Visibilidade Trans: Direito para os Ts do LGBT nas quebradas

Emprego, moradia, saúde, ir e vir, se relacionar. A população trans têm seus direitos negados diariamente nos centros e também nas periferias. No Dia Nacional de Visibilidade Trans (29/01), conheça projetos que têm levado adiante a resistência de homens e mulheres trans que vivem nas periferias.

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“As pessoas trans são diversas, com realidades diferentes”. É assim que a youtuber Rosa Luz, que vive em Santa Maria, cidade satélite do Distrito Federal, começa a série de vídeos #YoutubeTrans. Em seis vídeos (até agora), Rosa falou com homens e mulheres transexuais sobre Vivências de uma Prostituta Trans, Vivências de Um Homem Trans, Diferença entre Gênero, Sexo e Orientação Sexual, Casal Trans Lésbico, Empregabilidade Trans e sobre Amar seu Corpo Trans.
Ouvir, entender e falar sobre pessoas trans é uma necessidade que nesse dia 29 de janeiro vem cobrar a todos nós. O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, segundo pesquisas da ONG Internacional Transgender Europe. No alto de 2017, a transexualidade ainda é vista como patologia (doença) pela OMS (Organização Mundial da Saúde), e pelo andar do retrocesso nos direitos humanos nos governos Brasil afora, o cenário é negativo. A expectativa de vida da população trans é de 35 anos e, enquanto vivos, têm que sobreviver a serem expulsos de casa, sofrerem violências nas ruas, discriminação em serviços de saúde, e impossibilidade de conquistar empregos.
Moradia, emprego, saúde, direito de entrar em qualquer espaço, de existir. O direito à cidade para a população das periferias é restrito, para transexuais e travestis também, e segue piorando conforme gênero e cor. Ser mulher, negra e transexual na periferia é resistir, e para Rosa Luz, é viver para além do feminismo bolha, e às vezes parece que não existem saídas. Diversas são as formas de luta pelo ‘direito à quebrada’, e todas são válidas.
https://www.youtube.com/watch?v=k8N_o6BOd-c&t=332s

Acredito que pessoas como eu, marginalizadas pelo sistema, podem e devem falar. Eu quando sou banalizada pelo sistema, quando não me escutam, sento, ligo a câmera e falo. Mas e as outras manas que tem tudo entalado, que tem esse direito de se expressar roubado por uma sociedade que nos mata, nos normatiza, que não tem tempo nem pra refletir sobre isso, pra viver? Elas tão na luta pela sobrevivência. As mulheres que lutam pra sobreviver são as mais fortes que eu conheci na vida.
Rosa Luz – Barraco da Rosa

 
Para a artista, a sua vida é para além do feminismo bolha de internet e do feminismo de academia. “Na quebrada, as mulheres são fortes mesmo sem ouvir falar desses termos. É o rolê dos corres, alienação total do sistema, da cultura. Pra algumas pessoas em que a vida cultural não tá estruturada, sair do cotidiano é treta. Isso prejudica a saúde mental.” E o recado que Rosa dá serve para todas as trans e cabe também a todos nós que estamos na luta “você não é obrigada a estar forte o tempo todo, isso é um mito”.
Nas quebradas do Grajaú, o Coletivo Transação é uma organização comunitária que tem como objetivo atuar com o público LGBT e suas causas cotidianas gerando alternativas e autonomia.
Para o ator e ativista Bruno César, integrante da Cia Humbalada de Teatro e criador do Periferia Trans (ambos também com atuação no Grajaú), é importante ter espaços geográficos onde a pessoa pode falar e conhecer sobre questões LGBTs e se sinta acolhida. O Galpão Humbalada e o Transação são espaços de referências para essa população.
Em abril de 2016, durante o 2º Periferia Trans (foto de capa), o Grajaú foi palco de diversas discussões sobre os direitos das pessoas trans. De abril a maio, aconteceram shows, rodas de conversa, apresentações teatrais e oficinas que sacudiram a CISnormatividade de quem passava pela região. No debate “Teoria Queer, que porra é essa”, discutiu-se que ser transexual como o Tammy Gretchen é inacessível, já que o hormônio é caro e as oportunidades de ganhar dinheiro somem quando se é trans.
O trabalho foi significativo para quem é da quebrada e teve grande relevância na cidade toda, tanto que o Periferia Trans 2016 já ganhou o segundo lugar no prêmio Babado! empatado com o Gaymada São Paulo, atrás da Parada LGBT. Agora, estão concorrendo na categoria Destaque do Prêmio Aplauso Brasil, você pode votar aqui até o dia 28 de fevereiro.
Vale ver esse vídeo da TVT sobre o Periferia Trans e também os vídeos do Canal Pretinho Mais que Básico sobre o evento.
A semana da Visibilidade Trans de São Paulo começou na última sexta e ainda tem algumas atividades com o lema Dignidade e Emprego para a População Trans. Todos no Centro de São Paulo:
29/01 (domingo) das 14h – 18h – MANIFESTAÇÃO ABERTA: QUEM ROGARÁ POR NÓS LGBTS?, no vão livre do MASP.
15h às 20h – LANÇAMENTO K-LENDÁRIAS na Galeria Olido
30/01 (segunda-feira) 18h-21h30 – Identidades Trans: O Que Nos Move É O Que Nos Une, no Centro de Referencia e Defesa da Diversidade.
31/01 (terça-feira) 18h-21h30 – Violências: recorte de Gênero, Raça e Classe, na Casa 1 *.
01/02 (quarta-feira) 19h-21h30TRANScendendo a fé, na Paróquia Santa Cecília.
*No aniversário de São Paulo, foi inaugurada a ONG Casa 1, um Centro de Cultura e Acolhimento a LGBTs expulsos de casa em São Paulo. A casa fica na Bela Vista, região central, e a ideia é acolher a LGBTs que estão em situação de vulnerabilidade e precisa de um lar. São apenas 12 lugares, mas já fará a diferença na vida de alguns. A casa fica na Rua Condessa de São Joaquim, nº 277 – Bela Vista.

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