Com abandono do Centro e madrugada esvaziada, gestão Ricardo Nunes espalha Virada Cultural pelas periferias

Com abandono do Centro e madrugada esvaziada, gestão Ricardo Nunes espalha Virada Cultural pelas periferias

Com justificativa de descentralização, evento perde característica de promover ocupação e circulação da região central. Planejamento da edição de 2023 ainda teve polêmica de atividades no metaverso, que foi vetada. Fizemos uma curadoria pra você curtir em todos os cantos da cidade neste fim de semana!

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Tempo de leitura: 8 minutos

Sair à noite pelas ruas do Centro da capital paulista para ver uma apresentação muito esperada e, no meio do caminho, descobrir algum artista independente e pouco conhecido mas que desperta novas sensações… Se antigamente a Virada Cultural propiciava esse tipo de interação em plena madrugada, com ocupação da população que saía das periferias rumo às ruas estreitas não para trabalhar mas para se divertir, ao chegar a sua 18ª edição neste sábado e domingo (27 e 28/5) o evento perde suas principais características.

Com mais de 500 atrações, a maioria delas musicais, a Virada se espalha por 12 palcos e 49 equipamentos culturais diferentes. As apresentações na região central se restringem ao Vale do Anhangabaú, que no ano passado foi cenário de arrastões e agressões – um retrato do abandono que vive o território, principalmente desde a pandemia de covid-19. Por ali, se apresentam nomes como Glória Groove (dia 27, às 18h), BaianaSystem (dia 27, 20h30), Alceu Valença (dia 28, às 16h) e Iza (dia 28, 18h) Também é local que concentra asatrações na madrugada, como Yzalu (0h30), Luedji Luna (1h30) e MV Bill (3h30).

A descentralização é a principal justificativa da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), comandada por Aline Torres e subordinada ao prefeito Ricardo Nunes (ambos do MDB). Nesta edição, as periferias ganham 3 novas arenas, totalizando 11: Capela do Socorro (Zona Sul), Brasilândia (Zona Norte), Butantã (Zona Oeste), Campo Limpo (Zona Sul), Cidade Tiradentes (Zona Leste), Heliópolis (Zona Sul), Itaquera (Zona Leste), M’Boi Mirim (Zona Sul), Parada Inglesa (Zona Norte), Parelheiros (Zona Sul), São Miguel Paulista (Zona Leste).

Também acontecem apresentações em 4 teatros regionais, além do Theatro Municipal; 15 casas de cultura; 12 centros culturais; 4 museus; 11 bibliotecas; e 2 CEUs. A programação se estende ainda por equipamentos do Governo do Estado e por 16 unidades do Sesc. Confira a programação completa aqui.

Neste ano, a Prefeitura investiu cerca de R$ 40 milhões na realização do evento. A Virada Cultural 2023 também previa o gasto de R$ 10 milhões numa versão no metaverso (um ambiente virtual), mas foi suspensa por falta de informações pelo Tribunal de Contas do Município. Segundo a administração, o evento deve reunir 4 milhões de pessoas no final de semana, gerar 1.800 trabalhos diretos e indiretos e promover um retorno de R$ 400 milhões para o município.

Cada vez mais musical, a Virada Cultural traz nomes conhecidos do público, como Dilsinho (28/5, 17h, em São Miguel Paulista), Anavitória (28/5, 15h, no Butantã), Léo Santana (28/5, 17h, no M’Boi Mirim) e o grupo Pixote (28/5, 17h, na Cidade Tiradentes).

Confira abaixo a nossa seleção!

Zona Leste

O sábado começa com Forró Delas. Formado por 5 mulheres, a banda se apresenta às 10h na Casa de Cultura São Miguel (rua Irineu Bonard, 169 – Vila Pedroso). Às 17h, o rapper mineiro FBC é a atração do Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes (rua Inácio Monteiro, 6900 – Conj. Hab. Sitio Conceição). Às 18h, o trapper Sidoka se apresenta em São Miguel Paulista (na avenida Deputado Dr. José Aristodemos Pinotti, 20). E às 20h, a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana toca na Cohab José Bonifácio (avenida Nagib Farah Maluf, s/n)

Já no domingo, às 15h, as gêmeas Tasha & Tracie apresentam nesse show músicas do seus dois eps “Rouff” e” Diretoria” no palco Itaquera (avenida Nagib Farah Maluf, s/n). No mesmo horário, a Congada de Santa Efigênia de Mogi das Cruzes apresenta parte do repertório construído em 80 anos no Largo do Rosário, na Penha.

