Primeira Parada LGBTQIAP+ do Capão defende voto contra discriminação e retoma tradição nas periferias

Primeira Parada LGBTQIAP+ do Capão defende voto contra discriminação e retoma tradição nas periferias

Evento produzido e organizado pela rede Família Stronger pautou defesa da democracia e contou com presença de coletivos, militantes e políticas

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Tempo de leitura: 5 minutos

Por Coletivo Artístico Queer, com texto de Rô Vicentte e fotos de PH Silva. Edição de Thiago Borges, da Periferia em Movimento

No último domingo (24/4), a avenida Carlos Caldeira Filho foi o principal endereço da realização da primeira Parada do Orgulho LGBTQIAP+ do Capão Redondo (zona Sul da capital paulista). O evento foi produzido e organizado pela rede Família Stronger, um coletivo formado por 250 integrantes, entre pessoas cis e transgênero, travestis, gays, lésbicas, bissexuais e mesmo heterossexuais que atua como uma rede afetiva e política contra todos os tipos de discriminação.

“O projeto das Paradas nas periferias já existia, não foi uma invenção da Família Stronger. Mas acontece que os participantes não conseguiam dar continuidade, mantê-las acontecendo. A Família ficou responsável por manter o projeto de pé, sempre acionamos integrantes que moram na região para nos ajudar a fazer a Parada acontecer. Portanto, hoje os organizadores desta Parada são integrantes da Família Stronger que moram no Capão Redondo”, explica Elvis Stronger, integrante e representante do coletivo.

A Família Stronger foi fundada por Roberto, então adolescente de 17 anos, com uma comunidade no Orkut. No mundo off-line, se encontraram em festas privadas (as “PVTs”), onde diferentes corpos dançam até o chão ao som de música pop e funk. São também a primeira família a produzir um cineclube mensal sobre diversidade no Grajaú (no Extermo Sul paulistano), em que as sessões de filmes com temática LGBTQIAP+ deram forma ao ativismo político do grupo.

Portanto, não haveria coletivo melhor para ser o responsável pela organização desta parada. A Família Stronger, além de conhecer a fundo a região do Capão Redondo, fez o entrelaçamento do ativismo com o fervo, mostrando que o fervo não é só luta como também pode ser uma pressão política.

Carregando como tema “Salve a Democracia, Vote Contra a LGBTIFobia”, a Parada do Capão não só reuniu a população local como também contou com a presença de nomes importantes dentro da militância.

“Acho muito importante esse movimento retornar de Paradas LGBTQIAP+ nos bairros periféricos. Nós sabemos que, antes de acontecer a Parada na região central da Paulista, já estavam acontecendo as paradas nos bairros periféricos, principalmente na região na zona Leste”, nota Carolina Iara, travesti intersex eleita co-vereadora em São Paulo junto à Bancada Feminista, que deve se candidatar novamente nas eleições deste ano. “A realização dessas Paradas é muito importante para que a nossa existência seja naturalizada nos bairros periféricos, onde os trabalhadores estão morando, onde a maior parte da população reside”, completa.

 

Retomada

Como disse Carolina Iara, as Paradas LGBTQIAP+ nasceram das periferias. Portanto, nada mais natural do que elas retornarem a esses bairros periféricos, assim como já acontece na Cidade Tiradentes (zona Leste), que ano passado teve a sua 5ª Parada LGBTQIAP+, também organizada pela Família Stronger. O desejo de participantes é que esse movimento não pare e que consigamos ocupar cada vez mais bairros nas periferias de São Paulo.

E a organização não deixou a desejar. A Parada do Capão contou com muita música, ativismo e a presença de drags regionais e de coletivos e organizações como Eternamente Sou, Coletivo Artístico Queer, Família Seth, Consulado das Famílias LGBT, Igreja Habitar, entre outros. De uma forma tímida no começo, a Parada conseguiu juntar uma bela quantidade de pessoas ocupando as ruas do Capão Redondo, andando um trajeto de 3 quilômetros com muita alegria, música, dança, glitter e ativismo.

A consciência política da juventude LGBTQIAP+ periférica mais a necessidade de dar close em festas depois de 2 anos de pandemia fizeram a fórmula perfeita de sucesso para o primeiro evento do tipo realizado no Capão Redondo.

“Esses movimentos são de uma grande riqueza acontecerem na periferia. Sobretudo para mim que venho de uma história com as paradas. Estive presente na primeira Parada de São Paulo e fico feliz de estar viva para presenciar a primeira do Capão”, diz Paula Beatriz primeira diretora trans de escolas públicas.

A Parada do Capão não foi só um aquecimento e preparação para a 26ª Parada do Orgulho LGBTQIAP+ de São Paulo, que deve acontecer em junho. Foi uma faísca que acendeu a vontade de ocupar cada vez mais as periferias com os nossos corpos. Esperamos ano que vem estarmos na 2ª Parada do Capão e em muitas outras primeiras paradas em outros bairros periféricos

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