Nossa opinião: É certo que a quebrada decide eleições, mas vai se pautar pelo medo em 2024?

Nossa opinião: É certo que a quebrada decide eleições, mas vai se pautar pelo medo em 2024?

A campanha eleitoral começa oficialmente nesta sexta (16/8). Em editorial, Periferia em Movimento explica o que vai nortear nossa cobertura jornalística da disputa em São Paulo

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Da quermesse na paróquia do bairro ao escadão reformado, todo evento ou benfeitoria com emenda parlamentar vem acompanhado de uma faixa: “a comunidade agradece pelo trabalho do vereador Fulaninho de Tal”. Será que agradece mesmo?

Nas periferias de São Paulo, os “agradecimentos” também são direcionados ao atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Candidato à reeleição, há 4 anos ele era um vereador conhecido regionalmente que foi alçado ao comando da cidade ao ocupar o lugar de Bruno Covas (PSDB), do qual era vice.

Nunes, então pouco conhecido pelo eleitorado, tem utilizado a máquina pública e aumentado sua projeção de votos – em algumas pesquisas, aparece embolado em primeiro lugar, com nomes como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

Este, por sua vez, teve boa votação em 2020 com vitória nas periferias. Mas neste ano, as pesquisas mostram seu nome melhor colocado nas regiões mais ricas da cidade. Boulos espera ver seus números crescerem quando o presidente Lula (PT) entrar na campanha, além de trazer a ex-prefeita e candidata a vice Marta Suplicy como chamariz em sua chapa.

QUEBRADA DECIDE: Confira nossa cobertura das eleições!

Equipe multidisciplinar nas proximidades da casa de moradora no Jardim Vera Cruz, zona Sul de São Paulo

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Periferias, periferias, periferias. 

Não é por acaso que todo mundo tá de olho nos nossos votos, afinal a quebrada decide eleições. Somos maioria: dos quase 12 milhões de habitantes da capital paulista, cerca de 9 milhões vivem fora do centro expandido, segundo o IBGE.

A deputada federal Tábata Amaral (PSB) se lançou ainda pré-candidata na Cidade Ademar (zona Sul), onde foi criada. Já o influenciador digital Pablo Marçal (PRTB), que se vende como candidato bolsonarista sem apoio oficial, começou a percorrer favelas para se “aproximar da realidade” e declarou que as periferias são “campos de concentração”.

Outro candidato, José Luiz Datena (PSDB) fala da quebrada diariamente nos programas policiais, mas se mostra indignado. Até a neoliberal Marina Helena (Partido Novo) pretende priorizar as periferias em suas propostas de governo com enxugamento do poder público.

Se cada voto tem o mesmo peso, o marketing político sabe que tem que falar com a maioria – que somos nós.

A questão é: o que estão falando?

O espírito do tempo aponta para a radicalização do discurso punitivista.

Roubos de celular, a crise na chamada “Cracolândia”, a violência contra a mulher e a superexposição dos casos – da TV ao whatsapp – alimentam a sensação de insegurança. Não por acaso, a violência é apontada pela população como principal problema a ser enfrentado na cidade de São Paulo.

Quais são as respostas para isso?

Danilo, irmão de Denys Henrique pede pelo fim da polícia militar e afirma que vítimas não foram pisoteadas em baile de Paraisópolis

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Muitas candidaturas apresentam policiais como vice em suas chapas: Ricardo Nunes traz o ex-coronel da Rota Ricardo Mello Araújo, indicado por Bolsonaro que disse que a polícia deve agir diferente nos Jardins e nas periferias; Marçal apresenta a cabo Antônia de Jesus; Marina Helena tem o coronel Priell Neto. O Datena não é policial, mas ganhou fama e dinheiro fortalecendo a indústria do medo.

É esse medo que move o eleitorado paulistano em 2024? E o que temos a falar de outros temas urgentes, como a emergência climática e a transformação digital, que causam ou potencializam crises – inclusive da segurança?

A gente vem de um histórico recente de instabilidades: da pandemia de covid-19, da precarização do trabalho e aumento da fome, de problemas crescentes relacionados à saúde mental e uma ausência geral de perspectivas.

Se todo mundo sofre, algumas pessoas sofrem antes e sofrem mais: nós, pessoas periféricas, negras, indígenas, LGBTQIAP+, com deficiência, em sua maioria mulheres.

É a partir dessa perspectiva que a Periferia em Movimento vai cobrir as eleições municipais de 2024, com um olhar para a cidade de São Paulo, especialmente.

Vamos destrinchar o que está em disputa, avaliar planos de governo de candidaturas para a Prefeitura, abordar a venda do medo e da esperança, romper estereótipos de diferentes perfis de eleitores nas periferias, discutir o que as maiorias apresentam de marco civilizatório nessa votação.

Venha com a gente e participe! Quebrada Decide: Acompanhe aqui a nossa cobertura das eleições municipais de 2024!

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