No último ano, 44% da população que vive na cidade de São Paulo teve que fazer alguma atividade extra para complementar a renda. Isso equivale a mais de 4,1 milhões de pessoas.
As atividades mais realizadas são os “bicos” de serviços gerais, como faxina, manutenção, reformas e jardinagem, entre outras.
O percentual demonstra uma estabilidade, segundo a pesquisa Viver em São Paulo: Pobreza e Renda, divulgada na última quinta-feira (16/5) pela Rede Nossa São Paulo. No levantamento anterior, o índice de atividade extra também era trazido por 4 a cada 10 pessoas.
Ainda assim, a pesquisa aponta uma leve melhora na percepção do público. Nesta edição, 27% das pessoas notaram que a própria renda diminuiu no último ano (na pesquisa de 2023, eram 31% e na de 2021, 43%); na classe DE, o percentual é de 37%. Já 52% das pessoas entrevistadas disseram que a renda se manteve estável no último ano e, para 16%, aumentou.
Realizado em parceria com o Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, o trabalho apresenta a percepção de quem mora na cidade sobre temas como população em situação de rua, pobreza e fome. Ao todo, foram entrevistas 800 pessoas da capital paulista com 16 anos ou mais, em dezembro do ano passado.
O que pesa mais?
Em 87% dos lares paulistanos, a alimentação é o item que mais impacta o orçamento familiar; em segundo lugar aparecem os gastos com saúde (remédios, exames, convênio médico, etc.); em terceiro lugar, as despesas com moradia e aluguel.
Segundo a pesquisa, 37% diminuíram o consumo de roupas e calçados no último ano; 19% diminuíram o consumo de gás (botijão ou encanado) e 18%, de energia elétrica.
A maioria das pessoas que vivem na capital paulista não se endividou para consumir itens básicos da vida cotidiana. No entanto, 19% se endividaram para comprar alimentos básicos (arroz, feijão, etc.); 18% para pagar a conta de energia elétrica; 10% para pagar a conta de água encanada.
Percepção de fome e pobreza
Para 71% de quem vive em São Paulo, aumentou o número de pessoas em situação de rua. E 67% dizem que a elevação do desemprego é o principal motivo para isso, seguido pelo alto custo de vida na cidade (52%) e a subida no preço dos aluguéis (48%).
Além disso, para 65% da população há um aumento do número de pessoas pedindo esmola nos últimos 12 meses. E para 58%, há mais famílias vivendo nas ruas.
Entre as medidas que deveriam ser tomadas para melhorar a situação da população de rua, as políticas de moradia (como o aluguel social) são as mais mencionadas (50% das respostas), seguidas pela oferta de cursos de capacitação profissional (40%) e pela ampliação da rede de atendimento socioassistencial (37%).
Entre as medidas que devem ser tomadas para melhorar a vida das pessoas em situação de fome e pobreza, as políticas de geração de emprego são as mais mencionadas (62% das respostas), seguidas pela garantia de renda mínima (53%) e fortalecer ou ampliar a assistência social na cidade (51%).
Foto em destaque: Pedro Salvador
Redação PEM