Mais negra, mais jovem e com 23 anos a menos de vida: O que o Mapa da Desigualdade revela sobre a periferia de SP

Mais negra, mais jovem e com 23 anos a menos de vida: O que o Mapa da Desigualdade revela sobre a periferia de SP

60% da população do Jardim Ângela é preta ou parda, 48% de quem vive em Parelheiros tem até 29 anos e, no Anhanguera, a idade média ao morrer é de 59 anos

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Tempo de leitura: 5 minutos

Foto em destaque: Jardim Iporã, Parelheiros / Pedro Salvador

Ano após ano, os números podem se alterar um pouco e algum distrito passa a ocupar o posto que foi de outro território. Porém, há padrões que se mantêm em 10 anos de publicação do Mapa da Desigualdade: as periferias paulistanas são mais negras e mais jovens do que a média da população da cidade. Também há mais gente vivendo em favelas ou dividindo a mesma casa do que em bairros ricos e centrais. E as pessoas moram mais longe dos postos de trabalho formal.

Essa diferença impacta, inclusive, na idade média ao morrer: o abismo chega a 23 anos. Enquanto uma pessoa que mora nos caros bairros de Itaim Bibi ou Jardim Paulista vive em média até os 82 anos, no distrito periférico de Anhanguera (zona Noroeste), ela chega até os 59 anos, em média.

Enquanto a média da cidade de São Paulo é de 71 anos, muitas quebradas registram índices bem abaixo disso: quem mora em Marsilac, Iguatemi e Cidade Tiradentes tende a registrar uma idade média ao morrer de 61 anos; assim como São Rafael, Jardim Ângela e Grajaú (62 anos); Parelheiros (63); Jardim Helena, Lajeado e Itaim Paulista (64). Clique para ampliar:

Os números compõem o Mapa da Desigualdade 2023, apresentado nesta terça-feira (28/11) pela Rede Nossa São Paulo. Publicado desde 2012, o estudo apresenta 45 indicadores dos 96 distritos da capital paulista, divididos em 11 áreas temáticas: educação, saúde, habitação, trabalho e renda, mobilidade, direitos humanos, cultura, esportes, infraestrutura digital, segurança pública e meio ambiente. Navegue on-line por aqui.

Quem vive nas quebradas?

Em relação a cor ou raça, 37% da população paulistana se autodeclara preta ou parda. Mas esse índice é maior em 38 distritos, sendo que apenas a Sé (com 38,3%) fica na região central. O percentual chega a 60,1% no Jardim Ângela (zona Sul) ante 5,8% em Moema (distrito rico também na zona Sul).

Com 395 mil habitantes, o Grajaú (Extremo Sul) continua sendo o distrito mais populoso da cidade e é o segundo mais negro, com 56,8% da população autodeclarada preta ou parda, que também é maioria em Parelheiros (56,6%), Lajeado (56,2%), Cidade Tiradente (56,1%), Itaim Paulista (54,8%), Jardim Helena (54,7%), Capão Redondo (53,9%), Pedreira (52,4%) e Guaianases (51,5%).

A população jovem também é maior nas margens da cidade. Quase metade da população de Parelheiros (48,8%) tem entre 0 e 29 anos – e 11,59% tem até 6 anos, apenas. Na média da cidade, 37,4% da população é jovem, mas esse número é maior em 52 distritos.

Cidade Tiradentes (47,8%), Iguatemi (47,5%), Jardim Ângela (47,2%), Lajeado (47,1%) Grajaú e Brasilândia (46,7%), Perus (46,6%) e Guaianases (46%)  têm a maior concentração de jovens. Já o menor número está em áreas como Consolação (22%), Jardim Paulista (24%) e Pinheiros (25%).

Aglomerada, desconectada e distante do trampo

Enquanto 6,9% da população da cidade vive em favelas, na Vila Andrade (onde está localizada Paraisópolis) o índice atinge 35%. Na Brasilândia, chega a 24,7%. E no Sacomã, que contempla Heliópolis, 23,4% da população do distrito.

A média de distribuição de antenas de internet móvel na cidade chega a 7 por quilômetro quadrado, mas isso é muito maior na República, enquanto o com menor acesso é Marsilac (apenas 0,06). Já por população, o número de antenas na Barra Funda chega a 40 para cada 10 mil habitantes, contra 1,36 (0,88) por 10 mil habitantes no Lajeado (zona Leste).

A oferta de emprego formal é maior no Centro: a Barra Funda tem 70 vagas formais para cada 10 habitantes do distrito, contra 0,3 vagas por 10 habitantes em Cidade Tiradentes (zona Leste).

Isso significa que um contingente maior de pessoas precisa se deslocar diariamente para conseguir trabalhar em um emprego formal, o que nem sempre é fácil. Afinal, o tempo de deslocamento também é maior para quem vive nas periferias.

O tempo médio gasto no transporte público no horário de pico da manhã chega a 73 minutos por dia para quem mora em Marsilac (no Extremo Sul), 68 em Cidade Tiradentes, 64 em Parelheiros e Perus, 63 no Itaim Paulista ou 62 minutos no Grajaú. Quem vive em Pinheiros gasta apenas 25 minutos por dia, em média, assim como residentes da República (26 minutos), Sé ou Barra Funda (27 minutos). A média paulistana é de 42 minutos por dia.

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