Fazer balanço não é tarefa simples, principalmente nesses tempos em que dizem que tudo tá ruim e o ano de 2016 sendo amaldiçoado por todo mundo. Mas é importante pra desenharmos o caminho em que pretendemos dar os próximos passos.
Apesar do ano começar com o funk “Tá tranquilo, tá favorável”, que virou hit na voz do MC Bin Laden, a gente já tava ligado que não ia ser bem assim, né não? E nessa treta toda que rolou em 2016, quem se interessou em ouvir os anseios do povo? Quem luta por nós aqui na ponta, na beira da represa, sem holofotes e sinal de internet, sofrendo golpe todo dia?
Teve “golpes” – no plural e verbo conjugado errado, mesmo. Teve PEC. Teve máfia da merenda. E ainda querem piorar o Ensino Médio, em meio às lutas já travadas no dia a dia, no chão de escola. Tá teno golpe ainda. E já tinha golpe antes desses aí.
O que a gente sabe é que, independente de quem comanda o andar de cima, aqui em baixo o genocídio do povo negro continua. Seja Ítalo ou Matheus. Tenha 10 ou 24 anos. No Morumbi, no Grajaú, na Favela Sucupira, na Zona Leste. Fato é que, nos dez anos dos Crimes de Maio, o Estado brasileiro continua tirando os filhos das Mães de Maio, junho setembro… Assim como a violência contra a mulher, cujos casos ganharam mais visibilidade.
Por outro lado, as dificuldades propiciaram rupturas em série. Corpos transgressores apontaram as contradições dos padrões empurrados goela abaixo. Das margens da cidade, brotam ideias para melhorar nossa qualidade de vida. Também reconhecemos de fato quem tá do nosso lado.
Ocupamos todos os espaços disponíveis. Escolas, Câmaras, Assembleias, Ministérios, Fábricas de Cultura… Trabalhadores e trabalhadoras da cultura fizeram das ruas um palco de luta política – e conquistaram.
Contra o genocídio, enfrentamos a polícia na quebrada, em frente ao Palácio dos Bandeirantes e até na sede da Secretaria de Segurança Pública. Tem que ir pra cima.
CONFIRA NOSSA RETROSPECTIVA
Com quantos golpes se faz a luta?
O Estado segue deixando mães sem filhos
Contra toda violência sexual e de gênero
Agentes culturais ocupam todos os palcos
Democratização da mídia na prática
DE ONVE VIEMOS. PARA ONDE VAMOS
No Periferia em Movimento, seguimos avançando com outros coletivos e mídias livres para combater o oligopólio dos meios de comunicações. Publicamos mais de 60 reportagens, 20 vídeos e 400 notas buscando maior visibilidade para quem está na luta pela garantia de direitos e fortalecer outras narrativas. Isso aumentou o nosso alcance de público em 200%, para 120 mil pessoas por mês em média.
Também realizamos mais de 350 horas de cursos, oficinas, palestras e vivência, com participação direta de mais de 700 pessoas, além de nos articularmos em redes e fóruns – do Extremo Sul a outras quebradas de São Paulo e até em Salvador.
Em 2017, continuamos com os desafios de facilitar o acesso à informação, furar as nossas próprias bolhas, contribuir para o fortalecimento das lutas diárias do nosso povo e, ao mesmo tempo, garantir recursos para manter todo esse trabalho. E já temos programadas mais de 100 horas de oficinas e cursos com adolescentes na região Extremo Sul na segunda edição do projeto “Repórter da Quebrada”.
Desde já, agradecemos a todos parceiros e parceiras, agentes culturais, educadores, coletivos, movimentos, organizações e ao público em geral que caminharam com a gente nesse intervalo de tempo.
Por ora, vamos fazer uma pausa para descansar, mas voltamos logo. Afinal, a luta continua e desistir nunca foi opção.
Bora nóis tornar o novo ano mais favorável?
Redação PEM