturais em março de 2024 contra atrasos de pagamento da gestão Ricardo Nunes, em São Paulo (imagem: reprodução Brasil de Fato)

Cultura: área muito criticada por agentes culturais das periferias pelo desmonte de políticas públicas, Nunes destaca a descentralização da Virada Cultural e outros eventos pelas quebradas e promete fomentar a economia criativa na cidade

Saúde: Cita que aumentou o número de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e modernizou hospitais, além de criar três Centros TEA, o que promete expandir.

Mobilidade: enquanto enfrenta investigação contra empresas concessionárias por suposta ligação com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC), fala em concluir 8 corredores de ônibus, em especial na Radial Leste; e dobrar a Faixa Azul para motociclistas dos atuais 200 para 400 quilômetros. Outra proposta é levar o Aquático SP para a represa Guarapiranga – atualmente, o modal de transportes por barcos funciona em horário reduzido na represa Billings.

Moradia: contratou 100 mil imóveis de interesse social, parte deles comprados direto da iniciativa privada, por meio do Pode Entrar. Também pretende criar o Pode Regularizar, para ampliar a regularização fundiária a famílias de baixa renda.

Meio ambiente: Nas regiões de mananciais, quer integrar o desenvolvimento urbano com os corpos de água para revitalizar áreas ribeirinhas e adaptar às mudanças climáticas. Também destaca a criação e revitalização de parques, a recuperação de áreas de proteção aos mananciais com foco em lazer e empregos verdes.

Segurança: Nunes quer aumentar a presença Guarda Civil Metropolitana (GCM) nas periferias, com foco na prevenção e no combate à criminalidade. Também propõe mais guardas para rondas escolares e expandir o monitoramento por câmeras, inclusive com reconhecimento facial.

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