Periferia em Movimento é desconforto.
Os olhares tortos, a origem rejeitada, o endereço alterado no currículo.
Os muros invisíveis que enclausuram nossas casas amontoadas.
O ônibus que não passa, a educação que não liberta, a saúde que não basta.
Periferia em Movimento é vigília. É quem nunca dormiu enquanto o gigante despertava.
A mulher julgada no trabalho, apressada na rua, silenciada em casa.
A travesti, geralmente sem escolha e sem direito: ao afeto, à família, muitas vezes à vida.
A juventude insegura, sem trabalho nem renda, sem direito se sonhar.
A criança, a pessoa idosa, com deficiência que não é levada em conta. Não é ouvida.
Periferia em Movimento é o grito na garganta a cada corpo que sangra nos becos e vielas.
A pessoa encontrada pela bala perdida.
O silêncio ensurdecedor da falta de justiça.
O autoritarismo – oficial ou paralelo.
A cabeça que se levanta.
O luto que vira luta.
Periferia em Movimento é resistência.
Negrindígena, nordestelatina.
Cultura de rua, poesia de bar, teatro de represa, cinema de garagem.
Potência X carência. Empoderamento X apropriação. Identidade X Pausteurização.
Sonhar de olhos abertos, sem tirar os pés do chão.
Periferia em Movimento é periferias, no plural.
Vozes que ecoam contra a narrativa homogênea do centro.
Dedo apontado para a falsa imparcialidade.
Posição, opinião e autocrítica pra reconstrução.
Olho no olho. De dentro pra dentro.
Batalha cotidiana pela coerência entre discurso e prática.
Periferia em Movimento é busca por emancipação.
Catraca pulada, lona esticada, recado pixado no muro da escola.
Passo apertado, punho cerrado, esperança no peito e sorriso no rosto.
Pra honrar a memória de nosses ancestrais.
Pra findar o moinho de gastar gente.
Pra tomar o que é nosso por direito.
Periferia em Movimento é Jornalismo de Quebrada!
Contra a lógica da necropolítica, reivindicamos a sacralidade dos nossos corpos
Produzindo notícias, registrando memórias e saberes.
Periferia em Movimento somos todas, todos e todes nós!