PerifaCon: Evento reúne nerds na Brasilândia e exalta potência periférica na cultura pop

PerifaCon: Evento reúne nerds na Brasilândia e exalta potência periférica na cultura pop

A gente colou no maior evento nerd das periferias, que aconteceu na zona Norte de São Paulo, e fala um pouco sobre a movimentação. Confira!

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Por Letícia Padilha (texto e fotos). Edição: Thiago Borges

Raphael Fernandes se considera um grande ‘nerdola’. O primeiro contato dele com a cultura pop aconteceu quando tinha 3 a 4 anos de idade, quando ganhou uma revista em quadrinho de horror de um amigo de seu pai. A partir daí, passou a consumir produções do tipo com paixão e, na universidade, ele próprio começou a produzir quadrinhos.

Hoje, o morador do Jardim Tietê (zona Leste de São Paulo) é escritor, editor e roteirista da editora Draco. O resultado: Rapha participou como artista expositor na segunda PerifaCon, o maior evento nerd das quebradas, que aconteceu no último domingo (31/7), na Fábrica de Cultura da Brasilândia (zona Norte de São Paulo).

Foram 3 anos de espera.

A primeira edição do evento aconteceu em 2019, na Fábrica de Cultura do Capão Redondo (zona Sul), levando 7 mil pessoas com entrada gratuita. Com intuito de democratizar a cultura pop, o grupo de amigos Andreza Delgado, Gabrielly Oliveira, Igor Nogueira, Luíze Tavares e Pedro Okuyama criou a própria convenção geek para o público de fãs de ficção científica, heróis, animes, jogos e tecnologia – pessoas conhecidas como “nerds”.

“Quando se pensa em entretenimento dentro das favelas, é preciso abrir o leque, porque existe sim uma diversidade de público. A grande sacada da PerifaCon foi entender isso e perceber que a gente tinha uma demanda nerd e precisava atender ela”, diz Andreza, uma das idealizadoras.

Com a pandemia, a segunda edição da chamada “Comic Con das Favelas” só pode acontecer agora e levou uma grande massa de jovens, crianças e pessoas adultas periféricas apaixonados pela cultura pop à Brasilândia.

Potência

Provando mais uma vez, o quão potente a quebrada é com artistas, quadrinistas e cosplayers dos extremos, o evento contou com 12 horas de painéis de debates e atrações exclusivas.

O Beco dos Artistas promoveu diversos talentos independentes, criando proximidade com um público apaixonado por quadrinhos e grandes marcas. Mais de 30 artistas independentes marcaram presença, como é o caso do Rapha, da editora Draco.

Formado em História pela USP, foi na época da faculdade que ele iniciou um curso extracurricular e começou a criar seus quadrinhos. Rapha passou por salas de aula, sem se dar conta do seu processo criativo, depois por  publicidade e editoras, sobrevivendo aos ambientes hostis.

“Tanto na faculdade, quanto no mercado de trabalho, a dinâmica é oprimir o periférico, para a gente não encontrar nosso próprio talento”, diz Rapha. “Eu trabalhava com operação no mundo publicitário quando um dos meus chefes me levou para a equipe do criativo, dizendo que lá sim o meu lugar”.

A partir daí, Rapha se identificou enquanto artista e se tornou editor chefe da revista de humor escrachado MAD Brasil. Em 2010 publicou seu primeiro quadrinho e, em 2013, recebeu o Troféu HQMIX como novo talento roteirista com a minissérie independente “Ditadura no Ar”, um roteiro policial que retrata uma São Paulo noir.

Além da exposição de produtos, a galeria trouxe exposições de artistas como Quebradinha , LOUD! e Mity Dias. No palco rolaram painéis de gamers e influencers de quebrada, falando sobre a produção de conteúdo independente, e também o quadro “Anime favorito do seu Rapper Favorito”, apresentado por Load Comics, que trocou seus animes preferidos com o rapper niLL. Também aconteceu uma batalha de cosplays, premiando as melhores caracterizações.

Com show dos rappers Febem, Bivolt, Rincon Sapiência, Fleezus e Marisol Mwaba, a PerifaCon fechou o domingo com parcerias da indústria pop privada, atrações exclusivas, artistas independentes e muita cultura pop da favela, na favela e para a favela.

“Existe muita potência criativa na quebrada, sabe? O entretenimento está o tempo todo em disputa. É uma disputa pelo imaginário. Tem uma disputa na cabeça das pessoas sobre o que a periferia é capaz de fazer” fala de Andreza Delgado, umas das fundadoras para o Brasil de Fato.

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