Mais da metade de adolescentes no Brasil já sofreu violência sexual on-line

Mais da metade de adolescentes no Brasil já sofreu violência sexual on-line

Apesar de receberem algum tipo de orientação sobre uso da internet, 94% não sabem como proceder em situações de risco nem como denunciar

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Tempo de leitura: 5 minutos

Cerca de 9,2 milhões de adolescentes do País já sofreram violência sexual na internet. Isso equivale a 54% das pessoas na faixa entre 13 e 18 anos de idade. Os casos ocorreram com ou sem a interação de um agressor.

É o que aponta a segunda etapa da pesquisa Mapeamento dos Fatores de Vulnerabilidade de Adolescentes Brasileiros na Internet, realizada pela organização ChildFund Brasil com foco no abuso e exploração sexual on-line.

O estudo traz uma análise detalhada do comportamento e do estado emocional de adolescentes em ambientes digitais. A pesquisa ouviu cerca de 8.500 adolescentes de todas as regiões, especialmente do Nordeste e Sudeste.

O lançamento aconteceu no último dia 15 de maio, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e integra a agenda da campanha Maio Laranja, mês de conscientização e enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.

Clique e confira o que fazer em caso de suspeita de violência sexual contra crianças e adolescentes

Qual é o uso da internet?

A pesquisa apontou que, com o aumento da idade, cresce também o tempo de uso da internet e a variedade de aplicativos, o que eleva em até 1,3 vezes o risco de violência online para jovens de 17 e 18 anos em comparação aos de 15.

Em média, a pesquisa apontou que adolescentes passam quatro horas diárias conectados, principalmente pelo celular e fora do contexto escolar.

A pesquisa também aprofunda a compreensão a partir da perspectiva de adolescentes. Os resultados indicam uma predominância de hábitos on-line entre os adolescentes:

  • 79% dos hobbies mencionados são digitais
  • Apenas 21% envolvem atividades off-line, como desenhar, passear ou praticar esportes
  • Os aplicativos como Instagram e TikTok são os mais citados

Esses dados reforçam o alerta para a exposição prolongada a conteúdos e interações potencialmente perigosas no ambiente virtual.

Insegurança digital

Apesar de grande parte de adolescentes declararem ter recebido alguma orientação sobre o uso da internet, 94% afirmam não saber como proceder em situações de risco de violência, como denunciar esses casos.

A reação mais comum diante desses contextos é o bloqueio de perfis suspeitos, em vez da formalização de denúncias. Isso contribui para a subnotificação do problema e dificulta ações mais efetivas de combate à violência.

Além disso, apenas 35% de adolescentes mencionaram algum tipo de controle das atividades digitais por parte da família e 45% defenderam explicitamente o direito à privacidade on-line.

A percepção de insegurança também varia entre os gêneros. Enquanto 21% das meninas afirmaram sentir-se inseguras on-line, apenas 10% dos meninos relataram o mesmo. Elas também registraram maior incidência de bullying virtual.

Tipos de violência

A pesquisa identificou 14 formas de violência vivenciadas por adolescentes em ambientes digitais, divididas em quatro categorias: privacidade e segurança, ameaças e assédio, conteúdo sensível e discussões online.

As violações mais recorrentes incluem invasão de contas, pedidos de fotos e dados pessoais, bullying, comentários ofensivos e exposição em grupos.

Entre os ambientes virtuais mais citados como inseguros, o Instagram lidera com 68% das menções, seguido pelo jogo Roblox, com 12%. Também foram destacados os riscos do jogo Free Fire, associado ao assédio verbal, e do TikTok, com exposição a conteúdos inadequados.

Diante desse cenário, o estudo recomenda ações integradas para conscientizar e prevenir, como canais de denúncia acessíveis, campanhas educativas sobre privacidade, apoio emocional em escolas e capacitação de famílias e para identificar e acolher sinais de sofrimento.

O ChildFund Brasil defende a urgência da criação e do fortalecimento de políticas públicas que garantam a proteção da infância também no ambiente digital.

Entre as medidas apontadas estão a criminalização de condutas específicas, como grooming e sextorsão, a exigência legal de tecnologias de detecção de conteúdo abusivo por plataformas digitais, como o PhotoDNA, e a padronização de protocolos intersetoriais entre conselhos tutelares, forças de segurança e serviços de saúde.

Para acessar a pesquisa completa, clique e acesse o site do ChildFund Brasil.

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