“Ifood popular”, “Quinto Andar social”: As propostas das candidaturas para o uso da tecnologia em SP

“Ifood popular”, “Quinto Andar social”: As propostas das candidaturas para o uso da tecnologia em SP

Com ideias que lembram aplicativos amplamente utilizados, concorrentes à Prefeitura de São Paulo apresentam propostas que levam em conta a transformação digital em um cidade em que o acesso é desigual

Compartilhe!

Tempo de leitura: 8 minutos

Dos golpes do pix e jogo do tigrinho ao trabalho mediado por aplicativo, o que a Prefeitura de São Paulo poderia fazer diante da transformação digital que vivemos na sociedade?

Entre cadeiradas ao vivo na TV e acusações rasteiras nas redes sociais, as ideias para a cidade infelizmente têm ficado em segundo plano. Por isso, a Periferia em Movimento analisou os planos de governo de quem concorre à Prefeitura paulistana e resgata as principais propostas relacionadas à tecnologia. Aqui, você confere os planos na íntegra.

Em resumo, as candidaturas que disputam a eleição para comandar a maior cidade do País falam de iniciativas de educação digital até meios de geração de renda com o comércio eletrônico e as novas tecnologias.

Algumas dessas medidas lembram aplicativos amplamente utilizados, como o Ifood ou o Quinto Andar. Vale ressaltar que os programas não detalham como serão implementados nem a origem de recursos, e há semelhanças entre as diferentes candidaturas.

QUEBRADA DECIDE: Confira nossa cobertura das eleições!

Educação e acesso à internet

Na sala de informática e em outras dependências em EMEF de Parelheiros, estudantes convivem com paredes grafitadas por artistas da região (foto Pedro Salvador)

Na sala de informática e em outras dependências em EMEF de Parelheiros, estudantes convivem com paredes grafitadas por artistas da região (foto Pedro Salvador)

Em seu plano de governo, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) apresenta muitas propostas que utilizam as ferramentas digitais. De olho na formação para o trabalho, a candidata propõe o Programa Revolução Digital, com formação em tecnologia para a juventude.

Ela também defende o letramento digital para pessoas com 60 anos de idade ou mais, que são vítimas comuns dos golpes que circulam nas redes sociais.

Seu oponente Guilherme Boulos (PSOL) também fala em alfabetização digital e quer capacitar a juventude na economia digital com os Centros de Oportunidades, que seriam espaços de formação profissional em regiões periféricas voltadas ao cenário do século 21.

Já o plano do estridente influenciador Pablo Marçal (PRTB), que utiliza as redes sociais para vender cursos, propõe integrar tecnologias educacionais nas salas de aula para preparar estudantes desde cedo para o mercado de trabalho. Recentemente, uma reportagem da Periferia em Movimento mostrou insatisfação de estudantes com uso de aplicativos em sala de aula.

Enquanto isso, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) quer criar 10 centros de inovação aberta focados em inteligência artificial, especialmente nas periferias.

Para tanto, será necessário melhorar o acesso à internet nas margens da cidade.

O Mapa da Desigualdade 2023, publicado pela Rede Nossa São Paulo aponta a disparidade no acesso. A média de distribuição de antenas de internet móvel na cidade chega a 7 por quilômetro quadrado, mas isso é muito maior na República (Centro), enquanto o com menor acesso é Marsilac (Extremo Sul), com apenas 0,06. Já por população, o número de antenas na Barra Funda chega a 40 para cada 10 mil habitantes, contra 1,36 (0,88) por 10 mil habitantes no Lajeado (zona Leste).

Enquanto Nunes e Datena (PSDB) pretendem ampliar o Wi-Fi Livre no município, programa iniciado na gestão de Fernando Haddad (PT), Tabata quer alta velocidade com uso de fibra óptica e via satélite.

Trabalho e renda

Entregadores fazem "breque dos apps" em protesto por melhores condições de trabalho (Foto: Julia Vitoria)

Entregadores fazem “breque dos apps” em protesto por melhores condições de trabalho (Foto: Julia Vitoria)

Boulos cita a transformação digital como uma de gerar oportunidades de emprego.

Para ampliar o acesso a trabalho e renda, Boulos quer estabelecer uma “política de ‘cooperativismo por plataforma'”. É como usar um Uber ou Ifood, mas com assistência a novos negócios, permitindo acesso a canais de distribuição para empreendimentos da economia popular urbana, com o uso do comércio eletrônico.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), do qual Boulos foi coordenador antes de entrar na política institucional, tem projetos do tipo em seu núcleo de tecnologia.

O influenciador Pablo Marçal (PRTB) também quer digitalizar pequenos negócios para vendas on-line, sem entrar em detalhes.

Já a proposta da neoliberal Marina Helena (Novo) se restringe à criação de um “Poupatempo digital do empreendedor”, com serviços para pequenos negócios; e do “Sampa Fácil”, para reduzir a burocracia na abertura de empresas.

Saúde digital e serviços públicos

Enquanto os candidatos de esquerda João Pimenta (PCO) e Ricardo Senese (UP) não mencionam a transformação digital em seus planos, muitas candidaturas acreditam que é possível otimizar serviços públicos com o uso da tecnologia.

Boulos (PSOL) quer integrar todos os serviços da Prefeitura em um único aplicativo – algo similar ao proposto também por Datena (PSDB). Ricardo Nunes (MDB), que tenta se reeleger, menciona o portal SP 156, que defende “aprimorar”.

Um dos serviços pretendidos por Boulos é a UBS digital, com transparência sobre as filas na saúde, além do serviço de teleassistência.

Datena e Marçal também apostam na telemedicina, nos prontuários eletrônicos e no uso da inteligência artificial para expandir a assistência médica.

Recepção da UBS Vera Cruz, na zona Sul de São Paulo

Recepção da UBS Vera Cruz, na zona Sul de São Paulo (foto Pedro Salvador)

Para Tabata, a inteligência artificial pode ajudar a gerenciar filas de consultas, exames e cirurgias na área da saúde, além de enviar lembretes sobre campanhas de vacinação.

A candidata pretende ainda lançar uma plataforma digital de locação social e compra subsidiada de imóveis para facilitar o acesso à moradia – tipo um “Quinto Andar social”.

Nesse sentido, Nunes diz que vai dar mais transparência aos programas habitacionais, sendo possível se cadastrar, gerenciar obras e acompanhar a fila para a moradia.

Ainda nas periferias, o atual prefeito propõe um plano de cidades inteligentes com uso de imagens de satélite, drones e sistemas de monitoramento para fiscalizar a proteção ambiental.

Já o influenciador Marçal quer adotar práticas que grandes empresas utilizam para oferecer produtos e serviços, como a coleta e uso de dados da população para propor políticas públicas com base no comportamento das pessoas.

Altino (PSTU) é crítico à forma como as ferramentas são utilizadas por governos e mercado. O socialista diz que a tecnologia deve ser utilizada para atender às necessidades da classe trabalhadora.

O candidato Bebeto Haddad (DC) não apresentou um plano de governo em seu registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Arte de capa: Rafael Cristiano

,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Apoie!
Pular para o conteúdo