A rotina de um motoboy autônomo em SP: Xixi no shopping, marmita requentada no motor e tempo pra curtir a filha

A rotina de um motoboy autônomo em SP: Xixi no shopping, marmita requentada no motor e tempo pra curtir a filha

Trabalhador precisou apelar aos aplicativos de entrega após ficar desempregado na pandemia, mas migrou para o serviço particular para aumentar a renda. Apesar da rotina puxada e falta de direitos, ele vê pontos positivos na função. Confira no primeiro episódio da série “Diário do Corre”, que traz relatos de pessoas periféricas que estão no trabalho autônomo

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Tempo de leitura: 3 minutos

Reportagem e roteiro: André Santos. Revisão de roteiro: Thiago Borges. Captação de imagens, edição de áudio e trilha sonora: Vitori Jumapili. Edição e finalização de imagens: Pedro Salvador. Identidade visual: Rafael Cristiano. Distribuição: Vênuz Capel

Apaixonado por motos desde a infância, Augusto Juvenal Xavier da Silva começou a atuar enquanto entregador em uma pizzaria do seu bairro aos 18 anos. Entre idas e vindas, o motoboy de 28 anos está na função até hoje – o retorno ocorreu após ficar desempregado na pandemia.

Morador do Jardim Gaivotas, no Grajaú (Extremo Sul de São Paulo), Augusto narra percepções e vivências atuando nas ruas, onde trabalha de 10 a 12 horas por dia, em média. O motoboy valoriza a liberdade de transitar por diferentes territórios, a flexibilidade em seus horários que permitiu um contato maior com a filha e a possibilidade de fazer a diferença e ajudar pessoas que cruzam seu caminho.

Em contrapartida, também põe em perspectiva questões como a dificuldade de acesso a direitos básicos, como almoçar adequadamente ou utilizar o banheiro, o medo pelo perigo que a profissão traz, uma vez que motociclistas são as maiores vítimas de acidentes de trabalho no Brasil, a falta de respeito de clientes e de amparo por parte de aplicativos.

Sentindo a desvalorização pessoal e financeira imposta pelos aplicativos de entrega, abandonou as plataformas há cerca de 2 anos, quando passou a atuar de forma particular através de grupos do whatsapp. Augusto conta que desta forma pode receber valores mais justos pelos seus serviços.

Pela autonomia, o motoboy não se empolga com a possibilidade de registro em carteira, ainda que reconheça que exista a importância da garantia de direitos básicos que a formalização traz. Apesar disso, cobra melhorias e mais respeito com a classe, que é alvo constante de violações e violências trabalhistas e sociais.

“Acho que hoje em dia não valorizam muito a profissão, entendeu? Tanto que você vê notícias aí do pessoal batendo no motoboy, entregador… o pessoal indo para cima, quebrando, achando que tá fácil”, desabafa.

Clique e assista todos os episódios da série aqui!

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