Por Paula Sant’ana. Edição: Thiago Borges. Artes: Rafael Cristiano
Está chegando a hora! A Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino começa nesta quinta-feira (20/7). Às 4h da manhã (horário de Brasília), Nova Zelândia e Noruega dão o pontapé inicial para o torneio, que promete muito engajamento e surpresas. A final ocorre em 31 dias, em 20 de agosto.
Neste ano, pela primeira vez na história, a Copa acontece em 2 países: Austrália e Nova Zelândia, que estão 13 e 15 horas à frente do fuso do Distrito Federal, respectivamente. Mas calma que, pela fase de grupos, não vamos ter dor de cabeça para acompanhar as meninas.
Este ano, teremos outras novidades também: ponto facultativo para quem trabalha no serviço público federal. Segundo Ana Moser, ministra do Esporte, profissionais poderão se ausentar durante a partida e até 2 horas horas após o término dos jogos. Também de forma inédita, 32 seleções vão participar da Copa do Mundo Feminina. Anteriormente, a competição contava com 24 países.
E a Seleção brasileira?
O Brasil faz parte do grupo F, que tem França, Jamaica e Panamá. A estreia da seleção, comandada pela sueca Pia Sundhage, está marcada para a próxima segunda-feira (24/7), às 08h, contra as panamenhas. No sábado (29/7), um jogaço: Brasil x França, às 7h. Encerrando a fase de grupos, enfrentaremos a Jamaica no dia 2 de agosto, também às 7h.
Pia está no comando da amarelinha desde julho de 2019, após demissão de Vadão, comandante da Seleção na Copa da França. Naquela edição, a eliminação veio para as donas da casa nas quartas de final. A ex-jogadora de 63 anos tem como principais títulos um bicampeonato olímpico no comando dos Estados Unidos, em 2008 (Pequim) e 2012 (Londres).
A sueca nunca venceu uma Copa do Mundo, mas foi vice em 2011, também à frente da seleção norte-americana. Em 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, sob o comando de Pia, a seleção da Suécia foi derrotada pela Alemanha. Inclusive, as vice-campeãs eliminaram o Brasil na semifinal da competição.
Em 6 de abril deste ano, Brasil x Inglaterra fizeram a Finalíssima Feminina, supercopa disputada entre as campeãs da Conmebol e da UEFA. No tempo regulamentar, a partida terminou em 1 a 1 e foi para os pênaltis. A seleção canarinho foi derrotada por 4 a 2 – o que parece ser algo ruim, na verdade aguça uma expectativa. Além deste resultado, no dia 11 do mesmo mês, o tento contra a Alemanha despertou a sensação de que ‘dá pra sonhar’.
“A gente vem em um momento muito bom, acho que a Finalíssima e o jogo contra a Alemanha mostraram que a gente tem condições de jogar de igual para igual. E daí você pode levar um jogo para os pênaltis […] Acredito muito que o Brasil briga ali pelo menos para um pódio, que o Brasil chega nas semifinais”, destaca Ana Christe, 34 anos, criadora da página Futebol para Todas e integrante do Nosso Seleça, iniciativa da CBF para cobertura da Copa.
Além da Seleção brasileira, a produtora de conteúdo coloca entre as favoritas a França, Nova Zelândia e Estados Unidos – apesar das reformulações. “Tenho grandes expectativas. A gente quer trabalhar com a realidade de quem acompanha, mas quando é Seleção a gente tem um lado torcedor que não dá para deixar de lado, né?”, continua Ana Christe.
Apesar de 2 convocações muito contestadas – da zagueira Mônica (Madrid CFF-ESP) e da goleira Bárbara (Flamengo-BRA) -, a confiança de quem acompanha e nutre esperanças do título segue firme.
É o caso da jornalista Mônica Saraiva, que é direta: “Eu, pessoalmente, tenho todas as expectativas. Por todo histórico do futebol feminino, por toda garra. Será o primeiro título do Mundial feminino brasileiro, elas merecem por todo trabalho de anos”, diz a fundadora da Gondwana Futebol & Cultura. Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos completam o quarteto da fotógrafa e moradora da Brasilândia (zona Norte de São Paulo).
Espaço conquistado
No Brasil, o futebol foi proibido para mulheres por quase 40 anos devido a um decreto assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. A revogação veio em 1979. Sim, quando a Seleção masculina já era tricampeã do mundo! A regulamentação do futebol feminino veio apenas em 1983.
