No tempo do cativeiro, elas abortaram para livrar os filhos da escravidão. Sem destino após a libertação, continuaram lutando para colocar comida em casa. Do julgo imposto ainda em território africano ao Brasil contemporâneo, as mulheres negras continuam resistindo neste canto do mundo. E neste 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha, instituído em 1992, relembramos que a luta continua em todos os espaços.
Neste sábado (23), no bairro de Colônia Paulista (em Parelheiros, Extremo Sul de São Paulo), acontece o 11º Abayomi Aba. O encontro tem a presença da grafiteira Thainá Índia, da trançadeira Regiane Soares, além de pintura de rosto, intervenções poéticas, apresentações musicais, oficinas e uma roda de conversa sobre o feminicídio negro. Começa às 14h, na Praça do Colônia. Saiba mais aqui.
No mesmo dia e horário, o Centro Cultural Jabaquara recebe o terceiro encontro Kwanza Brasil 2016, com a temática “Da Luta ao Empoderamento” com debates sobre avanços e desafios do feminismo negro, mercado de trabalho, saúde da mulher negra e ciclos de violência, entre outros. Entre as presenças, está a da secretária-adjunta de direitos humanos e cidadania de São Paulo Djamilla Ribeiro. Confira aqui.
E na segunda (dia 25), todas vão às ruas na Marcha das Mulheres Negras de São Paulo contra o golpe, o racismo, o machismo, o genocídio, a lesbofobia e pelo bem viver. A concentração é a partir das 17h, na Praça Roosevelt, com saída às 19h até o icônico Largo do Paissandu, no centro da cidade. Outras informações aqui.
Que dia é esse?
O dia 25 de julho é um marco de luta e resistência das mulheres negras do continente, em 1992, durante encontro de mulheres afrodescendentes de todo o continente em São Domingo, na República Dominicana. Em 2014, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que estabelece oficialmente no Brasil essa data como o Dia da Mulher Negra e de Tereza de Benguela, que por duas décadas liderou o quilombo de Queriterê em Mato Grosso, até sua queda em 1770.
Ainda hoje, a mulher negra continua na base da pirâmide social brasileira. Além de sofrer dupla discriminação pelo gênero e cor, essa condição torna a afrobrasileira ainda mais vulnerável por uma questão de classe, já que ganha 40% a menos que homens brancos com a mesma qualificação. Além disso, 46,3% das mulheres negras nunca fizeram exame de mama, contra 28,7% de mulheres brancas.E mais de 60% das mulheres assassinadas no Brasil entre 2001 e 2011 eram negras.
Redação PEM