1 mês de aulas presenciais: Novas dificuldades se somam a problemas pré-pandemia, denuncia coletivo de educação da periferia

1 mês de aulas presenciais: Novas dificuldades se somam a problemas pré-pandemia, denuncia coletivo de educação da periferia

Infraestrutura precarizada, salas lotadas e falta de pessoal suficiente para trabalhar já eram problemas vividos no dia a dia da escola pública antes da pandemia de coronavírus. E com a volta às aulas totalmente presenciais, em fevereiro, o desafio ganhou uma nova camada de dificuldades com a necessidade de readaptação de estudantes, a defasagem na aprendizagem e os cuidados extras pra evitar a contaminação

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Por Paulo Cruz e Julia Vitoria. Edição de Thiago Borges

Foto em destaque: Governo do Estado de SP

Infraestrutura precarizada, salas lotadas e falta de pessoal suficiente para trabalhar já eram problemas vividos no dia a dia da escola pública antes da pandemia de coronavírus. E com a volta às aulas totalmente presenciais, em fevereiro, o desafio ganhou uma nova camada de dificuldades com a necessidade de readaptação de estudantes, a defasagem na aprendizagem e os cuidados extras pra evitar a contaminação.

É o que denunciam à Periferia em Movimento algumas integrantes do Coletivo Territorialidades, formado por profissionais da educação pública na região do Campo Limpo (zona Sul de São Paulo).

“As ações sanitárias de limpeza da caixa d’água, desratização e desinsetização e corte do mato, seguem com soluções morosas e fora do prazo previsto, desconsiderando que as aulas já iniciaram e a escola está em funcionamento sem as condições adequadas para isso”, aponta Maria*, que atua na gestão de unidades educacionais da região e pediu para não ser identificada.

A educadora denuncia ainda que a necessidade do cuidado redobrado com a limpeza não se refletiu na contratação de mais pessoas. “As terceirizadas operam com um número muito reduzido de funcionárias. A maioria é de gênero feminino e de origem negra. São super exploradas, tendo que garantir os protocolos de limpeza e higiene com a escola funcionando a todo vapor”, completa.

Outra pessoa relata que sua escola segue em reforma, o que ainda gera a necessidade de 1 dia de aula por semana à distância. Além disso, não houve um processo de acolhida das crianças, adaptações de ciclos, anos ou séries, como se nada estivesse acontecendo.

Outro ponto trazido pela profissional é que algumas famílias não estão enviando crianças para escola por conta da distância. Muitas não conseguiram vaga em uma escola próxima de casa e também não foram contempladas pelo Transporte Escolar Gratuito (TEG), serviço da Prefeitura para transportar estudantes que moram a mais de 2 quilômetros do colégio.

Sem planejamento

Mais de 1 milhão de estudantes da rede pública municipal voltaram às aulas presenciais na cidade de São Paulo. Em todo o Estado paulista, o retorno foi de mais de 3,5 milhões de estudantes às escolas da rede estadual. O avanço da vacinação de crianças e adolescentes em todo o território e a necessidade de compensar os atrasos na aprendizagem gerados pela desigualdade no acesso à educação são justificativas para a retomada.

Para a Iracema Santos, professora e doutora de Educação pela USP e também integrante do Territorialidades, faltou planejar melhor essa volta. “O problema da falta de vagas foi decorrente da falta de comunicação entre as secretarias municipais e estadual. Também houve falta de pesquisas e consultas nas escolas durante a pandemia”, diz.

Para ela já era possível perceber o aumento da demanda no ano anterior durante a matrícula. Além disso, com a pandemia de covid-19, outros fatores como a falta de recurso de algumas famílias que mantinham crianças em escolas privadas apontaram para aumento da demanda na rede pública.

Com isso as escolas públicas reabrem suas portas para receber os estudantes com os velhos problemas do cotidiano escolar, agravado pelas questões sociais.

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