Numa disputa eleitoral dominada pelo ódio e o medo, com prejuízos à saúde mental (inclusive, falamos disso aqui nesse post), qual é o espaço para discussão dos sonhos e das necessidades da população? Em que momento as propostas que realmente nos interessam estão sendo abordadas? E como estamos lidando com essa situação?
Na quinta-feira passada (18/10), a exatos 10 dias do segundo turno das eleições para Presidente da República e Governador do Estado de São Paulo, o Periferia em Movimento foi buscar essas respostas em uma feira livre no Grajaú. A zona eleitoral no Extremo Sul da capital paulista destoa de boa parte da cidade: aqui, Fernando Haddad (com 36% dos votos), ficou à frente de Jair Bolsonaro (33,6%) no primeiro turno, enquanto na disputa estadual João Doria (14,5%) amargou um quarto lugar, atrás de Luiz Marinho (33,2%), Paulo Skaf (22,2%) e Marcio França (19,7%).
A polarização virou mote para as promoções gritadas pelos feirantes. O nome dos candidatos tá na boca dos trabalhadores, mas a convicção do voto – ao menos, entre os entrevistados para essa reportagem – é acompanhada por um certo desalento.
De um lado, a desilusão com o PT, os casos de corrupção e a esperança de que o presidenciável militar não vai fazer tudo que fala porque depende do Congresso, por exemplo. Do outro, quem não entende a adesão de vizinhos e amigos a um discurso contrário à própria existência de quem vive nessas periferias. No meio, os indecisos e aqueles que não acreditam no sistema. Em comum, todos almejam uma vida melhor.
Gisele Brito