Cresce número de pessoas que se autodeclaram pretas, pardas ou indígenas, diz estudo

Cresce número de pessoas que se autodeclaram pretas, pardas ou indígenas, diz estudo

Relatório analisa dados de 1987 a 2022 e aponta leve diminuição na desigualdade educacional, enquanto aumentam as diferenças relativas a trabalho e renda

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Com informações da assessoria de comunicação. Foto em destaque: Pedro Salvador

Nas últimas 3 décadas, ocorreu uma transformação significativa na composição racial da sociedade brasileira: aumentou o número de pessoas não brancas, que se autoclassificam como pretas, pardas, indígenas ou amarelas. A população autodeclarada branca diminuiu de 54% em 1992 para 43% em 2021, enquanto as autodeclaradas preta e parda saltaram, respectivamente, de 5,4% para 9,1% e 40,1% para 47% no período.

É o que aponta a terceira edição do Relatório das Desigualdades Raciais no Brasil (clique para acessar), elaborado e publicado no final de dezembro do ano passado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA), com sede na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

O relatório pontua que o aumento da população preta, parda e indígena (PPI) se dá por um processo de reclassificação racial, o que significa que pessoas de uma mesma geração deixaram de se declarar brancas ou amarelas. Isso demonstra que o expressivo aumento da população preta, parda e indígena ao longo dos anos ocorreu por uma mudança na autoclassificação e não somente por índices diferenciais de natalidade e mortalidade.

As regiões sul e sudeste são as que mais concentram pessoas brancas e amarelas, enquanto o norte e nordeste possuem maior concentração de pretas, pardas e indígenas.

Desigualdade

O relatório analisa também as desigualdades raciais relativas à educação formal, trabalho e renda.

Entre 1987 e 2021, houve uma atenuação das desigualdades raciais relativas à educação formal, ainda que todos os grupos raciais tenham elevado seus níveis de escolaridade. No período, a proporção de pessoas pretas, pardas e indígenas entre 18 e 65 anos com ensino superior completo saiu de menos de 20% para 30%.

Apesar disso, pessoas brancas e amarelas ainda possuem vantagens relativas ao tempo de estudo e, por consequência, maiores níveis educacionais: ainda são a maioria da população com ensino superior completo e incompleto, enquanto a população PPI leva vantagem nos níveis fundamental e médio.

Os dados mostram que em 2021 a média de anos de estudos era de 10,6 anos entre a população branca e amarela; e de 9 anos para pessoas pretas, pardas e indígenas.

Já nos quesitos trabalho e renda, nota-se uma grande diferença nas taxas de desocupação de pessoas pretas, pardas e indígenas comparadas às de brancas e amarelas, que também levam acentuada vantagem no quesito concentração de renda.

A diferença na taxa de desemprego variou em torno de 2 pontos percentuais entre 2000 e 2015, porém a partir de 2016 ela sobe para cerca de 4 pontos. A juventude preta, parda e indígena entre 14 e 17 anos compõe a faixa etária mais atingida pelo desemprego, comparada a pessoas brancas e amarelas da mesma idade.

Os dados sobre renda mostram que, entre 1987 e 2002, pessoas brancas e amarelas e chegam a receber o dobro da renda de pretas, pardas e indígenas. Os grupos raciais que compõem as faixas mais baixas de renda também são os chamados PPI.

O relatório indica que as desigualdades que afetam a sociedade brasileira são resilientes e complexas. A transformação desse cenário se concretizará com a produção de políticas redistributivas interseccionais e desenhadas para atender às especificidades da composição racial brasileira, nas áreas da educação, acesso ao trabalho e redistribuição de renda.

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