Da rotina nos trens às propostas para a cidade, livros recém-lançados abordam temáticas periféricas

Da rotina nos trens às propostas para a cidade, livros recém-lançados abordam temáticas periféricas

Selecionamos 3 obras pra quem quer curtir microcontos no balanço do trem, entender a importância de políticas públicas e se aprofundar em soluções cotidianas elaboradas nas próprias quebradas

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Por Thiago Borges. Foto em destaque: Jéssica Moreira

Seguiram na mesma direção na plataforma. Pararam quase lado a lado. Ela olhou de rabo de olho. Ele fingiu que não viu nada. O trem se aproximou. Se olharam mais uma vez. Não sabiam, mas era o prelúdio do adeus premeditado pelo maquinista, que, em sua imprecisão, fez mais um amor morrer na estação. Seguiram, cada qual em seu vagão”.

Os versos acima encerram “Amor de trem é passageiro”, um dos microcontos, poemas e crônicas que compõem as 124 páginas de “VÃO: trens, marretas e outras histórias”.

O livro da escritora e jornalista Jéssica Moreira, de Perus (zona Noroeste de São Paulo), foi lançado no último sábado (13/11). Com poemas de leitura rápida, mas profundos como o vão que separa o trem da plataforma, a autora une a própria experiência aos acontecimentos que há anos vivencia nos vagões.

“O lançamento de VÃO simboliza a finalização ou começo de um processo de escrita que durou muitos anos”, diz ela à Periferia em Movimento. “Colocar esse livro no mundo é uma forma de ampliar as vozes de marreteiros, marreteiras, trabalhadores e trabalhadoras que pegam o trem – e também desse nosso jeito de ver as coisas da ponte da pra cá”, continua Jéssica, que é uma das cofundadoras do coletivo Nós, Mulheres da Periferia.

Jéssica Moreira, autora de “VÃO”(foto: Luankphoto)

Além do livro da cria de Perus, a Periferia em Movimento aponta outras 2 obras recentes que também abordam temáticas periféricas partindo de outras perspectivas.

Um deles é o livro “Reflexões Periféricas: Propostas em movimento para a reinvenção das quebradas”. A publicação é fruto de uma pesquisa realizada entre 2019 e 2020 pelo Centro de Estudos Periféricos (CEP) do campus Zona Leste da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Ao todo, 33 pessoas (entre docentes, integrantes de pesquisas acadêmicas e estudantes) oriundas de diversas periferias se debruçaram sobre 10 temas (como cultura, moradia, educação e trabalho), ouviram outras pessoas que vivem em quebradas e escreveram artigos com indicações de alternativas para melhorar a qualidade de vida nesses territórios.

“A gente produziu e gostaria que essas propostas auxiliassem quem tá com pé no barro, fazendo a luta cotidiana para melhorar as quebradas, fundamentalmente nesse momento em que a gente tá saindo de uma pandemia que não acabou e que tá num momento muito difícil política e economicamente”, explica Tiaraju Pablo D’Andrea, organizador da obra. Tiaraju é professor da Unifesp, coordenador do CEP e morador da zona Leste paulistana.

Também é dele o prefácio de outra publicação acadêmcia: “Periferias Insurgentes: Ações Culturais de Jovens nas Periferias de São Paulo”. O livro reune artigos de Dennis de Oliveira, Juliana Salles de Souza, Maira Carvalho de Moraes e Mariana de Sousa Caires que tratam das experiências dos coletivos culturais que tiveram projetos fomentados pelo Programa VAI da Prefeitura de São Paulo entre 2006 e 2017, especialmente nas zonas Sul e leste da Cidade. Entre os casos apresentados, está a Periferia em Movimento.

Como ter acesso aos livros

VÃO: R$ 40, à venda aqui.

Reflexões Periféricas: R$ 50, à venda aqui.

Periferias Insurgentes: pode ser baixado gratuitamente em PDF clicando aqui.

1 Comentário

  1. […] último sábado (04/12), aconteceu o lançamento do livro “Reflexões Periféricas – Propostas em movimento para a reinvenção das quebradas”, no centro cultural Casa dos Meninos, localizado no Jardim São Luís (zona Sul de São Paulo). O […]

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