Por André Santos. Edição: Thiago Borges. Foto em destaque por Pedro Salvador no Quilombo Ivaporunduva (SP)
Nesta quarta-feira, 7 de junho, é celebrado o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. A data importantíssima marca a luta dos mais de 3 mil jornalistas que em 1977, durante a Ditadura Militar, assinaram um manifesto pela liberdade de imprensa como resposta à morte do jornalista Vladimir Herzog, preso, torturado e executado pelo regime de Ernesto Geisel em 1975.
Naquela época, era bastante comum que as redações contassem com agentes oficiais da censura do governo, que tinham a função de decidir quais reportagens seriam ou não publicadas.
Em 2023, apesar do ambiente democrático, o cenário ainda está distante do ideal mas avança. De acordo com relatório divulgado em maio deste ano pela ONG Repórteres Sem Fronteiras, o Brasil ocupa o 92º lugar no ranking mundial de liberdade de imprensa, que avalia as condições do livre exercício do jornalismo em 180 países do mundo.
O estudo indica que apesar da colocação ruim, já houve melhora nestes números e a perspectiva é que existam cada vez mais avanços nesse cenário, uma vez que se encerrou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que estimulava ataques e promovia constantes tentativas de descredibilizar a imprensa.
O país chegou a ocupar a posição número 149 no ranking no ano passado, que ficou marcado, sobretudo, pelos casos de violência contra o blogueiro cearense Givanildo Oliveira da Silva, em fevereiro, e também contra o jornalista britânico Dom Philips, em junho. Ambos foram assassinados.
A Periferia em Movimento, enquanto integrante da Coalizão de Mídias Periféricas, Faveladas, Quilombolas e Indígenas, da Rede Jornalistas das Periferias e da plataforma de distribuição Território da Notícia, apresenta uma série de indicações de veículos que atuam com o jornalismo territorial no Brasil e seguem firmes na luta e resistência pela garantia de vozes que contem as histórias e narrativas necessárias e relevantes para populações marginalizadas.
Confira e acompanhe!
1 – Periferia em Movimento (SP): Começando por nós, somos uma produtora independente de jornalismo de quebrada que gera e distribui informação dos extremos ao centro por meio de articulação e conteúdo jornalístico. Nosso objetivo é visibilizar quem está nas frentes de luta pela garantia de direitos humanos. Nosso site e nosso instagram
2 – Desenrola e Não Me Enrola (SP): Portal de notícias com foco nas periferias de São Paulo sob um olhar que busca investigar transformações sociais e a identidade cultural do sujeito e território periférico. Site | Instagram
3 – Alma Preta: Agência de jornalismo especializada na temática racial, com conteúdos ligados à comunidade afro-brasileira, e que tem como objetivo informar, visibilizar e potencializar a voz da população negra através da produção de pautas antirracistas. Site | Instagram
4 – Agência Mural (SP): Agência de notícias, de informação e de inteligência sobre as periferias que atua há mais de 10 anos. Sua missão é minimizar as lacunas de informação e contribuir para a desconstrução de estereótipos sobre as periferias, em especial na Grande São Paulo. Site | Instagram
5 – Embarque no Direito (SP): Jornal impresso distribuído gratuitamente que possui a missão de traduzir direitos sociais e civis a partir da história e vivência de quem mora nas periferias da zona sul de São Paulo, sobretudo na região do Capão Redondo, Campo Limpo, Jardim Ângela e Jardim São Luís. Instagram
6 – Nós, mulheres da periferia (SP): Site jornalístico dedicado a repercutir a opinião e a história de mulheres negras e periféricas, com o compromisso de oferecer um outro jeito de ver os acontecimentos no Brasil e no mundo e contribuir para a construção de uma sociedade plural, antirracista e não patricarcal. Site | Instagram
7 – Manda Notícias (SP): primeiro podcast de notícias criado com o objetivo de levar informação de qualidade e promover a cultura periférica para os moradores da zona Sul de São Paulo, em especial para os distritos Capão Redondo, Campo Limpo, Jardim Ângela e Jardim São Luís. Spotify | Instagram
