Na pandemia, pequenos negócios são uma alternativa para mulheres periféricas

Na pandemia, pequenos negócios são uma alternativa para mulheres periféricas

O número de mulheres que começaram a empreender cresceu 40% durante a pandemia, segundo estudo. Mas o dado não é tão animador quanto parece

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Tempo de leitura: 3 minutos

Colaboração de Gustavo Souza

Imagem de capa: Montagem de Rafael Cristiano com fotos de arquivo pessoal

Necessidade ou oportunidade? O número de mulheres que começaram a empreender cresceu 40% durante a pandemia, segundo levantamento divulgado no final do ano passado pela Rede Mulher Empreendedora. Mas o dado não é tão animador quanto parece. Muitas dessas pessoas viram a abertura do “negócio próprio” como alternativa para seguir pagando as contas em meio à crise econômica.

É o caso de Stephany Miranda, uma jovem de 20 anos que mora no Extremo Sul de São Paulo. Sem conseguir trabalho, em novembro do ano passado ela começou a vender semi-joias e maquiagens no perfil do instagram. Para vender as maquiagens, Stephany grava vídeos e posta em suas redes sociais. Já as semi-joias ela fabrica em casa sob encomenda.

“A principal dificuldade tem sido a captura de clientes e gestão dos gastos e lucros, pois o faturamento tem sido baixo”, diz ela, que apostou nos produtos por já alimentar um gosto pessoal. “Sempre peço conselhos dos meus pais e pessoas que já estão nesse ramo a algum tempo, junto tudo o que me aconselharam e tomo minhas decisões”

Desafio

A situação também não tem sido fácil para mulheres que já tocavam um negócio antes da pandemia, como é o caso de Aurea Xavier, de 50 anos, que começou vendendo roupas em 2000 para gerar renda. 

“Eu não tinha planos, foi uma coisa que apareceu”, lembra a comerciante que tem 3 filhos e mora no Campo Limpo (zona Sul de São Paulo). “Com o tempo, a loja foi crescendo e comecei a vender móveis também”, continua.

A dupla jornada e o equilíbrio entre as questões de casa e do trabalho também pesam, numa realidade em que o percentual de lares brasileiros chefiados passou de 25% para 45% entre 1995 e 2018, segundo o (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).“É o tempo todo chamando por Deus. Problemas sempre iremos ter, mas não podemos abaixar a cabeça e deixar que isso pare nossas vidas. É preciso orar muito e se dedicar muito”.

Mesmo com a pandemia, Aurea manteve a loja aberta por ser sua principal fonte de renda. Colocou álcool em gel na entrada, controlou o acesso de pessoas para garantir o uso da máscara e diminuiu o horário de atendimento, conforme os protocolos sanitários. Ainda assim, ela foi uma das muitas pessoas que perderam um membro da família no último ano. 

“Perdi um irmão nessa pandemia. Os desafios são a insegurança de não conseguir pagar o aluguel e manter nossa saúde. A gente nunca sabe o que pode acontecer, mas Deus é bom”, confia.

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