Apesar da queda, o FBSP avalia que a diferença não indica uma melhora ou tendência de mudança. A organização aponta que é preciso rever o padrão de atuação das forças policiais. O fórum foi criado em 2006 com objetivo de construir um ambiente de cooperação técnica na área de atividade policial e na gestão de segurança pública. O anuário apresenta dados sobre custo da violência, gastos de segurança pública, estatísticas de crimes e violência, efetivo de polícias e população prisional.
O levantamento releva ainda que, nos últimos cinco anos, a polícia matou 9.691 pessoas. O número é cinco vezes maior do que o verificado nos Estados Unidos, onde 7.584 pessoas foram mortas pela ação policial nos últimos 20 anos. Se forem somados os casos em que os policiais agiram também fora de serviço, o total chega a 11.197. Os dados norte-americanos apontam 11.090 mortes em 30 anos.
Em relação à quantidade policiais mortos, houve um aumento em 2013 na comparação com o ano anterior. Foram 490 mortes, 43 a mais do que 2012. A média no país é 1,34 policial assassinado por dia. Desde 2009, 1.170 agentes foram mortos. A maioria das mortes (75,3%) ocorreu quando não estavam em serviço. O Rio de Janeiro é o estado com maior número de casos, com 104, seguido por São Paulo (90) e Pará (51).
Como parte do anuário, o FBSP apresenta o Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O estudo aponta que apenas 33% dos entrevistados dizem “confiar ou confiar muito” no trabalho da polícia. O percentual é três pontos superior ao verificado no ano passado, mas, na avaliação da organização, o número ainda é muito baixo. Foram entrevistadas 7.176 pessoas em oito estados.
Os policias avaliados como mais honestos pela população local foram os do Rio Grande do Sul, com 62% de confiança dos entrevistados. Em segundo lugar, estão os agentes de Minas Gerais e do Distrito Federal, com 57% da população confiando na idoneidade das forças policiais. Na média nacional, 51% acreditam que a maior parte dos policiais é honesta. Os amazonenses, por outro lado, são os que mais desconfiam das forças de segurança. A polícia do Amazonas é considerada honesta por 35% dos entrevistados.
As pessoas mais velhas (62%) e as que têm maior escolaridade (60%) são as que mais tendem a concordar com a afirmação de que a maior parte dos policiais é honesta. Também foram verificadas diferenças étnicas em relação a essa questão. É maior a proporção de entrevistados que se autodeclaram branco que concordam com a afirmativa do que entre os que se autodeclaram negros.
Violência gera custo de 5,4% do PIB
A violência gerou ao Brasil um custo de R$ 258 bilhões, em 2013, o que representa 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB). A maior parte do valor está relacionada ao custo social da violência – que inclui despesas com mortes e gastos com saúde – um total de R$ 192 bilhões no ano passado. A íntegra do levantamento será divulgada amanhã (11).
O cálculo do custo da violência reúne também os gastos com prisões e unidades de medida socioeducativas (R$ 4,9 bilhões) e com segurança pública (R$ 61,1 bilhões). Considerando as despesas da União, dos estados e dos municípios, houve um incremento de 8,65% em relação ao ano anterior. A conclusão do FBSP é que as despesas da área de segurança pública são mal administradas. De acordo com a organização, o Brasil gasta três vezes mais com os problemas gerados em decorrência de ineficiências de segurança, do que com a pasta em si.
Apesar de o valor absoluto gasto com segurança pública ser maior do que em 2012, houve retração quando analisado o percentual do PIB destinado à pasta. Foi fixado 1,28% do orçamento em 2012 ante 1,26% em 2013. O volume é maior do que o verificado nos Estados Unidos (1,02%) e equivalente ao que é destinado aos 27 países que integram da União Europeia (1,3%). “Contudo, os resultados obtidos por aqui estão muito longe dos registrados nesses países”, assinala o documento.
São Paulo foi o estado que destinou mais recursos ao setor, totalizando R$ 9,27 bilhões. Esse volume é 7,29% superior a 2012. O montante também é maior (12,11%) que o investido pela União (R$ 8,27 milhões). Em 2012, o governo federal gastou R$ 7,88 bilhões com a pasta. Em seguida, estão os gastos com segurança pública no Rio de Janeiro, um total de R$ 7,03 bilhões. Houve um crescimento de 24,75% em relação aos R$ 5,64 bilhões gastos no ano anterior.