Comunidade homenageia universitário morto por PM no Grajaú

Comunidade homenageia universitário morto por PM no Grajaú

Nesta segunda (10 de outubro), moradores do Jardim Novo Horizonte e amigos prestam uma homenagem a Matheus Freitas, jovem negro de 24 anos que morreu após ser baleado por um policial dentro de uma escola da região.

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Tempo de leitura: 3 minutos

Velas, flores e camisas brancas: assim moradores e amigos de Matheus Santos de Freitas devem voltar às ruas do Jardim Novo Horizonte (Extremo Sul de São Paulo) nesta segunda-feira (10 de outubro) para pedir paz na quebrada e homenagear o rapaz. A comunidade não pretende fechar vias, mas lembrar dos bons momentos vividos com Matheus e denunciar o genocídio praticado pelo Estado.
08102016_ Ato _ Matheus_ Quebrada pede paz

O universitário negro de 24 anos morreu na última segunda-feira (03/10), no Hospital Geral do Grajaú, dois dias depois de ser baleado por um policial militar dentro da EE Tancredo de Almeida Neves. Sem áreas de lazer na região, a comunidade utiliza a quadra do colégio para jogar bola, entre outras atividades, tanto na semana à noite quanto nos finais de semana.

No sábado (01/10), Matheus outros três amigos pularam o muro da escola para jogar bola e ficar conversando. Mas dessa vez, foram surpreendidos por três policiais à paisana que estavam dentro do colégio para vigiar as urnas eletrônicas que seriam utilizadas nas eleições municipais do dia seguinte.

Um dos policiais abordou os quatro jovens dizendo que não poderiam permanecer por ali e disparou contra eles, que vazaram assustados. Matheus foi baleado, conseguiu pular uma das grades mas caiu pouco depois. A ambulância demorou quase quatro horas para chegar e prestar socorro.

Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) admitiu que a morte foi decorrente de “oposição à intervenção policial”, conforme registro no 101º DP do Jardim das Imbuias. O caso deve seguir para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O policial que efetuou o disparo está afastado do trabalho.

Mais velho de dois filhos de pais evangélicos, Matheus foi aluno da EE Tancredo Neves, lutava jiu-jitsu e deixou o emprego no setor financeiro para se dedicar ao último ano da faculdade de Economia no Centro Universitário Nove de Julho. Tinha planos de investir na Bolsa de Valores e muitas ideias para melhorar o próprio bairro.

Inconformados com a situação, na última terça-feira (04/10) dezenas de amigos e conhecidos de Matheus fizeram um protesto contra a ação da Polícia Militar. Com faixas, cartazes e gritos de ordem contra a PM, eles ocuparam parte da pista da avenida Paulo Guilguer Reimberg, mas foram fortemente reprimidos pela Força Tática – que lançou bombas de gás tóxico e balas de borracha contra a multidão, incluindo bebês, idosos e trabalhadores que chegavam em casa.

Confira no vídeo abaixo:

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