Por Joseh Sillva, no blog SPeriferia da Carta Capital
A dívida nacional com o povo indígena é incalculável. Mais 500 anos de injustiça não se (a)pagam. O extermínio da cultura e de vidas continua em vigor, com mais ou menos intensidade em determinadas épocas, mas em processo. Mesmo com muitos erros, o governo não aprende. Houve uma tentativa com a Constituição de 1988, no entanto, propostas inconstitucionais, como as PECs 215 e 227 e outras que ameaçam os povos indígenas que resistem à perseguição latifundiária.
Neste momento, as PECs, são a maior preocupação de Jerá Guarani, professora e liderança interna da Aldeia Tenondé Porã, localizada na região de Parelheiros, extremo sul de São Paulo. “Não há cultura, não existe saúde, não existe sustentabilidade sem território”, ressalta Jerá, ao lembrar que historicamente a luta do índio nunca foi contra outros povos, mas por suas terras. “Nossa luta sempre foi para proteger as nossas áreas.”
A aldeia tem 60 anos e é demarcada em 26 hectares, ocupados por 100 famílias. Nela há escola, posto de saúde e acesso à internet. No entanto, mesmo conta tanta “influência” da sociedade, o povo mantém sua tradição como forma de defesa. Os costumes e a língua são os aspectos mais preservados.
Um dos argumentos que a bancada ruralista sustenta é que as terras indígenas não estão sendo usadas para o plantio e criação de gado, na perspectiva de uma produção que alimente a sociedade. Dentro do capitalismo, as terras têm de gerar lucro. No entanto, para Jerá a relação é outra: “Não é para plantar que o índio quer terra. É para viver. Nós somos da terra. Vivemos dela, não ela de nós”.
Manifestação. No próximo dia 2 de outubro acontecerá um ato em defesa dos direitos indígenas e da Constituição Federal. A concentração será a partir das 15h no vão livre do Masp, e a saída está prevista para as 17h.
Assista ao vídeo da entrevista com Jerá Guarani: