Por que o acesso a banheiros é uma questão de racismo ambiental e justiça climática?

Por que o acesso a banheiros é uma questão de racismo ambiental e justiça climática?

Neste Dia Mundial do Banheiro (celebrado hoje, 19/11) e véspera do Dia da Consciência Negra (20/11), é importante abordar o acesso a banheiros e saneamento básico no País

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Tempo de leitura: 4 minutos

Cerca de 30% de pessoas pretas e pardas do Brasil não têm acesso a esgotamento adequado. 
O número cai para 16,5% entre pessoas brancas e sobe para 70% entre os indígenas. Os dados, que compõem o Censo 2022 realizado pelo IBGE, revelam mais uma faceta do racismo ambiental no País.

Para as mulheres negras, sobretudo mães solo, a situação é ainda pior. Segundo o estudo  “O saneamento e a vida da mulher brasileira“, 41 milhões de mulheres não têm acesso adequado à infraestrutura sanitária e ao saneamento, sendo que 40% são mães negras e solo.

O racismo ambiental é uma das interfaces da estrutura racista, que relega em sua maioria pessoas negras e indígenas aos territórios em situação mais vulnerável aos eventos climáticos e às mudanças do clima.

Por isso, na véspera do Dia da Consciência Negra (20/11) e no Dia Mundial do Banheiro (celebrado hoje, 19/11), é importante abordar o acesso a banheiros e saneamento básico no País.

No Brasil, o Instituto Água e Saneamento (IAS) fomenta a discussão na data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar a população sobre a importância do acesso universal à água e ao saneamento básico. A Periferia em Movimento é parceira da iniciativa.

Os números da desigualdade

Em todo o País, 90 milhões de pessoas não contam com coleta de esgoto, 33 milhões não têm água potável na torneira e 1,2 milhão não têm banheiro em casa, segundo dados do IBGE.

Jardim Iporã, Extremo Sul de São Paulo (foto Pedro Salvador)

Do total de pessoas impactadas, 12,2 milhões são crianças e adolescentes sem acesso adequado a esgotamento sanitário. Cerca de 439 mil delas estudam em 4,9  mil escolas que também não têm esse espaço adequado, conforme informações da Unicef e do Ministério da Educação.

O saneamento básico é também um fator crucial para a preservação do meio ambiente. A ausência de coleta e tratamento adequados levam à contaminação de rios, solos e ecossistemas, comprometendo a biodiversidade e os recursos naturais.

De todo o esgoto produzido no País, 55% vai para a natureza sem tratamento, poluindo rios e contaminando a água. Cerca de 6,67 bilhões de metros cúbicos de esgoto não tratado são jogados anualmente na natureza

Segundo a SOS Mata Atlântica, apenas 7% dos rios da Mata Atlântica têm boa qualidade de água, enquanto 72,6% têm qualidade regular e mais de 20% têm qualidade ruim. E 7 em cada 10 praias brasileiras que estão impróprias para banho, em todas as medições feitas entre novembro de 2021 e outubro de 2022, segundo levantamento da Folha de S. Paulo.

Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde aponta que a cada R$ 1 investido em saneamento há uma economia de R$ 4 na saúde. Afinal, em 2021 mais de 128 mil pessoas foram internadas no Brasil por doenças de veiculação hídrica – metade delas é de crianças até 14 anos de idade, segundo o DataSUS.

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