No Grajaú, PM reprime manifestação por transporte com truculência; veja fotos

No Grajaú, PM reprime manifestação por transporte com truculência; veja fotos

Com apoio do Movimento Passe Livre (MPL), o protesto foi organizado por movimentos sociais da região. Sete crianças e 22 adultos foram retidos por mais de dez horas.

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Sete crianças e 22 adultos retidos por quase dez horas na central de flagrantes da Polícia Civil na zona Sul de São Paulo.

Esse foi o saldo da operação policial deflagrada nesta quarta-feira (23/10) para dispersar a manifestação por melhorias no transporte público no Extremo Sul da cidade.

Com apoio do Movimento Passe Livre (MPL), que articula diversos atos para celebrar a semana nacional de lutas por transporte, o protesto foi organizado por movimentos sociais da região.

Entre as principais reivindicações da população local, estão a criação de linhas circulares 24 horas entre os bairros, a volta de linhas de ônibus diretas para o centro e a extensão imediata da linha 9-esmeralda da CPTM até os terminais Varginha e Parelheiros.

Desde as 17hs, cerca de 500 pessoas se concentravam na avenida Belmira Marin, próxima ao Terminal Grajaú.

Por volta das 18h30, quando marcha começou, perueiros associados à Cooperpam tentaram impedir a manifestação.

“Perdemos mais de 1 milhão de passageiros segunda-feira, na M’Boi Mirim [onde também houve protesto nesta semana]. Aqui não!”, disse um integrante da cooperativa, que não quis se identificar.

O ato seguiu pelas avenidas Belmira Marin e Senador Teotônio Vilela até a estação de transferência do Rio Bonito, onde uma catraca foi queimada.

Em uma assembleia, manifestantes decidiram seguir até o Largo do Socorro pela avenida Atlântica (antiga Robert Kennedy).

Após quatro quilômetros de caminhada, o ato seguia tranquilamente. Mas na altura do Clube Escola, um carro preto com sirene e giroflex mas sem identificação policial furou o bloqueio da PM e avançou sobre os participantes do ato.

Uma pessoa jogou uma pedra sobre o pára-brisa do carro. O motorista, que parou em um posto de combustível Shell, se identificou como policial civil.

Questionada posteriormente, a PM informa que o agente estava em uma “emergência”. Porém, manifestantes suspeitam que ação foi uma tática dos militares para, enfim, reprimir o ato que seguia organizado até o momento.

Policiais desceram das viaturas e marcharam em direção ao protesto. Bombas de efeito moral e balas de borracha foram disparadas sobre os manifestantes – inclusive crianças e pessoas idosas.

As pessoas continuaram marchando por mais 1,5 km, ora caminhando ora correndo por conta do gás lacrimogêneo lançado pela PM.

Finalmente, na altura da lanchonete Mc Donald’s, os policiais conseguiram desarticular o ato. Manifestantes se dispersaram por ruas paralelas à avenida Atlântica. Alguns foram abrigados nas casas de moradores locais, enquanto outros foram enquadrados pelos policiais.

O advogado do movimento chegou a receber voz de prisão, mas foi liberado no mesmo momento.

Detidos por “dano coletivo”, por volta das 21hs adultos e crianças foram levados em uma base móvel e dois camburões ao 101º DP, no Jardim das Embuias, onde permaneceram retidos no local até as 07hs da manhã desta quinta-feira (24/10), quando foram soltos sem acusação.

“Hoje vi uma ação orquestrada para desmobilizar o ato”, diz Erica Oliveira, militante do MPL. “E, depois de junho, estamos vivendo uma escalada repressiva”.

Novos atos estão programados para acontecer hoje, às 17hs, no Campo Limpo (concentração no supermercado Extra do Taboão), e amanhã, no mesmo horário, no Centro (Theatro Municipal).

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