Movimentos sociais, sindicais e populares convocaram um grande ato para esta quinta-feira, 10 de julho, contra o Centrão e o “Congresso inimigo do povo”. A manifestação está marcada para as 18h, com concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista.
A mobilização cobra respostas de parlamentares que, segundo as organizações, ignoram os direitos da classe trabalhadora e protegem os privilégios de uma minoria. Os movimentos sociais argumentam que a estrutura tributária atual é regressiva, fazendo com que quem ganha menos pague proporcionalmente mais. Eles citam que apenas cinco bilionários no Brasil concentram mais riqueza do que 100 milhões de pessoas mais pobres.
As pautas centrais do protesto incluem:
- Fim da escala 6×1: Os movimentos denunciam que a imposição de tais jornadas de trabalho fere direitos trabalhistas, precariza as condições de vida, reduz o tempo de descanso e aumenta os casos de adoecimento laboral. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, por exemplo, defende a redução da carga horária semanal sem corte de salário como estratégia para gerar empregos e combater o desemprego estrutural.
- Taxação dos super-ricos e fim dos privilégios fiscais: Manifestantes exigem o fim da isenção de impostos sobre lucros e dividendos, a regulamentação de fundos exclusivos e offshores, e a cobrança de impostos de bancos, grandes empresários e plataformas de apostas. A organização criticam a reforma tributária atual por manter a lógica de cobrar mais de quem ganha menos e proteger os mais ricos. A pauta também inclui a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
- Crítica à expansão dos privilégios parlamentares: Há um repúdio à aprovação da ampliação do número de deputados federais, que aumentará de 513 para 531 cadeiras a partir de 2027.
- Defesa de pautas sociais: Propostas como reforma agrária, aumento do salário mínimo e o fortalecimento do SUS, que estariam paradas no Congresso, também são defendidas, assim como a crítica ao projeto de lei que busca enfraquecer o licenciamento ambiental.
O ato foi articulado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, e contam com a adesão e apoio de sindicatos, centrais sindicais (como a Central Única dos Trabalhadores – CUT), organizações populares, coletivos da juventude, e partidos de esquerda (como o PSOL e PT). Entre as entidades que reforçam a convocação está o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) também tem feito a convocação nas redes sociais.
Motivações
As organizações denunciam uma “ofensiva das elites econômicas e políticas”, destacando diversas ações do Congresso, como a recente derrubada do decreto que elevaria o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a aprovação da ampliação de cadeiras na Câmara, (com impacto anual de R$ 64 milhões no orçamento) e a persistência de uma taxa Selic elevada, que manteria os juros em patamares insustentáveis, travando o crescimento e desestimulando a produção.
Na última sexta-feira (3 de julho), militantes da Frente Povo Sem Medo, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), ocuparam simbolicamente a sede do banco Itaú na Avenida Faria Lima, em 3 de julho, para cobrar a taxação dos super-ricos.