No âmbito internacional, um torneio experimental foi criado em 1988 e a primeira Copa do Mundo feminina aconteceu oficialmente em 1991, enquanto o futebol masculino já havia vivenciado 14 torneios mundiais.
“As mulheres no Brasil foram proibidas de jogar futebol durante quase 40 anos. A primeira Seleção Feminina foi oficializada em 1988, ou seja, tem minha idade: 35 anos”, relata Mônica.
A comunicadora destaca que começou a acompanhar o futebol feminino quando iniciou sua jornada no Museu do Futebol, onde trabalhou durante 10 anos. Apesar de torcer para o Corinthians e ser apaixonada por Sócrates e toda a história da democracia corinthiana, Mônica gosta de acompanhar a modalidade em si.
“O bacana de tudo isso é que a partir desse torcer pelo Corinthians eu me interessei em estudar as histórias dos times, fazer pesquisas e entender a história do Brasil a partir do futebol e como está conectado com a cultura, sociedade e tantos outros temas”, diz Mônica.
Ana cresceu acompanhando futebol e teve a sorte de jogar futsal na escola, em meados da década de 1990. A enfermeira de formação sempre viveu o futebol, mas ao perceber, em 2019, que muitas pessoas sequer sabiam que a Copa estava rolando, ela decidiu criar uma página no instagram dedicada ao tema. Desde então, começou a ser ainda mais presente.
“Nesses 4 anos, eu comecei a acompanhar mais de perto, a ir em todos os jogos. Então, teve pandemia, eu continuei indo em jogos como imprensa, não parei em nenhum momento de acompanhar Campeonato Paulista, Campeonato Brasileiro, de falar sobre futebol feminino”, destaca ela, que mora em Cidade Monções, na zona Sul de São Paulo, mas é nascida e criada no bairro do Colônia, em Parelheiros.
“Não preciso ser só são-paulina. Eu posso torcer pelo futebol feminino. Então, eu já fui em tudo quanto é tipo de jogo”, complementa a profissional da saúde que, recentemente, decidiu seguir com a criação de conteúdo de vez e não atuar mais na enfermagem.
Quem veste a camisa?
As convocadas para nossa Seleção são:
– Goleiras: Letícia Izidoro (Corinthians-BRA), Bárbara (Flamengo-BRA) e Camila (Santos-BRA);
– Defensoras: Antônia (Levante-ESP), Bruninha (Gotham FC-EUA), Kathellen (Real Madrid-ESP), Lauren (Madrid CFF-ESP), Mônica Hickman (Madrid CFF-ESP), Rafaelle (Arsenal-ING) e Tamires (Corinthians-BRA);
– Meio-campistas: Duda Sampaio (Corinthians-BRA), Kerolin (North Carolina Courage-EUA), Luana (Corinthians-BRA), Adriana (Orlando Pride-EUA), Ana Vitória (Benfica-POR), Ary Borges (Racing Louisville-EUA) e Angelina (OL Reign-EUA);
– Atacantes: Andressa Alves (Roma-ITA), Geyse (Barcelona-ESP), Bia Zaneratto (Palmeiras-BRA), Debinha (Kansas City Current-EUA), Gabi Nunes (Madri CFF-ESP) e Marta (Orlando Pride-EUA);
– As suplentes: Tainara (Bayern de Munique-ALE) e Aline Gomes (Ferroviária-BRA).
Dicas para começar acompanhar futebol feminino
Ana Christe:
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- Siga as redes sociais dos clubes: a maioria tem perfis 100% focados nos times femininos;
- Siga também as redes sociais das jogadoras e conheça a história de cada uma delas;
- Vá atrás de páginas com bom conteúdo, principalmente no Instagram;
- Pesquise sobre a história, isso ajuda a entender o cenário atual.
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Mônica Saraiva:
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- Visite o Museu do Futebol, em São Paulo;
- Siga mulheres engajadas nas redes sociais como, por exemplo, Elaine Trevisan, Natália Santana, Juliana Santos e tantas outras mulheres incríveis;
- Leia o livro “Futebol Feminista”, da jornalista Luciane Castro;
- Olhe para o futebol feminino que acontece na sua rua, no campo de várzea, na calçada da sua quebrada, pois isso ajuda a entender onde os jogos começam.
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