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No Mundial de Fútbol Callejero, diferente do futebol convencional, muitas regras são definidas a cada jogo pelos próprios participantes. Mas uma regra comum a todas as partidas é a presença garantida de meninas e meninos em campo. Uma convivência que podia não dar certo, mas com o respeito como mais um dos princípios aplicados, todo mundo consegue dar sua contribuição para um bom jogo.

As meninas mostraram que podem jogar de igual para igual e assumiram belas jogadas e gols como fizeram as jovens da África da Sul, Colômbia, Peru e Brasil. Em alguns times, como goleiras, são responsáveis também por importantes defesas como é o caso nas delegações do Paraguai e Catalunha.

Apesar de algumas jogadoras já terem experiência e habilidades no esporte, para as cinco meninas de Heliópolis, São Paulo, que integram duas das três equipes brasileiras, foi a primeira vez em um time misto. “A gente já joga há muito tempo, mas é a primeira vez que jogamos com os meninos”, conta a educadora social Adriana Nascimento, 30 anos, que neste Mundial é mediadora, mas em seu bairro faz parte do grupo de meninas que treina na União de Núcleos, Associações e Sociedade de Moradores de Heliópolis (UNAS). No ano passado, o time se mobilizou para criar o primeiro campeonato local de futebol feminino.

Já Monica Helena F. de Oliveira, 16 anos, está acostumada a dividir o campo com o sexo masculino. “No começo foi difícil, fiquei com medo de jogar com eles, porque são mais fortes, mas agora é normal”. Há dois anos a brasileira joga futebol de rua seguindo a metodologia aplicada no Mundial. Ela faz parte do Programa Esportivo Integral (PEI) da universidade Unisinos, em São Leopoldo, município de Porto Alegre (RS).“a gente aprende que tem que respeitar os outros e isso motiva a união entre os jogadores”.

Outras jovens no Mundial, além de jogarem pela primeira vez nesse formato, não tem muita intimidade com o esporte como é o caso das serra-leonesas. “O nosso time foi formado há pouco tempo para participar do Mundial e as meninas não jogam muito futebol no nosso país. Mas para esse estilo de jogo isso não é um problema”, garante Ajara Bomah, coordenadora do Sierra Leone Youth Advocate Program, organização não-governamental de onde veio toda a delegação de Serra Leoa para o Mundial de Futebol de Rua. Para ela, o ganho maior desse evento internacional é a oportunidade de conhecer pessoas de vários lugares do mundo que “percebemos ter muito em comum”.

Na delegação de Israel o time lida tranquilamente com a diversidade. Dentro da equipe de dez pessoas, três são meninas. Todos treinam juntos em seu país no centro esportivo municipal Agudat Sport Ramat Hasharon. No time também têm a convivência entre judeus e muçulmanos. “A religião de cada um não importa. Somos melhores amigos”, conta o goleiro do time Yoav Sborovsky, de 18 anos. A jogadora israelense Roni Shimrich, 20 anos, completa “Entre a gente é muito sorriso, cooperação, não tem competição, brigas”.

Futebol como ferramenta para discutir questões de gênero
O fútbol callejero permite abordar diversos assuntos entre seus praticantes. Promove diálogos que contribui para a construção de cidadãos mais conscientes de seus direitos e que respeitam a diversidade cultural, social e étnico racial.
Na Costa Rica, em San José, a iniciativa Fútbol por la Vida que trouxe sua delegação para o Mundial também trabalha a questão de identidade de gênero durante os encontros com a equipe. A proposta é sensibilizar os jovens sobre os padrões culturais patriarcais que influenciam no desenvolvimento humano e promover um novo tipo de relação entre homens e mulheres.

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