Brasil: 3 a cada 10 pessoas precisam fazer “bicos” para complementar renda, diz pesquisa

Brasil: 3 a cada 10 pessoas precisam fazer “bicos” para complementar renda, diz pesquisa

Índice apresenta queda, já que percentual era de 45% em 2022. Maioria da população percebe aumento de pessoas em situação de fome e pobreza

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Em todo o Brasil, 31% das pessoas economicamente ativas precisaram fazer alguma atividade extra para complementar sua renda no último ano, número que equivale a 52 milhões de pessoas. É o que aponta a Pesquisa Nacional sobre Desigualdades, divulgada nesta terça-feira (29/8) pelo Instituto Cidades Sustentáveis. No último levantamento, em 2022, o percentual era de 45%, o que demonstra uma diminuição dessa necessidade.

Além disso, a maioria da população brasileira (57%) segue com a sensação de que houve aumento do número de pessoas em situação de fome e pobreza na cidade onde moram. Em 2022, o índice era de 75%. Clique aqui para acessar todos os dados.

A pesquisa foi realizada em parceria com a consultoria Ipec e entrevistou 2 mil pessoas com 16 anos ou mais em 127 municípios brasileiros. A pesquisa tem intervalo de confiança de 95% e a margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos

Em maio, a Rede Nossa São Paulo divulgou pesquisa semelhante com o recorte do município de São Paulo. Na época, os resultados apontaram que 4 em cada 10 pessoas que vivem na cidade tiveram que fazer alguma atividade extra para complementar a renda no último ano – o equivalente a 4,3 milhões de pessoas.

Tanto na pesquisa nacional quanto na paulistana, os “bicos” mais comuns, estão serviços gerais, como faxina, manutenção, reformas e jardinagem, entre outros. Produzir alimentos em casa para vender e trabalhar para aplicativos como Uber e Ifood também aparecem nos levantamentos.

Desigualdades estruturais

A pesquisa identificou a percepção da população brasileira sobre as múltiplas formas de desigualdade, abordando questões como impactos das mudanças climáticas em classes sociais distintas, as diferenças de tratamento entre pessoas negras e brancas, os locais onde mulheres mais sofrem assédio, entre outras.

Cerca de 71% das pessoas entrevistadas concordam totalmente ou em parte que as mudanças climáticas e eventos extremos, como chuvas, calor ou frio intensos, seca prolongada, atingem igualmente a todes, independentemente de cor ou classe social. Segundo a pesquisa, isso demonstra que a grande maioria não percebe o racismo ambiental no País.

A maioria da população (68%) considera que existe diferença no tratamento entre pessoas negras e brancas em diferentes ambientes. Os espaços mais citados em que há situação de preconceito são os shoppings e estabelecimentos comerciais, seguidos por escolas e universidades; ruas e espaços públicos aparecem em terceiro lugar dentre os mais citados.

Sobre a abordagem policial, para a maior parte da população (62% das pessoas entrevistadas) existe um viés, especialmente em relação a certas características físicas, como o tom de pele e o tipo de cabelo, até a forma de se vestir. Essa percepção é mais forte nas capitais, periferias metropolitanas e cidades com mais de 500 mil habitantes

A pesquisa mostra ainda que há uma crença de que a ampliação da presença de pessoas negras e indígenas nas universidades é algo positivo para toda sociedade brasileira (86% concordam com a afirmação). Além disso, a ampliação da representatividade de raça, gênero e orientação sexual pode favorecer a diminuição das desigualdades, segundo 64% das pessoas entrevistadas.

Em relação a gênero, 40% das mulheres dizem que já sofreram assédio em pelo menos um ambiente pesquisado (ruas e espaços públicos, transporte público, ambiente de trabalho, bares e casas noturnas, transporte particular e ambiente familiar). Porém, de modo geral, há uma queda na identificação dos bares e casas noturnas enquanto locais de assédio, assim como o transporte público.

Quase metade da população declara que já sofreu ou viu alguém sofrer preconceito em função de sua orientação sexual ou identidade de gênero; essa proporção registra queda de 11 pontos percentuais em relação a 2022. Os espaços públicos permanecem como o local onde as pessoas estão mais suscetíveis a esse tipo de preconceito.

Pacto

Os dados da pesquisa serão apresentados também no lançamento do Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, nesta quarta-feira (30/8), em Brasília. O Pacto é uma iniciativa de organizações sociais, associações de municípios, centrais sindicais, entidades de classe, instâncias governamentais do Executivo e Legislativo federal, estadual e municipal, e do Poder Judiciário.

O objetivo é transformar o combate às desigualdades em prioridade nacional e promover um conjunto de ações que contribuam para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. As primeiras iniciativas incluem o lançamento do Observatório Brasileiro das Desigualdades – um diagnóstico construído com base em 42 indicadores de 12 áreas temáticas – e da Frente Parlamentar de Combate às Desigualdades.

Foto em destaque: Julia Vitoria

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