Operação Escudo deixa rastro de execuções sumárias, tortura e invasões a domicílio pela PM na Baixada Santista, denuncia relatório

Operação Escudo deixa rastro de execuções sumárias, tortura e invasões a domicílio pela PM na Baixada Santista, denuncia relatório

Documento foi elaborado e apoiado por organizações e movimentos sociais e entregue a procurador-geral do Estado. Desde 2 de fevereiro, ação policial resultou em ao menos 33 mortes - maior banho de sangue promovido pelo Estado desde o massacre do Carandiru, em 1992

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Com informações da Agência Brasil

A Polícia Militar de São Paulo promoveu ao menos 8 execuções sumárias, tortura, invasões a domicílio e abordagens violentas na Baixada Santista, litoral paulista. É o que aponta o relatório entregue a Mario Sarrubo, procurador-geral do Estado, em reunião fechada na tarde desta segunda-feira (26/2).

O documento diz respeito às abordagens da segunda fase da Operação Escudo da PM, que aconteceram entre os dias 7 e 9 de fevereiro. No dia 11 de fevereiro, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e a Ouvidoria de Polícia de São Paulo visitaram comunidades ocupadas por militares para essa operação e ouviram familiares, lideranças e pessoas que moram nessas localidades em Santos, São Vicente e Cubatão.

Clique aqui para ler na íntegra.

Lançada pelo secretário de segurança pública Guilherme Derrite, sob o comando do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), a segunda fase da Operação Escudo acontece desde 2 de fevereiro. A operação é uma “reação” ao assassinato do PM da Rota Samuel Wesley Cosmo. Desde então, a ação deixou 33 civis mortos em supostos confrontos com a polícia. É o maior rastro de sangue deixado pelo Estado desde o massacre do Carandiru, em 1992

“Entre as vítimas da Operação Escudo no período de análise do relatório, estão duas pessoas com deficiência física, sendo que uma delas se locomovia apenas com auxílio de muletas e a outra possuía 20% de visão em um único olho. Nos dois casos, os agentes policiais, que não utilizavam identificação, disseram ter sido ameaçados pelas vítimas, embora laudos médicos comprovem a incapacidade deste cenário”, destacou a Ouvidoria, em nota.

Entre os casos citados no documento está o de um motorista de aplicativo que relatou uma emboscada da polícia que resultou na morte de um passageiro, identificado como um suposto traficante. O carro foi parado por policiais da Rota, que pediram para o motorista sair do carro enquanto o passageiro permanecia no veículo.

“Um dos policiais contornou o carro e atirou no passageiro. Após o incidente, o motorista relatou ter sido ameaçado pelos policiais para manter a versão dos fatos conforme eles descreveram”, diz o relatório.

Segundo o documento, o homem parou de trabalhar como motorista de aplicativo devido ao trauma da execução, da abordagem policial e ao estado do seu carro, que ainda estava com marcas de balas e cheiro de sangue.

“De modo geral, a Operação Escudo não atingiu o seu objetivo de trazer uma sensação de segurança e mais do que isso, tem ampliado as vítimas. Agora, não só a sociedade civil é vítima de atos ilegais por parte da polícia, como a reação de bandidos têm gerado a morte de policiais e agentes da segurança pública”, destacou do presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), Dimitri Sales.

De acordo com Sales, a Operação Escudo revela o desastre da política de segurança pública em São Paulo e precisa ser freada imediatamente.

“No relatório que publicamos são muitos os casos de agressões, de violência, o que contrasta com a versão apresentada pelo governo do estado de que essas pessoas haviam sido mortas em tiroteio, em reação a alguma ação policial. Não é verdade. A Operação Escudo precisa ser extinta imediatamente”, acrescentou.

Além da Ouvidoria da Polícia, as organizações e parlamentares que participaram da comitiva e assinam o relatório são: Centro de Direitos Humanos e Educação Popular (CDHEP Campo Limpo), Comissão Arns, Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil-SP, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Instituto Sou da Paz, Instituto Vladimir Herzog, Mandato da Deputada Federal Juliana Cardoso, Mandato da Deputada Estadual Mônica Seixas, Mandato da Vereadora Débora Alves Camilo de Santos, Mandato do Deputado Estadual Eduardo Suplicy, Mandato do Vereador Tiago Peretto de São Vicente, Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica, Rui Elizeu de Matos Pereira e Patrícia Bueno Resende.

Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou em nota que as forças de segurança do Estado são instituições legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional, e suas corregedorias estão à disposição para formalizar e apurar toda e qualquer denúncia.

“Os casos de Morte Decorrente de Intervenção Policial (MDIP) são consequência direta da reação violenta de criminosos à ação da polícia no combate ao crime organizado, que tem presença na Baixada Santista e já vitimou três policiais militares desde 26 de janeiro. A opção pelo confronto é sempre do suspeito, colocando em risco a vida do policial e da população”, diz o texto.

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