Luta de pessoas com deficiência: Acessibilidade garante direitos, afetos e felicidade

Luta de pessoas com deficiência: Acessibilidade garante direitos, afetos e felicidade

Neste Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência (21/9), a ativista surda Nayara Rodrigues aborda em vídeo-artigo como a falta de políticas públicas impacta sua vida. Assista ao vídeo dela em Libras ou leia abaixo!

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Tempo de leitura: 6 minutos

Por Nayara Rodrigues*

Revisão: Aline Rodrigues. Trilha sonora e finalização de vídeo: Vitori Jumapili. Arte: Rafael Cristiano

Confira abaixo o artigo em texto:

Olá, meu nome é Nayara e meu sinal é…

Então, falar sobre deficiência é muito importante. Este mês de setembro é dedicado não apenas aos surdos, mas também a todas as pessoas com deficiência e à diversidade.

Eu estava pensando: por que apenas o mês de setembro? Para mim, todos os meses e todos os dias são importantes!

Sou surda profunda por causa de uma condição genética. Infelizmente, minha família não se comunica em Libras, o que sempre me fez sentir excluída e sozinha.

Na época, eu via meus amigos na escola e suas famílias conversavam em Libras com eles, o que me deixava triste. Eu desejava ter uma família que usasse Libras para se comunicar comigo!

Principalmente durante o Natal, em dezembro, quando minha grande família se reunia em casa para a ceia. Eu ficava muito feliz e animada, tentava conversar com eles, mas eles me ignoravam. Eu os via conversando e rindo, e isso me deixava curiosa. Perguntei o que estavam falando, e eles responderam com o famoso ditado da comunidade surda: ‘Depois falo, depois te conto e explico.’

Esperei por muito tempo, perguntando novamente, mas eles simplesmente disseram para deixar pra lá. Isso me fez sentir como a última a saber o que estava acontecendo.

Por isso, acredito que a questão da deficiência e dos direitos é crucial. A escola deveria ser obrigada a ensinar Libras para todos os ouvintes, para que possam aprender e entender a cultura da comunidade surda. Isso permitiria que todos crescessem e se comunicassem com os surdos. Se futuros pais descobrem que seu filho é surdo, já saberiam Libras e estariam prontos para se comunicar com ele, tornando-o seguro e feliz por ter pais fluentes em Libras. Um filho surdo tem um melhor desenvolvimento se seus pais sabem Libras.

Um exemplo pessoal: nasci em Brasília, onde havia poucas informações disponíveis sobre coisas quando eu era jovem. Eu dependia totalmente da minha família. Depois, mudei-me para São Paulo, onde comecei a descobrir e aprender muitas coisas por conta própria. Foi um choque para mim, pois só comecei a aprender aos 24 anos, e agora, aos 33 anos, continuo aprendendo, sabendo que ainda tenho muito a aprender.

É por isso que é importante ter leis que protejam os direitos de todas as pessoas com deficiência. A Lei Brasileira de Inclusão, reconhecendo a língua de sinais, intérpretes em Libras e a criação de escolas bilíngues, é um passo importante. Espero que as gerações futuras garantam um bom estudo e sucesso para as crianças surdas.

Agora, uma coisa adicional: sou uma mãe surda negra, e meus dois filhos são CODAs (Crianças de Pais Surdos) e sou assumidamente bissexual.

Quero ressaltar a importância dos nossos direitos e a necessidade de estimular a acessibilidade para todos, tornando-a obrigatória. Não deve haver desculpas para não fazer isso.

Por exemplo, quando um surdo vai ao hospital e o médico não sabe Libras e não há acessibilidade, como isso é aceitável?

Ou quando um surdo é chamado para comparecer a um tribunal e o intérprete não é fluente em Libras, isso é falta de acessibilidade séria. Os surdos têm muitos direitos que frequentemente são negligenciados devido à falta de acessibilidade.

Outro exemplo: eu gostaria de ir a museus, mas muitos deles não oferecem acessibilidade em Libras. Onde está o meu direito ao lazer? Por isso, a comunidade surda deseja que os museus implementem acessibilidade e Libras.

O lazer, com acesso à Libras, traz felicidade à comunidade surda. Portanto, queremos leis que garantam a segurança e o respeito aos nossos direitos. Os movimentos não devem parar!

Até mais!

Nayara Rodrigues é uma artista surda que atua como poeta, mestre de cerimônias, contadora de histórias, performer, atriz, tradutora e consultora de Libras. É ativista de questões da maternidade e da mulher negra surda. Em sua poesia, investiga elementos do humor e do erotismo em língua de sinais. Participa ativamente do Slam do Surdes, como poeta e assistente de coordenação. É integrante do grupo êBA! e cofundadora do grupo Ramarias, ambos coletivos bilíngues de arte, e integrante de Libralize-se (empresa da Surdes). Nascida em Brasília, mudou-se para São Paulo (SP) aos 24 anos. Hoje, aos 33 anos, vive na Cidade Ademar (zona sul de São Paulo)

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