#ACracoRESISTE | Por que nós lutamos pelas vidas da cracolândia?

#ACracoRESISTE | Por que nós lutamos pelas vidas da cracolândia?

Estivemos na Cracolândia durante o Sarau da #ACracoResiste, no dia 13 de maio. De lá pra cá, em duas semanas, a violência policial que já estava grande, tomou as piores proporções possíveis.

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Tempo de leitura: 4 minutos

Por Levi Silva e Mariana Rosa

 
Dizer que #ACracoResiste Não é sobre incentivar o uso de crack.
É questão de se importar com vidas mais do que com a estética de uma cidade.
Estivemos na Cracolândia durante o Sarau da #ACracoResiste, no dia 13 de maio. De lá pra cá, em duas semanas, a violência policial que já estava grande, tomou as piores proporções possíveis.
A ação policial do dia 21 de maio contou com mais de 900 policiais civis e militares, que expulsaram os moradores do local. Após a retirada à força de todos que habitam o quadrilátero da Qua Helvétia, próxima à estação Julio Prestes do trem, o Prefeito João Doria disse que “a cracolândia acabou ali naquele espaço”. Segundo movimentos sociais, era isso que ele queria, o espaço, sem se importar com as vidas que o habitavam. Para ele, estes se tratam de ‘lixo vivo’.
O plano do prefeito para a região é retomar a “Nova Luz”, projeto de 2011 que trará atividades comerciais para a região. O projeto original, produzido na gestão de Gilberto Kassab, os usuários de crack não são sequer citados. Na última semana, além de toda a violência empregada na ação, Doria também defendeu o tratamento compulsório.
O tratamento forçado já é uma prática deslegitimada no mundo (saiba mais), e o fim dos manicômios no Brasil é uma conquista do movimento de luta antimanicomial. Encarcerar, retirar do local onde mora, é uma das formas que a sociedade encontrou para pessoas “que são se encaixam nos moldes produtivos da cidade”, comenta Luiz Carlos, da Craco Resiste.
A #CracoResiste surgiu no começo do ano, pela união de movimentos que já atuavam na região, em resposta às ações violentas que vêm acontecendo desde o início do ano. Em maio, lançaram o dossiê ‘Violência e Agressões na Cracolândia’, que já acusava o uso de violência policial. No dia 21, após a ação de ‘remoção’ da cracolândia, Doria anunciou o fim do programa “De Braços Abertos”, de tratamento e assistência aos usuários da região.
Em resposta aos retrocessos, movimentos sociais ocuparam a Secretaria de Direitos Humanos. A Secretária Patrícia Bezerra se demitiu afirmando ter tentado impedir as violências com a população mais vulnerável de São Paulo.
Assista ao vídeo:
https://www.facebook.com/PeriferiaemMovimento/videos/1444988662228346/
Até hoje, 26 de maio, a Secretaria de Direitos Humanos segue ocupada. Acompanhe mais informações pela página A Craco Resiste.
Usuários estão no centro de São Paulo. Dormindo pelas ruas, nas noites frias do outono na capital, a ameaçados a terem seus pertences retirados pela Prefeitura, prática comum da atual gestão.
Milton Flávio é o novo secretário de Direitos Humanos. Ele, Doria e Filipe Sabará seguem contrários aos pedidos de movimentos sociais, aclamados por parte da população que ainda enxerga os usuários como ‘lixo vivo’, e não como consequências de uma cidade desigual.
Na sexta feira, 26 de maio, às 15h, tem ato na Praça Julio Prestes contra os retrocessos em relação à cracolândia: mais detalhes no link.
 

1 Comentário

  1. […] truculência, apesar de propagandear abertura ao diálogo – seja sobre os graffitis, seja sobre a Cracolândia, seja agora na […]

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