Para bancar o EP “São Vários – Volume II”, o grupo de rap Xemalami lançou uma campanha de financiamento colaborativo na plataforma digital Catarse. Clique aqui e confira a página do projeto.
É como se fosse uma vaquinha on-line: quem estiver disposto a ajudar o grupo a bancar os custos de gravação (incluindo ensaios, mixagem, masterização e prensagem do disco) pode se cadastrar no site e emitir um boleto com o valor que pretende doar. A partir dos R$ 20, os apoiadores recebem recompensas como pôsteres, moletons, a discografia completa do Xemalami e, claro, uma cópia do novo CD.
“A gente reúne elementos do hip hop, a prática e ensino do xadrez em lugares que predominam vários momentos turbulentos, e a gente vem com esse elemento da cultura, como forma de convivência e de entender esse contexto onde a gente vive”, observa Drezz, um dos integrantes do grupo.
O Xemalami (um nome resumido de “Xeque Mate La Misión”) surgiu em 2002 a partir da reunião de jovens e adultos em torno do xadrez e da cultura hip hop. Alguns integrantes participaram de campeonatos oficiais e ganham materiais, como relógios e tabuleiros, para desenvolver oficinas para públicos de todas as idades. Hoje, o grupo realiza oficinas de xadrez para discutir solidariedade, desigualdade e promover práticas educativas.
“A gente tá sempre trazendo novas pessoas, agregando novas oficinas, a principal função é essa: reunir quem quer fugir desse mundo capitalista e apresentar novas escolhas”, aponta Hyt, um dos integrantes do grupo. “E a gente valoriza as relações humanas. Então, as coisas podem ser feitas de outra forma”, completa Drezz.
E o rap vem a reboque do jogo de tabuleiro. Em 2005, eles começaram a fazer eventos de rap e o primeiro disco foi inspirado nos movimentos das peças de xadrez – “O Peão Não Pode Recuar”. Desde então, o Xemalami já lançou outros trabalhos, como “Zugzwang” e “Não To Só”.
Nesta quinta-feira (04 de agosto), o grupo reuniu outros rimadores do Grajaú para um pocket show do trabalho mais recente, “São Vários – Volume I”, em uma transmissão ao vivo pela internet realizada diretamente do 1º Andar Studio & Produções. Confira no vídeo abaixo, que conta com apresentação do poeta Marcio Ricardo e participação do Periferia em Movimento:
Assim como no primeiro volume, a proposta é reunir vários MCs nesta nova edição, agora com a participação de grupos da zona Leste e formados por imigrantes bolivianos na composição das cinco faixas que compõem o EP.
“Como somos peões de xadrez, a gente não tem esse direito de recuar. Temos que avançar para que sangre menos do que já sangrou e ainda sangra [nas quebradas]”, conclui Drezz.
Thiago Borges