Zona Norte

A banda Ratos de Porão completa 42 anos de estrada, e apresenta seu repertório repleto de clássicos da carreira e as recentes músicas lançadas em seu recente álbum “Necropolitica” no sábado, às 17h, na Casa de Cultura Tremembé (Rua Maria Amális Lopes Azevedo, 190). Às 19h, o rapper Thaíde também apresenta obras de 40 anos de carreira no palco de Perus (rua Bernardo José de Lorena, s/n – Vila Fanton). No mesmo local, às 21h, BC Raff mostra por que é um dos principais nomes do trap.

No domingo, MC Soffia é atração das 13h no Centro Cultural da Juventude (av. Deputado Emílio Carlos, 3641 – Vila dos Andrades). E às 16h, Faraonika atravessa a cultura pop, hip-hop e baladas em uma intervenção no palco Brasilândia (Av. Inajar de Souza, 2298).

Zona Sul

No sábado, às 17h, DJ Nuts apresenta clássicos do rap nacional na Casa de Cultura Chico Science – Ipiranga (avenida Pres. Tancredo Neves, 1265 – Vila Moinho Velho). No mesmo horário, o pagodeiro Salgadinho se apresenta na Casa de Cultura M’ Boi Mirim (rua Inácio Dias da Silva, s/n -Piraporinha).

Às 19h, o carioca MC Marechal é atração no Parque Bristol (ruaProf. Artur Primavesi, s/n), enquanto Luccas Carlos apresenta um mix de clássicos MPB e R&B, harmonizados com a linguagem jovem do Rap e Trap no Centro Cultural Grajaú (rua Prof. Oscar Barreto Filho, 252). E às 20h, o MC BinLaden toca no Campo Limpo (rua Dr. Joviano Pacheco de Aguirre, 30 – Jardim Bom Refugio). Pra fechar a noite, às 21h tem Dexter também no Parque Bristol e Pagode da 27 no Grajaú.

No domingo, às 14h, o grupo de dança Maobé mescla tradição e contemporâneo em uma performance corporal no Centro Cultural Culturas Negras “Mãe Sylvia de Oxalá” (rua Arsênio Tavolieri, 45 – Jabaquara). No mesmo horário, o grupo baiano Afrocidade reverbera influências da África atual e outras Áfricas possíveis no Palco Piraporinha (avenida Luiz Gushiken). E o Fundo de Quintal toca às 15h, em Parelheiros (rua Teresinha do Prado de Oliveira, 100).

Zona Oeste

No sábado, às 18h, Tássia Reis toca no palco Pirajussara, que fica na saída do metrô Butantã (av. Eliseu de Almeida, altura do nº 3.300). E no domingo, a atração principal é a cantora mineira Marina Sena, que se apresenta às 17h.

Já no Centro, a apresentação dos Xondaro guarani acontece no sábado, às 15h, no Solar da Marquesa de Santos (rua Roberto Simonsen, 136). E às 16h, a intervenção Quebrada Viva Móvel promove batalhas de breaking no Centro Cultural Olido (Av. São João, 473).

Programação infantil e nos Sescs

Na manhã de domingo, entre 9h e meio-dia, as atividades são voltadas para crianças. A programação infantil também conta com Palavra Cantada, no Campo Limpo; Cumbia Cavalera, na Brasilândia; Queen Live Kids, em São Miguel; 16 Toneladas, em Interlagos; Bloquinho Gente Miúda, no M’Boi Mirim; entre outras.

Já 16 unidades do Sesc em São Paulo realizam uma série de atividades que integram a programação da Virada Cultural, em áreas como Música, Teatro, Circo, Dança, Cinema, Literatura e Artes Visuais. Dentre os shows que são destaque na programação do Sesc, estão as apresentações de Bruna Caram cantando Gonzaguinha (Sesc Bom Retiro), Céu (Sesc Consolação), Supercombo (Sesc Interlagos), Ellen Oléria cantando Beyoncé (Sesc Ipiranga), Clube do Balanço (Sesc Itaquera), entre outras.

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