Uma senhora cheia de memórias sobre o interior de São Paulo. Uma menina que se orgulha de seu cabelo black-power. Uma mulher que voltou a estudar depois dos 50 anos e uma arte-educadora que dribla o tempo para conciliar maternidade e sua vida pessoal. Todas elas unidas por uma mesma geografia: a periferia da cidade de São Paulo.
E nesta quarta-feira (8 de março), quando celebra-se o Dia Internacional da Mulher, todas elas estarão na tela do cinema da Galeria Olido, no centro da cidade, quando o coletivo Nós, mulheres da periferia estreia o documentário “Nós, Carolinas”. Após o lançamento, o curta entra em circuito durante o mês de março em diferentes regiões do município.
Formado por comunicadoras que promovem narrativas sobre ser mulher nas margens da cidade, o coletivo apresenta em seu primeiro documentário as vivências de mulheres moradoras de quatro regiões diferentes da capital paulista.
Durante a exibição do vídeo, o público transita entre bairros e experiências de vidas relatadas em primeira pessoa. Racismo, solidão, maternidade e a busca da autoestima são alguns dos temas levantados sobre as condições de ser mulher, negra e periférica.
As entrevistadas, que têm entre 18 e 93 anos, embora possuam trajetórias diferentes, estão conectadas por elementos cotidianos, como os impactos do machismo e desigualdades raciais e sociais ainda presentes no Brasil.
“A nossa proposta foi de ouvir e partilhar histórias pessoais que são ignoradas ou desvalorizadas. Para nós, o processo de empoderamento passa necessariamente pela ocupação do lugar de fala. E a nossa busca é não nos acomodar em rótulos, estereótipos, reconhecendo a diversidade do universo feminino nas periferias”, explica Bianca Pedrina, jornalista e cofundadora do Coletivo Nós, mulheres da periferia.
Sem a pretensão de representar as mulheres da periferia de forma única, o nome “Nós, Carolinas” homenageia Dona Carolina, uma das entrevistadas e personagem do documentário, e faz menção honrosa à escritora Carolina Maria de Jesus, autora do célebre livro “Quarto de Despejo – o Diário de uma Favelada”.
As mulheres apresentadas fizeram parte do projeto Desconstruindo Estereótipos, realizado pelo coletivo em 2015, durante oficinas sobre a representação das mulheres moradoras das periferias na grande mídia. No final do mesmo ano, o coletivo lançou no Centro Cultural da Juventude (CCJ) a exposição multimídia Quem Somos [Por Nós], que incluiu uma série de entrevistas, a partir das quais, como uma segunda etapa deste projeto, foi criado o documentário.
Ambos os projetos foram financiados pelo VAI (Programa de Valorização às Iniciativas Culturais) da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo.
Após a pré-estreia, o Coletivo Nós mulheres da periferia realizará um circuito de exibição do documentário em diferentes regiões da cidade, incluindo Cidade Tiradentes e Guaianases, na zona Leste, Parque Santo Antônio, na zona Sul; Jova Rural, zona Norte; e Perus, região Noroeste – os bairros das protagonistas Carolina Augusta, Joana Ferreira, Renata Ellen Soares e Tarcila Pinheiro.
Redação PEM
1 Comentário
[…] No Periferia em Movimento […]