8 – Espaço do Povo (SP): jornal independente que possui o objetivo levar informação para quem vive nas periferias e favelas, por meio de notícias relevantes sobre temas do cotidiano. O jornal dispõe da versão impressa com tiragem de 20 mil exemplares, distribuída mensalmente em Paraisópolis e bairros vizinhos, e de um portal de notícias virtual. Site | Instagram
9 – Emerge Mag (SP): Fundada em 2017, é uma revista digital independente de arte e cultura interseccional e laboratório de inovação em narrativas criativas, decoloniais e em defesa dos direitos humanos, especialista em contar histórias reais de beleza, criatividade, resistência e empoderamento, além de investigar iniciativas artísticas, culturais e empreendedoras realizadas por mulheres, LGBTQIA+, negros e PCDs em territórios periféricos e urbanos. Site | Instagram
10 – Ponte Jornalismo: Organização criada para ampliar o debate sobre os direitos humanos por meio do jornalismo. Tem como objetivo aumentar o alcance das vozes marginalizadas pelas opressões de classe, raça e gênero, permitindo a aproximação entre diferentes atores das áreas de segurança pública e justiça, colaborando, assim, na sobrevivência da democracia brasileira. Site | Instagram
11 – Bocada Forte (SP): Fundado em 1999, foi o primeiro portal brasileiro especializado na cultura Hip Hop, exercendo um importante papel para a divulgação de grupos de Rap, além de manifestações artísticas como o Breaking, Graffiti e DJs. Site | Instagram
12 – Fala Roça (RJ): Jornal online e impresso, produzido de forma independente por jornalistas moradores da Rocinha, entregue de porta em porta. Atuantes nessa missão desde 2012, comunicando de dentro para dentro de seu território. Site | Instagram
13 – Favela em Pauta (RJ): Resultado da experiência de 3 jornalistas do Rio na cobertura dos impactos das Olimpíadas de 2016 nas favelas da cidade para o jornal britânico The Guardian. De longe dos eventos esportivos, mostraram de dentro de suas favelas uma outra realidade. O projeto foi encerrado em 2017 e, em seguida, foi criado o Favela em Pauta para dar continuidade à produção de conteúdos sobre os territórios. Site | Instagram
14 – Voz das Comunidades (RJ): jornal comunitário e independente do Rio de Janeiro, que está em circulação desde 2005. Criado no Complexo do Alemão, o jornal surge como uma forma de mostrar tudo o que acontecia na comunidade, e não somente as histórias negativas. Site | Instagram
15 – Rede Tumulto (PE): Rede de articulação, mobilização e produção, idealizada por profissionais da arte negros, moradores de favelas da cidade do Recife que busca criar diálogos entre coletivos e pessoas de favelas diferentes na união de forças e estratégias para tumultuar a cidade a partir da unificação de pessoas, coletivos e grupos auto organizados. Site | Instagram
16 – Mojubá (BA): é um coletivo de comunicadorus jovens do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Instagram
17 – Periferia em Foco (PA): Projeto de mídia independente, com foco na periferia de Belém e Região Metropolitana do Estado do Pará, e busca uma construção de narrativas sobre seus territórios sem estereótipos negativos. Instagram
18 – Coletivo Jovem Tapajonico (PA): Canal de comunicação paraense, com atuação voltada às comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas da região, que acredita na informação e multiplicação de conhecimentos como armas poderosas para a construção do pensamento político em escolas, comunidades e nas ruas. Instagram
19 – TV Quilombo (MA): Criada no Quilombo Rampa, localizado a 27 km da cidade Vargem Grande, no Maranhão, tem como objetivo dar visibilidade à cultura quilombola através de conteúdo audiovisual. Site | Instagram
20 – Mídia Guarani Mbya (SP): Canal de comunicação criado por indígenas do povo guarani mbya a partir do território do Jaraguá, na zona Noroeste de São Paulo, acompanha as lutas e propaga a cultura da etnia. Instagram
André Santos, Thiago Borges, Pedro Salvador