O rap está vivo. Neste mês, a Periferia em Movimento separou e listou 08 lançamentos musicais das quebradas de São Paulo. E todos têm influência da cultura Hip Hop.
Nesta playslit, tem inovação do Rashid, que lança seu novo álbum em 03 temporadas; Alaafin, que assume nova identidade; a cypher criada por jovens do Grajaú para denunciar as condições de vida na quebrada; e a liberação de todas as faixas do novo trampo de Thiago Elniño.
Dá o play!
1. Álbum “Tão Real”, de Rashid
O rapper chega ao sétimo trabalho solo com um formato diferenciado: o disco será lançado em 03 temporadas. A ideia é desafiar a validade rápida dos produtos culturais hoje em dia, propondo um “relacionamento” mais duradouro entre o público e a obra.
As músicas tratam de observações do cotidiano, reflexões sobre o rap, a negritude, vivências pessoais e também questões impessoais, além da influência de outros estilos musicais negros. Ouça aqui.
Exemplos dessa influência são as músicas “Superpoder” e “Todo dia”, com a participação respectivamente de Lellê e Dada Yute. A última música, aliás, é um reggae que aborda o genocídio negro no Brasil. E o videoclipe de “Todo dia” dá origem à campanha #LutoTodoDia, que vai buscar reunir histórias reais dos que fizeram do “luto” um verbo. No clipe, cenas das manifestações do grupo Mães de Maio ilustram a batalha coletiva daquelas que choram os filhos mortos exterminados pelo racismo mas que não se deixam vencer.
Assista:
A ousadia continua com um documentário sobre o álbum. Assista abaixo:
2. “Mudei de Novo”, de Alaafin
Antes Raphão e, agora, apenas Alaafin, o rapper assume a identidade que é resultado de um processo de mudança física e mental. É o primeiro trabalho escrito por ele após o lançamento do álbum “Agosto” (seu último disco de trabalho), em um trem a caminho de Santo André.
A letra saiu da gaveta quando a produtora Do Morro Produções e o 1º Andar Stúdio e Produções convidaram Alaafin para gravar uma música e um clipe em uma oficina realizada no Extremo Sul de São Paulo. Tudo foi feito em um dia pelos jovens participantes do curso. Confira o resultado:
3. “Fogo no baile”, de Indy Naíse e D’Ogum
Lançados no que é chamado de “dia do sexo” (6/9), a música e o clipe “Fogo no baile” dialogam com um assunto que ainda é tratado como tabu pela sociedade. A produção audiovisual retrata a afetividade entre duas pessoas pretas, desmistificando estereótipos e acentuando a possibilidade de uma relação amorosa entre ambas.
A obra é uma parceria da cantora Indy, que mescla MPB com afrobrasilidade, Hip Hop, música eletrônica, entre outras; e o rapper D’Ogum, integrante do grupo Projeto Preto.
Assista:
4. Cypher “Grajauventude”, com Henrique Madeiros, Riaj, TG e Ariel
Longe dos holofotes da música pop e dos rios de dinheiro, um grupo de jovens do Grajaú (Extremo Sul de São Paulo) lança a cypher “Grajauventude”, em que cada participante faz uma parte da música.
O encontro promovido pelo jovem rapper e articulador Henrique Madeiros, de 19 anos, reúne mais 03 MC’s da região: Riaj (figurinha carimbada em batalhas de rima), TG (caçula da edição, com 16 anos, rima desde os 11 anos) e Ariel (única mulher do encontro, escreve letras desde os 10 anos e aborda a desigualdade de gênero na cultura Hip Hop). A música parte da falta de equipamentos culturais na região e da presença opressora do Estado na quebrada. Confira:
5. “De onde eu possa alcançar o céu sem precisar deixar o chão”, de Zudizilla
Natural de Pelotas (Rio Grande do Sul), Zudizilla lança em todas as plataformas digitais seu segundo álbum “De onde eu possa alcançar o céu sem precisar deixar o chão”. Com 11 faixas inéditas, o trabalho traz uma mensagem de fragmentação de personalidade e busca pelo individual em um coletivo que nada lhe representa. Kendrick Lamar, Brown, Travis Scott, Emicida, Commom, Mos Def e J Cole inspiram o rapper.
Ouça:
6. “Reviravolta”, de Abôrigens e participação de Curumin
Lançado no final de agosto, o single da banda do Jardim Ângela (zona Sul de São Paulo) reflete as controvérsias de romances e relacionamentos noturnos, sendo fruto da luta constante por liberdade de expressão. A banda, que dissemina cultura Hip Hop através da mistura do dub, rap, reggae e rock, se junta ao músico e instrumentista Curumin nos arranjos da música. Ouça:
7. Álbum “Pretérito”, de Cagebê
Sigla para Cada Gênio do Beco, o CAGEBÊ é um conjunto de Hip Hop idealizado nos anos 2000 a partir de encontros entre ex-alunos de uma escola pública na zona Norte de São Paulo. Cezar Sotaque e Shirley Casa Verde, líderes e vocalistas do grupo, assumem a posição de articuladores em projetos culturais e educativos dentro do bairro do Jardim Peri. E o novo trabalho do grupo é o álbum independente “Pretérito”. Ouça:
8. Álbum “Pedras, Flechas, Lanças, Espadas e Espelhos”, de Thiago Elniño
Depois de lançar algumas faixas e clipes individualmente, o rapper Thiago Elniño solta nas redes todas músicas do seu segundo registro em estúdio. O disco une mandinga, ritmo e poesia para documentar a jornada de um homem negro que alimenta sua fé pelo direito de continuar sonhando, sendo honesto com a arte que faz, responsável, ciente da sua ancestralidade e espiritualidade africana.
São 12 faixas com participações especiais de nomes como Luedji Luna, Rincon Sapiência, Tássia Reis, Ricardo Aleixo, Daiana Damião e Natache.
“Esse trabalho é feito sob o signo da generosidade. A mensagem que eu deixo é de que precisamos priorizar os nossos, buscando referências de saúde social e auto cuidado. Precisamos nos defender, sem sentir culpa ou medo”, ressalta.
Ouça aqui:
Redação PEM
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[…] mesmo dia, a partir das 18h, o Coletivo Fora de Frequência troca uma ideia com Raphão Alaafin sobre a influência do Hip Hop na autoestima, identidade e resgate à ancestralidade. O rapper vai […]