Coronavírus: Como identificar uma situação de violência durante o isolamento?

Coronavírus: Como identificar uma situação de violência durante o isolamento?

Ester Maria Horta explica o ciclo da violência e como pedir ajuda

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Reportagem por Aline Rodrigues. Texto por Ester Maria Horta. Edição de texto por Thiago Borges. Edição de vídeo por Pedro Ariel Salvador

O isolamento social não significa segurança em todos os sentidos: ainda que ele minimize o contágio por coronavírus, para muitas mulheres significa conviver por mais tempo com seu agressor.

Em março deste ano, o número de ocorrências do tipo no Estado de São Paulo aumentou 20% em comparação ao mesmo período de 2019, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. E as prisões em flagrante por violência doméstica subiram 51% no mês, de acordo com o Ministério Público.

Logo no início da pandemia, a Periferia em Movimento trouxe a criação de redes de apoio entre mulheres periféricas. Clique aqui e leia.

E no vídeo de hoje, a psicóloga Ester Maria Horta chama atenção para sinais da violência, que geralmente começa com agressões verbais. Ester é especialista em Neuropsicologia pela Universidade de São Paulo (USP), membro da rede “Aliança pró saúde da população negra” e do coletivo “Movimento AfroVegano”. Ela atua na área de neuropsicologia infantil, psicologia social e ativista nas questões de gênero, raça e classe.

Ciclo da violência

No texto abaixo, Ester explica e apresenta as 03 fases do ciclo da violência. E na sequência, traz uma lista de sites indicados para buscar mais informações.

“No início ele era um príncipe e subitamente se transformou num monstro? E quando você decide sair da relação ele volta a ser um príncipe novamente, porém por pouco tempo. Ou seja, ele só é bom pra você quando convém. Ele é até agradável com outras pessoas mas com você apresenta essa oscilação de comportamento que tem se agravado ainda mais nesse cenário de distanciamento social? Conhece quem pode estar nesta situação?

Esses podem ser sinais da violência psicológica e da misoginia (que é mais perigosa que o machismo pois não é um comportamento e sim uma estrutura de personalidade), muitas vezes difíceis de identificar por ser algo cíclico geralmente em três fases: tensão, explosão e lua de mel. E mulheres negras/periféricas tem até 4 vezes mais chances de serem vítimas de violência doméstica do que mulheres brancas (Atlas da Violência, 2019).

Há um mito de que se não há violência física não há violência doméstica, o que leva ao erro daquela frase “mas pelo menos ele não me/te bate” – além de na mídia em geral ser reforçado a ideia de que a mulher é frágil e deve ser protegida, e que amor envolve sofrimento, que ciúmes, insistência e controle são manifestações de amor. E não são.

O feminicídio, resultado mais fatal dos abusos, é apenas a ponta do iceberg de outras violências que vêm antes dele. Lembrando que a violência doméstica contra a mulher pode ser praticada por outros agentes (filhos, irmãos, pai) mas para que se possa se defender/denunciar é preciso que as mulheres tenham informações pra identificar os abusos e uma sociedade e políticas públicas comprometidas a proteger essas mulheres e rediscutir os papéis de gênero e padrões de masculinidade saudáveis”.

Ato do Dia da Mulher no Grajaú, em 2016, com a Associação de Mulheres do Grajaú. Foto: Adriano Mendes

Para mais informações:

  • clique aqui e acesse a lei Maria da Penha, aqui para o Instituto Maria da Penha e aqui para acessar o site da ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais
  • aqui, você também pode baixar a cartilha sobre violência doméstica da ANTRA
  • e aqui, um material sobre feminismo e autonomia elaborado pela Sempreviva Organização Feminista
  • Para entender mais sobre misoginia, acesse esta reportagem; e aqui pra saber como a violência doméstica acomete mulheres trans e travestis; e aqui para ampliar a discussão sobre machismo e masculinidades.

Como obter ajuda?

A Periferia em Movimento já divulgou aqui campanhas e vaquinhas on-line de apoio a mulheres e, abaixo, alguns formulários on-line que mapeiam necessidade de ajuda nas quebradas:

– para identificar demandas diversas (clique aqui para acessar)

– para identificar e auxiliar mulheres que precisam de ajuda para cuidar de crianças (clique aqui)

– para pagar contas, receber alimentos ou remédios. (clique aqui)

Você pode mandar suas dúvidas sobre saúde mental para ela via whatsapp (11) 957816636 ou acessando http://wa.me/5511957816636. As questões podem virar pauta dos próximos vídeos.

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