Educação nas periferias: o que dizem as professoras que vivem a realidade da quebrada

Educação nas periferias: o que dizem as professoras que vivem a realidade da quebrada

Neste 15 de outubro, Dia dos Professores, a Periferia em Movimento relembra falas importantes de docentes que já foram entrevistadas por nós

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Tempo de leitura: 7 minutos

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Por redação. Este áudio foi gerado por Inteligência Artificial com o uso da voz de Thiago Borges. Um “arquiteto de sonhos” e “engenheiro do futuro” – é desta forma que o poeta Bráulio Bessa descreve o papel e a importância dos professores para um país. E ele complementa: “Um plantador de esperança/plantando em cada criança/um adulto sonhador.”

Para reafirmar nosso compromisso com a educação, a Periferia em Movimento reuniu algumas das entrevistas mais importantes que já realizamos com professoras que atuam nas periferias de São Paulo. Confira abaixo.

EJA vira ferramenta de fortalecimento para mulheres do Extremo Sul de SP

Letícia Farnetani, professora do CIEJA Lélia Gonzalez (foto arquivo pessoal)

Letícia Farnetani, professora do CIEJA Lélia Gonzalez (foto arquivo pessoal)

No Extremo Sul de São Paulo, em bairros como Parelheiros, Grajaú e Varginha, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem se mostrado uma ferramenta poderosa no empoderamento de mulheres periféricas. Por meio de dinâmicas grupais reflexivas e acesso a informações sobre políticas públicas, elas estão ressignificando suas trajetórias e conquistando autonomia.

“Para muitas mulheres, estar na escola é o momento de se sentirem vistas e acolhidas. É um processo de retomada de vozes que foram silenciadas”, aponta Letícia Farnetani, 32, professora do CIEJA Lélia Gonzalez.

Ela relata casos de alunas que, após voltarem a estudar, conseguiram questionar patrões sobre direitos trabalhistas ou reconhecer relacionamentos abusivos.

Na sala de aula ou nos slams de poesia na rua, Cristina Assunção educa gerações nas periferias de SP

A professora Cristina Assunção

Do Jardim Samara (na zona Leste paulistana) à formulação de políticas nacionais no governo federal, a professora Cristina Assunção tem uma trajetória de ativismo cultural, educação transformadora e luta por direitos

Ela não quer ser o tipo de educadora que só vai bater o cartão ao fim do expediente para receber o salário no final do mês. Ela acredita numa educação a partir da criação de vínculos afetivos, defende que a mesma turma seja acompanhada por docentes durante todo o ciclo formativo e ressalta o lado “maternal” da profissão.

“Minha primeira militância está em ser professora. É uma relação hierárquica, não no sentido de mandar, mas sim de criar. De você contribuir com tijolos na construção daquele ser humano. Pra mim isso é maravilhoso, mas é desafiador”, afirma.

Educação libertadora: escola no Grajaú estimula protagonismo estudantil

Regiane de Souza, professora da EMEF Padre José Pegoraro

“A gente está numa escola que amplifica vozes, eu acredito que a palavra é essa. Nosso trabalho é mostrar que eles (estudantes) podem ir além, que podem sonhar, podem pensar num futuro e podem também viver o hoje tendo experiências que realmente deixam marcas”.

A fala da professora Regiane de Souza, de 43 anos, é uma síntese de um bonito e já consolidado trabalho desenvolvido há alguns anos pelo corpo docente da EMEF Padre José Pegoraro.

A escola municipal localizada no Grajaú, no Extremo Sul de São Paulo, se destaca como referência na proposição de atividades e ações de cunho integrativo e social.

Avanços e desafios na promoção da igualdade racial na educação brasileira

(Artigo de Lilian Ferreira de Souza, professora de História de rede pública municipal de São Paulo e idealizadora e pesquisadora no Coletivo Malungo. Não deixe sua cor passar em branco!)

Lilian Ferreira de Souza

Ao considerarmos a violência de nosso passado colonial, o desafio atual é desconstruir a narrativa da democracia racial, ainda presente em alguns discursos, que se incorporou à nossa história. Isso implica trazer à discussão temas que foram deliberadamente ocultados.

“Uma educação antirracista deve começar identificando as maneiras pelas quais o racismo está presente em todos os aspectos da vida, nos nossos pensamentos, nas nossas ações, nas nossas instituições.” (hooks, 2013, p. 107).

O compromisso deverá promover uma educação étnico-racial inclusiva e plural, que respeite e valorize a diversidade cultural do nosso País, combatendo o racismo, a discriminação e as desigualdades históricas que afetam as pessoas negras e de outras etnias marginalizadas, garantindo assim uma formação mais justa, igualitária e democrática para todos.

Professora mobiliza estudantes para medir qualidade da água de córrego na periferia de São Paulo

A professora universitária Socorro Lippi, de 61 anos, tem uma relação de afeto com o córrego São José, na periferia da zona Sul da capital paulista, que fica próximo de sua casa. Nascida no interior da Paraíba, ela se mudou para São Paulo há quatro décadas. E o rio está em seu caminho diário.

Esse sentimento vira ação concreta quando ela lidera estudantes de Biologia no monitoramento da qualidade dessas águas. O riacho atravessa comunidades extremamente urbanizadas, sofre com a poluição decorrente da falta de saneamento e por fim deságua na represa Guarapiranga, que abastece as torneiras de 5,5 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, segundo a Sabesp.

Socorro é voluntária do projeto Observando os Rios, da Fundação SOS Mata Atlântica, que tem uma metodologia para acompanhar, divulgar dados e influenciar ações de políticas públicas para melhoria das águas.

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