Por Leandro Fonseca, do Núcleo de Educomunicação do Centro Cultural da Juventude (CCJ)
Rap, samba, funk e maracatu foram alguns dos gêneros musicais que marcaram presença no encerramento do Estéticas das Periferias 2014. Em sua 4ª edição, o encontro reuniu centenas de pessoas no CCJ e na Praça do Cemitério da Cachoeirinha, no domingo, dia 31 de agosto.
Pela manhã, Maria Aparecida da Silva Trajano, mais conhecida como Tia Cida dos Terreiros, abriu o evento com o melhor do samba de raiz. Ela gravou seu primeiro CD aos 73 anos e é uma das primeiras moradoras do bairro de São Mateus, na zona leste.
Enquanto a Caravana do Funk subia ao palco, dentro do espaço do CCJ acontecia o Encontro de Saraus que reuniu o trabalho literário de coletivos, em sua maioria negros, homenageando a escritora Carolina Maria de Jesus. Participaram Poetas Ambulantes, Poesia Maloqueirista, Mjiba e Quilomboje.
Integrante do coletivo Mjiba, que participou do Estéticas das Periferias pela segunda vez, a jornalista e escritora Elizandra Souza apresentou trechos do livro “Quarto de Despejo”. Segundo ela, neste ano aconteceu no encontro experimentações com o teatro e com a literatura, o que fortaleceu ações e potencializou as possibilidades artísticas dos convidados.
“Foi um bom momento para divulgar a nossa antologia ‘Pretextos de Mulheres Negras’ e a autora Jenyffer Nascimento, que lançará seu livro de poesias este ano. Pra gente é importante essa troca com outros coletivos e com o público presente”, diz.
Entre um show e outro, os blocos É di Santo, Umoja e Maracatu de Raíz Nagô desfilaram pelas ruas da Vila Nova Cachoeirinha.
Uma das atrações prediletas da jovem monitora cultural Mayara Dias, 19 anos, foi o Maracatu de Raíz Nagô. “Eles animaram muita gente, vieram daqui de baixo. Eles levaram pra rua uma galera que estava dentro do CCJ. Lá na praça, mesmo na chuva, a galera começou a dançar”, conta.
Às 14h30, a rapper Karol Conka interpretou suas músicas mais conhecidas, entre elas “Mundo loco”, “Corre, corre Erê!” e “Caxambu”. Nascida em Curitiba em 1987, Conka é uma das expoentes do novo hip hop nacional.
Em parceria com o Circuito São Paulo de Cultura (programação cultural desenvolvida pela Secretaria Municipal de Cultura), o rapper Emicida encerrou o encontro às 17h com o “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui”, escolhido pela revista Rolling Stone como melhor álbum de 2013. O show contou com a participação especial do rapper Rael.
O supervisor técnico Bruno Duarte, 30 anos, foi ao show e levou a família. Ele diz que acompanha o trabalho do rapper desde as batalhas no metrô Santa Cruz, há mais de cinco anos.
“A música do Emicida transmite uma energia fora do normal. O momento que mais me emocionei, com certeza, foi quando ele cantou ‘Hoje Cedo’ e vi meu filho Yuri, de 2 anos e 11 meses, tentando cantar, levantando os braços”, conta.
A jovem monitora cultural Mayara Dias diz que o show animou o público. “Era pra ser uma hora e meia de show e durou mais. O Emicida não queria sair nunca mais do palco”, brinca.
Redação PEM