Com informações da assessoria de comunicação
Com interesse em tornar o debate sobre participação infantil mais dinâmico e divertido, adolescentes que fazem mobilização da Rede Não Bata, Eduque criaram em 2019 o jogo “Pedras no Caminho da Participação” para ser usado com pessoas adultas. Com a pandemia, o grupo teve a ideia de produzir o jogo virtualmente. Para isso, participaram de cursos de criação de jogos digitais, fizeram pesquisas, escreveram roteiro, desenvolveram os personagens e todas as peças do jogo.
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“Em 2019 fizemos uma formação com um grupo de educadores adultos para falar sobre a importância da participação e quais os desafios que a gente encontra nesse caminho. Pensamos em como fazer isso de uma maneira divertida, trazendo os adultos para o nosso mundo. No meio da quarentena, estávamos sentindo falta de alguma coisa e tivemos a ideia de adaptar o jogo para o modo virtual”, relata a mobilizadora Rebeca Cassiano, de 16 anos, estudante do primeiro ano do Ensino Médio.
“A gente não sabia que dava tanto trabalho. Só fazendo mesmo que tivemos realmente noção que a programação é uma coisa muito complicada. Depois de muito persistir, a gente conseguiu!”, continua ela.
O resultado é uma boa pedida para brincar em família. Além disso, o jogo também pode (e deve) ser utilizado por quem atua com educação formal e informal, em escolas, grupos comunitários e ONGs. A proposta é incentivar a reflexão de crianças, adolescentes, jovens e adultes sobre a importância da participação como direito e apresentar meios de garantir o direito à participação de crianças e adolescentes.
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Israel Izael, de 17 anos, mobilizador da Rede e estudante do primeiro ano do Ensino Médio, explica que as pedras do jogo são, simbolicamente, as frases que crianças e jovens costumam ouvir. Expressões como “isso é coisa de adulto”.
“As frases que a gente escuta ao decorrer da nossa vida, principalmente nós adolescentes, são barreiras para a gente ganhar o tal prêmio a participação”, diz.
O objetivo é retirar todas as pedras do caminho que impedem a participação de crianças e adolescentes. O final do percurso, sem as pedras, pode representar um avanço ao direito à participação. Cada pedra carrega um problema que impede o acesso direito e a missão do jogador é escolher as melhores soluções para tirar os obstáculos do caminho. A cada resposta certa, o jogador ganha pontos e está mais perto de garantir o direito. Chegando ao fim da jornada, os participantes calculam seus pontos, saberão se estão por dentro do Direito à Participação e receberão indicações de como melhorar sua atuação no tema.
“O jogo não tem uma faixa etária indicada, é para todas as idades. Nossa proposta é que todos pensem sobre o direito à participação”, diz Maria Heloísa Pereira, de 18 anos, estudante do segundo ano do Ensino Médio.
O que é participação infantil e como estimular o debate após o jogo
No Brasil, a participação das crianças está prevista desde 1989 na Convenção dos Direitos das Crianças da ONU (Organização das Nações Unidas), do qual o Pías é signatário, assim como no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), de 1990.
Ambos documentos apontam para a necessidade de escutar a criança sobre todos os processos e ações que lhe concernem. E em 2016, o Marco Legal da Primeira Infância também aponta sobre a importância de se promover a participação das crianças.
“Estas leis incentivam a participação, mas não garantem. É isso que viemos tentando, que essas leis sejam executadas em todas as esferas, desde a comunidade até nos espaços públicos de decisão e poder. As crianças falam de um mundo adultocêntrico, que existe pautado em como os adultos enxergam o mundo. A sociedade se organiza por esse olhar adulto, sem considerar as crianças, romantizando como elas se expressam e quando se colocam nestes lugares”, explica a educadora social Grasiela Araújo, que orienta jovens nas atividades.
Uma das vantagens da participação infantil para as crianças é que melhora o diálogo com os adultos, a capacidade de se relacionar com as pessoas e resolver os conflitos. Além disso, ao participar efetivamente, a criança desenvolve o senso crítico, aumenta o conhecimento sobre a realidade e a capacidade de argumentar.
Na medida em que as crianças e adolescentes participam e opinam sobre os combinados em família, sentem-se corresponsáveis para que as mudanças virem realidade. Por fim, toda a sociedade pode colher frutos da participação infantil, pois ela cria condições para que crianças e adolescentes estejam mais presentes nas organizações e instituições comunitárias.
“Falando como jovem mobilizador e por vivência, eu digo que nosso nível de participação é péssimo. Eu ainda tenho o privilégio de participar por conta da rede Não Bata, Eduque, mas no colégio ou até mesmo dentro de casa, não tem muita participação, não. É isso que queremos e é isso que o jogo diz. Nós, adolescentes, temos o direito à participação, essas pedras têm que sair do nosso caminho”, finaliza Israel.
Consulte o Guia de Ideias sobre o jogo com dicas e conteúdos sobre Participação Infantil.
Redação PEM
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